Confirmação de Stephen Miran no Federal Reserve
Stephen Miran, que atuou como um dos principais conselheiros econômicos do ex-presidente Donald Trump, foi oficialmente confirmado pelo Senado para ocupar uma posição no Conselho de Governadores do Federal Reserve. A confirmação ocorreu na segunda-feira, dia 15, e se deu apenas algumas horas antes do início de uma importante reunião de política monetária que durará dois dias.
Votação no Senado
A confirmação de Miran foi aprovada com um voto apertado de 48 a 47. A única senadora republicana que votou contra sua confirmação foi Lisa Murkowski, do Alasca. Ao assumir o cargo como governador do Fed, Miran se tornará imediatamente um dos doze membros responsáveis pela votação em decisões relacionadas às taxas de juros. Ele foi indicado para substituir a ex-governadora Adriana Kugler.
Licença Não Remunerada
Miran declarou que não renunciará ao seu importante cargo na Casa Branca enquanto exerça sua função no conselho do Fed, mas optará por uma licença não remunerada. A decisão de manter sua posição no governo gerou discussões sobre a independência do Fed.
Independência do Federal Reserve
O Federal Reserve, de acordo com a legislação e a tradição, historicamente manteve uma postura independente e apartidária. Entretanto, pela primeira vez nos 111 anos de sua história, um membro do Conselho de Governadores do Fed é, ao mesmo tempo, um funcionário técnico do presidente em exercício. Durante a audiência de confirmação no Senado, Miran afirmou que foi informado por um advogado que essa situação é legal e que pretende desempenhar suas funções como governador do Fed de maneira independente.
Contexto Econômico Atual
A confirmação de Miran ocorre em um momento crítico para o Federal Reserve. O mercado de trabalho nos Estados Unidos começa a mostrar sinais de fraqueza à medida que as tarifas impostas durante o governo Trump começam a elevar alguns preços. Essa situação gera uma ameaça dupla para o Fed, que deve se preocupar tanto com a estabilidade dos preços quanto com o pleno emprego.
Simultaneamente, a administração Trump exerceu uma pressão sem precedentes sobre o Fed, manifestando críticas por conta da decisão de não reduzir as taxas de juros. Essa campanha incluiu ataques pessoais ao presidente do Fed, Jerome Powell, e uma tentativa de destituição da governadora Lisa Cook, um ato inédito na história recente da instituição. Contudo, uma decisão de um tribunal de apelações rejeitou, por enquanto, a tentativa de Trump de demitir Cook.
Tentativa de Influenciar o Federal Reserve
A confirmação de Stephen Miran representa um passo significativo nos esforços contínuos do ex-presidente Trump para submeter o Federal Reserve — que historicamente manteve sua independência — à sua vontade. Durante sua audiência de confirmação, Miran expressou sua crença de que a independência do Fed é "essencial para o bom funcionamento da economia e dos mercados financeiros". Ele também reforçou que respeitará as regras de ética e a legislação federal enquanto atuar como governador.
Ceticismo Democrata
Democratas mantêm uma postura cética em relação à transição de Miran do cargo de presidente do Conselho de Consultores Econômicos para governador do Fed. Durante a audiência no Comitê Bancário do Senado, eles questionaram a capacidade de Miran de manter uma distância de possíveis influências do presidente, levantando preocupações sobre sua decisão de solicitar uma licença enquanto exercerá suas funções no Fed. Importante destacar que não houve oposição republicana à sua indicação durante a sessão de perguntas.
Críticas à Nomeação
Alguns democratas consideraram a nomeação de Miran irônica, citando um artigo que ele coescreveu no ano anterior, onde criticava a rotatividade de líderes entre a Casa Branca e o Federal Reserve. Em resposta a essas observações, Miran esclareceu que seu artigo visava apresentar propostas para reformar a instituição e enfatizou a importância de garantir "supervisão democrática".
Durante a audiência, Miran declarou: “Tenho uma mentalidade muito independente, como demonstrado pela minha disposição de me afastar do consenso e ter opiniões fora do consenso. Acredito que continuarei independente em meu processo de pensamento, se confirmado.”
