Comemoração do 80º Aniversário do Fim da Segunda Guerra Mundial
Mais de duas dúzias de chefes de Estado e de governo de diversos países estão programados para participar de um desfile militar em Pequim no dia 3 de setembro de 2025, em homenagem ao 80º aniversário do término da Segunda Guerra Mundial.
Declaração de Xi Jinping
O presidente da China, Xi Jinping, declarou em um discurso, na quarta-feira, que o mundo se depara com a escolha entre "paz ou guerra" e "diálogo ou confronto", enquanto o país organiza um dos maiores desfiles militares em comemoração ao 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.
Essa declaração ocorreu em um contexto em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, postou em sua rede social Truth Social pedindo ao líder chinês para reconhecer as contribuições dos EUA na luta pela liberdade da China, ao mesmo tempo em que alegava que Pequim estava conspirando contra Washington. Trump afirmou: "Por favor, envie meus mais calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong Un, enquanto você conspira contra os Estados Unidos da América."
Presença de Líderes Estrangeiros
Dentre os líderes presentes no desfile "Dia da Vitória" em Pequim, na Praça Tiananmen, estão o presidente russo Vladimir Putin e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un.
Durante seu discurso, Xi Jinping também se comprometeu a fortalecer as capacidades militares do país. Embora não tenha mencionado diretamente Taiwan, a ilha autônoma que a China considera parte de seu território, Xi enfatizou a importância das forças armadas chinesas na defesa da soberania e da integridade territorial do país, conforme tradução da CNBC.
Exibição Militar
O desfile militar apresentou mísseis, caminhões militares e outros equipamentos passando pela Praça Tiananmen, bem como soldados marchando em formação e caças sobrevoando a capital, em um demonstrativo da potência militar da China. O evento foi cuidadosamente coreografado e visou mostrar algumas das armas e equipamentos mais recentes e fabricados internamente.
Conforme nota de Jeremy Chan, analista sênior do grupo Eurasia especializado em China e no nordeste asiático, "as delegações estrangeiras presentes irão evidenciar mudanças nas dinâmicas de influência da China, com a ausência marcante de líderes ocidentais." Chan destacou que oito líderes do Sudeste Asiático estarão presentes, refletindo a crescente influência regional da China.
O analista também mencionou que "o presidente da Coreia do Sul recusou o convite da China, enquanto a surpreendente presença de Kim é um sinal de aquecimento das relações entre Pequim e Pyongyang." Chan enfatizou que "a China provavelmente busca manter Kim próximo, diante da crescente cooperação entre a Coreia do Norte e a Rússia, bem como do recente esforço diplomático de Seul e Washington em relação a Pyongyang."
Relações entre China, Rússia e Coreia do Norte
A Coreia do Norte, segundo relatos, enviou tropas à Rússia para apoiar o país em sua guerra contra a Ucrânia, enquanto Pequim se recusa a caracterizar o ataque de Moscou como uma invasão e procura assumir um papel de pacificador. Os Estados Unidos acusaram a China de apoiar as ações militares da Rússia, o que Pequim nega.
Muitos dos presentes no desfile militar em Pequim, incluindo Putin, também estiveram em Tianjin no fim de semana anterior para a maior cúpula já realizada da Organização de Cooperação de Xangai. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, não permaneceu para o desfile; sua foto e vídeo ao lado de Putin e Xi em Tianjin, compartilhando um momento de descontração, se tornaram virais.
Encontros entre Xi e Putin
Durante um desfile militar semelhante em Moscou, em maio, Xi Jinping ficou ao lado de Putin. Os dois líderes se encontraram na terça-feira em Pequim, onde os países assinaram um contrato legalmente vinculante para a construção do gasoduto Power of Siberia 2, projeto que vem enfrentando atrasos.
A última vez que a China realizou um desfile militar foi em 2019, para comemorar o 70º aniversário do regime do Partido Comunista Chinês. Na ocasião, Xi afirmou, a partir do famoso portão da cidade que dá vista para a Praça Tiananmen, que "nenhuma força pode deter o povo chinês e a nação chinesa em seu avanço."
O líder chinês, que assumiu a presidência em 2013, aboliu os limites de mandato em 2018.
Em 2015, Putin participou do desfile militar da China em comemoração ao 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, conforme relatos da mídia estatal chinesa. Naquele ano, a então presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, esteve presente, assim como representantes de governo dos Estados Unidos e da França; outros participantes notáveis incluíram o ex-chanceler alemão Gerhard Schroeder e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
A China designa o evento de quarta-feira como "o 80º aniversário da vitória do país contra a agressão japonesa e da vitória do mundo contra o fascismo."