De trilhas nas montanhas da Índia a retiros silenciosos em Bali, tive a sorte de viajar sozinha várias vezes na última década. Ao longo dos anos, percebi que combinar passeios organizados com viagens independentes me ajuda a aproveitar ao máximo minhas experiências. Conhecer pessoas é uma das minhas prioridades, assim como sentir segurança durante as minhas viagens. A seguir, apresento algumas dicas para proporcionar tanto segurança quanto conexão.
Cubra suas panturrilhas na Índia
No estado do sul da Índia, Kerala, fiquei hospedada na Soul and Surf, uma pousada localizada na cidade de Varkala que se especializa em aulas de yoga e surf. Enquanto estava nas dependências do resort, em um gramado à beira de um penhasco, relaxei de biquíni entre turistas predominantemente ocidentais. No entanto, no centro da pequena cidade, optei por usar vestidos longos ou calças, garantindo que minhas pernas e ombros estivessem cobertos.
Desfrutei de acordar sozinha e ter a liberdade de escolher exatamente o que queria fazer a cada dia.
Os habitantes locais costumam vestir-se de maneira modesta, e foi importante para mim respeitar essa cultura. Senti também que, ao me cobrir, diminuía as chances de atrair atenções indesejadas. Kerala é conhecida por ser mais tranquila em comparação a outras regiões da Índia, mas ainda assim, optei por me vestir de forma conservadora. Seguir os costumes locais é uma boa forma de integrar-se a qualquer destino.
Participe de um tour — mas faça sua própria programação também
Quando viajo sozinha, busco equilibrar passeios organizados com explorações independentes. Em uma viagem ao Vietnã, participei de um tour pela região do Delta do Mekong, uma rede de rios e ilhas situada na ponta sul do país. Apesar de o tour ser indiscutivelmente voltado para turistas, tive a oportunidade de conversar com outras pessoas e ouvir suas histórias. Nos momentos livres, aproveitei para nadar sozinha na piscina do hotel e comer comidas de rua à minha própria maneira.
A autora em um passeio por uma ilha no Delta do Mekong, Vietnã.
Lucy Handley
Após o tour, desfrutei de momentos sozinha na ilha de Phu Quoc, no Golfo da Tailândia. Acordar sem companhia me proporcionou a chance de decidir exatamente como queria passar o dia. Combinei passeios organizados com a viagem independente também durante minha estadia em Kerala. Depois de alguns dias na praia, participei de uma trilha organizada pelos Ghats Ocidentais, a partir da cidade montanhosa de Munnar, onde caminhamos por plantações de chá, campos de cardamomo e florestas tropicais, evitando os caminhos habituais para não perturbar os elefantes selvagens da região.
A yoga pode te levar a qualquer lugar
Participei de aulas de yoga sozinha em Las Vegas, na ilha espanhola de Mallorca e no estado turístico de Goa, na Índia. Um retiro na Villa De Zoysa, uma propriedade familiar no sul do Sri Lanka, foi o que iniciou minha paixão pela yoga, e essa prática tem me ajudado a encontrar comunidade durante minhas viagens. Para aqueles que não têm afinidade com yoga, aulas de idiomas e dança podem ser boas alternativas.
Enquanto fazia pet sitting em Mallorca, juntei-me a aulas na Bini Balance, um estabelecimento dirigido pela instrutora de yoga Cristina Moragues. Ela me convidou a participar de um retiro na vizinha Serra de Tramuntana, uma cadeia montanhosa que atravessa o centro da ilha. Em Goa, abordei turistas que caminhavam na Praia de Patnem, carregando seus tapetes de yoga. Eles me convidaram para participar da aula e, rapidamente, nos tornamos amigos de férias, aproveitando um passeio de barco para praias vizinhas e uma noite em uma festa silenciosa.
Sente-se no bar ao comer fora
Comer sozinha pode ser uma experiência desconfortável, por isso geralmente busco restaurantes que tenham assentos no bar. Durante uma viagem sozinha a Nova Orleans para ver o show de Beyonce em sua turnê Renaissance de 2023, fiz um brunch no Willa Jean, localizado no centro da cidade. Sentei-me no bar, saboreando torradas de abacate acompanhadas por um coquetel paloma, enquanto conversava com um operador de empresa de jatos privados e um executivo da LVMH, ambos na cidade a trabalho.
Sentar-se no balcão ou bar de um restaurante pode ser uma boa maneira de conhecer outros viajantes durante férias solo.
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No Bearcat, também localizado no centro da cidade, há um menu extenso com clássicos de café da manhã, além de especiais de caranguejo e lagosta do sul, e percebi que sentar-me no bar era uma boa maneira de absorver a atmosfera vibrante do local.
Desconecte-se do celular
Podem me chamar de antiquada, mas eu aprecio um bom guia de viagens impresso. Encontrar recomendações de hotéis ou restaurantes por meio de resenhas online pode ser cansativo, portanto, prefiro confiar em livros como “Lonely Planet” ou “Rough Guide”. Além disso, isso me proporciona uma sensação de segurança, pois estou menos propensa a andar com meu celular em mãos enquanto estou em uma rua desconhecida. Isso também me permite olhar mais para cima e apreciar melhor o ambiente ao meu redor.
Os passeios guiados a pé também são ótimas opções para explorar uma cidade sem estar com os olhos fixos no celular. Participei de um tour a pé pela Cidade de Ho Chi Minh com a GuruWalk, que opera em um formato de pagamento voluntário.
Fique em um hotel com atividades em grupo
Hotéis que oferecem atividades podem facilitar muito uma viagem solo. O Red Mountain Resort, em Utah, disponibiliza pacotes que incluem caminhadas guiadas em grupo, além de aulas de Pilates, fitness e meditação. Enquanto estive nesse hotel, percebi que essas atividades tornavam mais fácil conhecer outros viajantes.
Os hóspedes podem participar de um “safari” de caiaque ou stand-up paddle para uma baía adjacente na Neilson’s Beach Club, na Sardenha.
Fonte: Neilson
Por outro lado, a empresa britânica de férias Neilson inclui atividades como ciclismo, aulas de tênis, stand-up paddle e vela em suas férias, e sua mesa social de jantar pode ser um local acolhedor para viajantes solitários. Viajar fora das férias escolares aumenta as chances de encontrar outros que estão viajando sozinhos, além de ser mais econômico. Determinadas atividades atraem viajantes solo também, como ocorreu comigo em um retiro silencioso em Bali, onde a maioria dos hóspedes viajava sozinha. O silêncio durante alguns dias foi libertador. No entanto, caso o silêncio se torne excessivo, o retiro oferece passeios curtos a uma fonte de água quente, onde a conversa é permitida.
Dicas de segurança para viajar sozinha
Viajar sozinha pode ser uma experiência extremamente libertadora. Apesar disso, sempre tomo algumas precauções de segurança. Antes de viajar, deixo um itinerário detalhado com minha família, incluindo os números de telefone dos guias turísticos e das empresas de táxi que vou utilizar, assim como as informações do meu seguro de viagem.
Se você é cidadão dos EUA, pode registrar suas viagens ao exterior no programa Smart Traveler Enrollment Program do governo, para ser contatado em caso de emergência. Embora não exista um sistema semelhante no Reino Unido, o governo publica uma lista de médicos que falam inglês ao redor do mundo.
Reservo a maioria dos meus traslados, acomodações e passeios com antecedência, embora procure deixar um espaço para ser espontânea. Quando saio, uso uma bolsa transversal e evito guardar objetos de valor nos bolsos. Sempre levo um cartão de crédito reserva e dinheiro extra, que deixo no cofre do hotel. Ao viajar de trem ou de riquixá na Índia, utilizei um cinto de dinheiro por baixo das calças. Locais me aconselharam a não caminhar sozinha à noite em Nova Orleans, e tomei cuidado para reservar e aguardar os táxis dentro de estabelecimentos, em vez de na rua.
Uma bolsa transversal é útil para guardar objetos de valor durante a viagem.
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Quando comentei com amigos que estava viajando sozinha para a Índia, alguns expressaram preocupação com minha segurança. No entanto, percebi que, quando as pessoas se aproximavam de mim, geralmente era para praticar seu inglês. Em Bali, por outro lado, é bem simples se locomover pela ilha utilizando aplicativos de carona como Gojek e Grab.
No que diz respeito à hospedagem, evito quartos no térreo. Além disso, utilizo todas as fechaduras das portas, garantindo que alguém com uma chave não possa entrar enquanto estou dormindo. Além disso, busco conselhos de pessoas locais, bem como de outros turistas, sobre áreas a evitar ou operadores turísticos que recomendam. Por fim, meu melhor conselho: confie na sua intuição. Se uma pessoa, situação ou local parecerem inseguros, fuja ou procure ajuda.