Relatório de inflação persistente não deve impedir o Fed de cortar as taxas na próxima semana.

Relatório de inflação persistente não deve impedir o Fed de cortar as taxas na próxima semana.

by Patrícia Moreira
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Relatório de Inflação e Expectativas do Federal Reserve

Um relatório recente sobre a inflação, que apresentou dados mais relevantes, não deve desviar o Federal Reserve de sua trajetória prevista de cortes na taxa de juros na próxima semana. Contudo, é pouco provável que isso leve o banco central a realizar uma redução significativa de meio ponto percentual.

Índice de Preços ao Consumidor

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) revelou que os preços "centrais", excluindo os preços voláteis de alimentos e energia, aumentaram 3,1% no mês de agosto, em linha com as expectativas e mantendo o mesmo nível observado em julho. A variação mensal foi ligeiramente maior do que o esperado, alcançando 0,4%, comparada às expectativas, que se situavam em 0,3%.

Em termos gerais, a inflação subiu 2,9% em agosto, em comparação a um aumento de 2,7% em julho.

Comentários de Economistas

Stephen Brown, economista da Capital Economics, comentou que, "apesar de um ganho ligeiramente maior no CPI central em agosto, devido a aumentos amplos nos preços de bens, serviços e habitação, não há motivos significativos para preocupação por parte do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC)". Ele acrescentou que isso fundamenta mais a proposta de um corte de 25 pontos base na próxima reunião, ao invés de suportar um movimento maior de 50 pontos.

Dados do Mercado de Trabalho

A nova leitura dos preços ao consumidor acontece após um relatório do Escritório de Estatísticas do Trabalho, divulgado na quarta-feira, que mostrou que os preços no atacado caíram inesperadamente em agosto. Isso indica que as empresas estão absorvendo tarifas em vez de transferi-las para os consumidores, afetando suas margens.

Simultaneamente, os dados sobre o mercado de trabalho têm mostrado sinais de desaceleração. Na quinta-feira, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego, que são um indicador em tempo real do mercado de trabalho, subiram para 263.000, atingindo o maior nível em quatro anos. O último relatório de empregos do governo mostrou que a economia criou 22.000 empregos em agosto, número inferior aos 75.000 esperados pelos economistas. A taxa de desemprego aumentou para 4,3% em comparação a 4,2%.

Revisão dos Dados de Emprego

Os dados sobre o crescimento do emprego em junho foram revisados para um terreno negativo, com uma perda de 13.000 empregos. Além disso, o crescimento registrado em julho foi abaixo da média de anos anteriores, o que sinaliza três meses consecutivos de desaceleração no crescimento do emprego.

Os dados de inflação apresentados na quinta-feira representam o último ponto significativo antes da reunião do Federal Reserve, programada para o próximo terça e quarta-feira. O mercado está precificando uma quase certeza de um corte de 25 pontos base.

Perspectivas da Taxa de Juros

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, abriu a possibilidade de um corte de taxas no final de agosto em um discurso realizado em Jackson Hole, Wyoming, ao mencionar que o equilíbrio de riscos parece estar mudando, o que "pode justificar um ajuste em nossa política".

Comentários de Especialistas

Esther George, ex-presidente do Federal Reserve de Kansas City, afirmou que os dados mais recentes do mercado de trabalho corroboram a percepção de que o mercado de trabalho está se weakenando. Ela declarou: "Está mais fraco do que imaginávamos nos últimos meses". George também mencionou não ter encontrado resistências quanto à expectativa de que um corte de 25 pontos base aconteça, expressando sua expectativa de que isso realmente ocorra.

No entanto, ela destacou que o relatório de inflação sobre os preços ao consumidor não atenuou suas preocupações de que a inflação está persistente e continua bem acima da meta estipulada pelo Fed. Isso a leva a acreditar que a inflação estagnou em torno de 3%.

"Eu cheguei a pensar que haveria um aumento na inflação devido às tarifas, mas não estamos vendo isso, e não sei se veremos", disse ela. "O que mais me preocupa é o impulso subjacente que a inflação está tendo, e estamos continuando a projetá-lo", completou.

Pressões para Cortes de Taxas

Esses dados ocorrem em um contexto em que o banco central tem enfrentado uma pressão extrema do presidente Donald Trump para que sejam feitos cortes nas taxas de juros. Além disso, seu indicado para o Fed, Stephen Miran, que substituirá a ex-governadora Adriana Kugler, deve ser confirmado pelo Senado na segunda-feira, o que trará uma nova voz favorável à redução das taxas no Federal Reserve.

Ao mesmo tempo, um juiz de um tribunal distrital dos EUA decidiu, na terça-feira, que o presidente Trump não tinha justificativa para demitir a governadora do Fed, Lisa Cook, em razão de alegações relacionadas a hipotecas, permitindo que Cook permanecesse no cargo. A administração Trump informou, em documento apresentado ao tribunal na quarta-feira, que está recorrendo da decisão. O presidente tem buscado a nomeação de mais de seus indicados ao conselho do banco central antes da reunião de política monetária de setembro, à medida que insiste em cortes nas taxas.

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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