Vale Tudo deixa a desejar e se torna cansativo após tantas novelas.

Crítica ao Remake de "Vale Tudo"

Lançado com a missão de atualizar um dos maiores sucessos da dramaturgia brasileira, o remake de Vale Tudo terminou sem conseguir sustentar o peso do título que carrega. Produzida pela Globo para o horário nobre de 2025, a nova versão da novela perdeu a mão ao tentar modernizar o enredo, transformando um clássico de crítica social e tensão dramática em um produto acusado de apelar para o exagero e o humor involuntário.

Proposta e Adaptação

A proposta de reimaginar a obra criada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères em 1988 partiu da premissa de dialogar com o público atual, em um contexto marcado pelas redes sociais, novos códigos de comportamento e uma estética mais ágil. No entanto, o caminho escolhido pela adaptação acabou distorcendo elementos centrais da narrativa original, especialmente no tom das interpretações e no ritmo das tramas paralelas.

Crítica à Personagem Maria de Fátima

Um dos principais alvos de críticas é a representação da vilã Maria de Fátima, que na nova versão ganhou contornos quase cômicos. A atriz responsável pela personagem adotou uma abordagem caricata, com expressões e gestos que remetem mais ao universo da comédia do que ao drama de ambição e cinismo que marcou a versão original de 1988. A mudança compromete a complexidade emocional da personagem, esvaziando o impacto de suas ações.

Expansão do Núcleo Cômico

Além disso, o núcleo cômico da novela foi ampliado, ocupando um espaço desproporcional na estrutura do folhetim. Situações que antes eram tratadas com sutileza agora se desenvolvem em tom farsesco, o que interfere diretamente na força de cenas emblemáticas. O resultado é um desequilíbrio narrativo que confundiu o público sobre a proposta da nova Vale Tudo: drama realista ou comédia de costumes?

Suavização do Conteúdo Político

Outro ponto de atrito foi a decisão de suavizar o conteúdo político da obra. A crítica à corrupção, aos privilégios e ao cinismo das elites — um dos pilares da história original — perdeu força na nova versão. As discussões sociais foram substituídas por conflitos mais genéricos, que pouco dizem sobre o Brasil contemporâneo, tornando a novela menos relevante no debate público.

Direção e Estética

A condução da direção também foi questionada. Em vez de investir na construção de tensão e na densidade dos diálogos, a produção optou por uma estética vibrante, com trilha sonora pulsante e cortes rápidos, que por vezes diluem o peso das situações dramáticas. O visual moderno, embora eficiente em alguns momentos, não tem sido suficiente para compensar a falta de profundidade emocional de cenas-chave.

Considerações Finais sobre a audiência

O folhetim, que encerrou sua trajetória na noite desta sexta-feira (17), até pode ter conseguido cumprir sua missão em termos financeiros, sendo a novela das 21h com maior faturamento da história da TV Globo. No entanto, não deixará saudades no público; a trama sai de cena com a terceira pior média de audiência da história da faixa horária, escancarando o desgaste das novelas no país, tema já abordado anteriormente pela coluna Fábrica de Mídia.

Fonte: timesbrasil.com.br

Related posts

EUA Investem Bilhões e se Tornam Acionistas de Startup de Terras Raras

Senior registra lucro de R$ 65,6 milhões no trimestre, com receita total de R$ 297 milhões.

Supremo dos EUA não pode cancelar todas as tarifas, afirmam autoridades governamentais.

Utilizamos cookies para melhorar sua experiência de navegação, personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Ao continuar navegando em nosso site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Você pode alterar suas preferências a qualquer momento nas configurações do seu navegador. Leia Mais