Geração Z e sua relação com as finanças
Desafios financeiros e habilidades de poupança
A Geração Z, formada por indivíduos nascidos entre 1997 e 2012, é frequentemente retratada como uma geração que enfrenta desafios financeiros significativos, incluindo a dívida estudantil, altos custos de vida e incertezas econômicas. No entanto, isso não tem impedido que esse grupo se destaque na arte de economizar.
Integração com a tecnologia
Os membros da Geração Z foram a primeira geração a crescer completamente imersos em tecnologia e mídia. O surgimento de bancos digitais, ferramentas financeiras avançadas e uma vasta gama de conteúdos relacionados à administração financeira contribuíram para moldar a forma como eles lidam com o dinheiro.
Transparência financeira
Essa geração também valoriza a transparência e a autenticidade, incluindo aspectos relacionados às finanças pessoais. Enquanto discutir salários e saldos bancários pode ter sido considerado um tabu nas gerações anteriores, a Geração Z adota uma mentalidade moderna e compartilha abertamente detalhes sobre sua situação financeira com amigos, familiares e uma audiência ampla na internet.
O aprendizado com um cenário desafiador
Brennan Thiergartner, um planejador financeiro certificado da Fidato Wealth, comenta que a Geração Z está se aprimorando nas economias, especialmente considerando o ambiente no qual estão crescendo. “Eles viveram uma pandemia, enfrentaram a inflação e constantemente leem notícias sobre dívidas estudantis e custos de habitação, então naturalmente são mais cautelosos com o dinheiro”, afirma Thiergartner.
Ele também acrescenta que a Geração Z valoriza a flexibilidade e a independência, o que explica por que muitos indivíduos desse grupo estão em busca de liberdade financeira e têm explorado formas intuitivas de alcançar seus objetivos.
Estratégias de orçamento
Uma das estratégias que eles utilizam é a técnica de orçamentação em envelopes, um sistema baseado em dinheiro que consiste em dividir a renda em diferentes envelopes, cada um rotulado para uma categoria específica de gastos, como supermercado, aluguel, gasolina e entretenimento. O conceito é simples: uma vez que o dinheiro de um envelope específico se esgota, não é possível gastar mais naquela categoria até o próximo mês.
Embora a orçamentação em envelopes seja uma prática antiga, ela ganhou nova vida com a Geração Z. Frequentemente chamada de “cash stuffing”, essa tendência se popularizou nas redes sociais, especialmente no TikTok e Instagram, onde usuários gravam vídeos reabrindo seus organizadores de orçamento estéticos e compartilhando seu progresso com o público online. Para a Geração Z, essa técnica é mais que uma prática financeira; é uma tendência de estilo de vida que torna a disciplina financeira mais gratificante. E não se limita apenas aos jovens; qualquer pessoa que tenha dificuldade em manter o orçamento pode se beneficiar ao tentar o método de orçamentação em envelopes.
Adoção de automação e inteligência artificial
A consistência é fundamental quando se trata de aumentar as economias. Atualmente, há uma gama de ferramentas que podem auxiliar nesse processo. As gerações mais jovens, em particular, têm abraçado a automação e a inteligência artificial em muitos aspectos de suas vidas, incluindo a gestão financeira. “Uma coisa que se destaca é como a Geração Z integra a tecnologia em seus hábitos financeiros, pois são a primeira geração de nativos digitais”, comenta Thiergartner. “Eles usam aplicativos para rastrear gastos, automatizar economias e investir o troco restante.”
Desafios gamificados de poupança e gastos
Gamificar as economias pode ser um método eficaz para motivar indivíduos a continuar firmes em suas metas, mesmo quando precisam fazer sacrifícios ou tomar decisões difíceis sobre como gastar seu dinheiro. Os desafios de poupança — que vão do "No Buy 2025" ao desafio de 52 semanas — estão se tornando cada vez mais populares entre a Geração Z. Essas iniciativas envolvem o comprometimento com a eliminação de gastos discricionários por um determinado período a fim de economizar mais para metas financeiras importantes.
Se você está se sentindo desmotivado em relação à poupança, pode se inspirar na Geração Z e transformar isso em um desafio pessoal.
Orçamento aberto e comunicação direta sobre finanças
A Geração Z é conhecida por sua vocação para a comunicação aberta e o estabelecimento de limites claros. Surge assim o conceito de orçamento aberto. Essa estratégia financeira gira em torno de definir limites com amigos e familiares e desenvolver a confiança para recusar convites, especialmente para atividades sociais que não alinham com suas metas financeiras. Por exemplo, ao invés de utilizar uma desculpa como “estou ocupado esta noite” para evitar um jantar caro, alguém que pratica o orçamento aberto pode dizer: “Estou pulando isso porque estou economizando para meu fundo de emergência.”
A ideia é normalizar a conversa sobre dinheiro e reduzir o estigma em torno da priorização de metas financeiras, que são valores centrais para a Geração Z.
Compras de segunda mão
Outra maneira pela qual a Geração Z aumenta suas economias é por meio da valorização da cultura do brechó, até criando grupos nas redes sociais para compartilhar suas descobertas em lojas de segunda mão. Em uma pesquisa de 2024 da Harris, constatou-se que 63% dos membros da Geração Z compraram roupas ou acessórios em segunda mão, em comparação a 47% de todos os adultos nos EUA.
Comprar roupas, utensílios domésticos e outros itens em brechós pode ajudar a esticar o orçamento, uma vez que os itens de segunda mão costumam ter preços significativamente inferiores dos praticados no varejo. Além disso, essa prática oferece outros benefícios, como a redução do desperdício em aterros sanitários e a facilidade de encontrar estilos vintage e descontinuados.
A importância de buscar fontes adicionais de renda
Reduzir os gastos é uma maneira de economizar mais dinheiro, mas essa abordagem tem seus limites. Por outro lado, o seu potencial de ganhos é tecnicamente ilimitado. Portanto, começar um trabalho paralelo pode ser uma forma inteligente de aumentar sua renda e direcionar mais recursos para as metas financeiras.
Mais de 4 em cada 5 (81,9%) da Geração Z relataram ter alguma forma de trabalho paralelo, de acordo com uma pesquisa da Self, uma empresa que fornece ferramentas de construção de crédito. O estudo também indicou que as pessoas com idades entre 18 e 24 anos estavam ganhando, em média, US$ 533,43 por mês com seus empregos paralelos, o que corresponde a pouco mais de US$ 6.400 por ano.
Thiergartner observa que “eles costumam direcionar dinheiro de várias fontes de renda para as economias — algo que as gerações mais velhas não tinham acesso da mesma maneira.” Com a facilidade de acesso à internet, esse grupo é capaz de descobrir diversas formas de ganhar dinheiro e, mais importante, administrar seus recursos financeiros de maneira eficaz.
