Ibovespa avança com expectativa pelas decisões da Super Quarta
No dia anterior à denominada Super Quarta, o Índice Bovespa (IBOV) estabeleceu, pela terceira vez em um período de três semanas, uma nova máxima histórica intradia, em meio às expectativas relacionadas às decisões sobre taxas de juros dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos.
No ponto mais alto alcançado nesta terça-feira, 16 de dezembro, o principal índice da bolsa brasileira registrou 144.584,10 pontos. Por volta das 11h40, no horário de Brasília, o crescimento desacelerou, apresentando um aumento de 0,20%, atingindo 143.977,62 pontos.
Apetite por risco e perspectivas de juros nos EUA
O apetite por risco parece estar presente, acompanhado pela expectativa de que o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos reduzirá as taxas de juros em 0,25 pontos percentuais na quarta-feira, com o intuito de apoiar o mercado de trabalho. O Fed interrompeu o ciclo de cortes em janeiro, em meio à incertezas sobre o impacto inflacionário das tarifas de importação dos EUA sobre produtos de outros países.
Dados sobre a taxa de desemprego no Brasil
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desemprego recuou mais do que o esperado nos três meses que se concluíram em julho, chegando a 5,6%. Este número representa novamente o menor nível desde o começo da série histórica, que começou em 2012.
André Valério, economista sênior do Inter, comentou que o mercado de trabalho continua robusto e que a baixa taxa de desocupação já sinaliza sinais de aceleração no rendimento real, o que deve ser monitorado com atenção nos próximos meses. Claudia Moreno, economista do C6 Bank, adicionou que o aumento do nível de ocupação contribui para estimular a atividade econômica, embora possa complicar o controle da inflação, especialmente no setor de serviços.
A economista prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa de juros em 15% até o final de 2025, começando a vislumbrar espaço para uma flexibilização a partir de março, com a Selic terminando 2026 em 13%.
Foco nas taxas de juros
De acordo com o JP Morgan, mesmo após o Banco Central (BC) observar progressos significativos em indicadores rumo à meta, esses avanços ainda não são suficientes para justificar uma alteração na postura em relação à política monetária. Desde que a Selic foi estabilizada em 15%, a atividade econômica apresentou desaceleração, com a confiança empresarial e o crescimento do crédito apresentando moderação.
Além disso, a inflação recuou em comparação ao pico sequencial registrado no início do ano, enquanto as expectativas começaram a se acomodar e o câmbio se valorizou. No entanto, os economistas Cassiana Fernandez, Mirella Sampaio e Vinicius Moreira afirmam que esses progressos ainda não são suficientes para iniciar um ciclo de flexibilização monetária. Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú, acrescenta que o BC deve aguardar um tempo considerável antes de sinalizar qualquer orientação futura sobre o ritmo e o momento da flexibilização.
Segundo Mesquita, a decisão de manter os juros em estabilidade reflete uma combinação de cautela diante de um ambiente externo ainda indeterminado e a percepção de que os efeitos defasados da política monetária continuam a se manifestar.
Desafios potenciais e variáveis econômicas
Apesar de alguns avanços, como a recente valorização do real em um contexto de um dólar mais fraco e a expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos, há outros fatores que continuam a influenciar. Entre estes, destaca-se a deterioração nas contas externas e a inflação que permanece acima da meta, mesmo quando ajustada pela sazonalidade.
Movimentações do Ibovespa
No início do pregão, o Ibovespa quase registrou altas generalizadas, com apenas três ações, dentre 84, apresentando recuo. Por volta das 11h30, com o índice apresentando um desaquecimento em sua alta, a ação da Hapvida (HAPV3) recuava 2%, liderando as perdas do dia. Em seguida, Equatorial (EQTL3) caía 1,53% e Sabesp (SBSP3) tinha uma baixa de 0,92%, após a empresa mostrar que acelerou o cumprimento de metas de universalização de serviços no mês de agosto.
Por outro lado, na ponta positiva da bolsa, as ações de Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) se destacavam com aumentos de 5% e 4%, respectivamente. As ações cíclicas também se destacaram, reagindo à tendência positiva de ativos que são sensíveis às taxas de juros, com um novo alívio observado nas taxas dos contratos.
*Com informações da Reuters