Visita do Presidente dos EUA ao Reino Unido
Viscount Hood, Lord-in-Waiting, cumprimenta o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a primeira-dama Melania Trump ao desembarcarem do Air Force One, após chegarem ao Aeroporto de London Stansted, no Reino Unido, na terça-feira, 16 de setembro de 2025.
A segunda visita oficial do presidente Donald Trump ao Reino Unido, acompanhada de acordos comerciais já anunciados antes da viagem, representa não apenas um triunfo para o governo britânico, que enfrenta dificuldades, mas também um impulso necessário à confiança do país. Empresas como BlackRock, Alphabet e Blackstone estão entre aquelas que planejam formalizar acordos com o Reino Unido, iniciando investimentos que somam bilhões de dólares em ativos britânicos. Diversos contratos na área de energia também foram divulgados, com o governo britânico anunciando uma "era de ouro" em parcerias energéticas, incluindo a energia nuclear.
Esses investimentos não apenas visam a criação de empregos e o crescimento econômico, mas também promoverão uma imagem positiva do Reino Unido no cenário internacional. Isso é especialmente importante, pois, neste momento, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e seus ministros vêm enfrentando críticas por prejudicar a confiança dos negócios e os investimentos devido a recentes aumentos de impostos.
O Reino Unido nutre altas expectativas de obter ainda mais dessa visita, enquanto prepara uma recepção calorosa para o presidente e a primeira-dama Melania Trump. A CNBC destaca três questões cruciais que Starmer busca abordar durante a viagem de Trump.
Acordo Comercial ‘Incompleto’
O Reino Unido valoriza muito sua "relação especial" com os Estados Unidos e expressou grande satisfação ao se tornar o primeiro país a assinar um acordo comercial, ou "acordo de prosperidade econômica", com a Casa Branca em maio, especialmente em um momento em que seus aliados globais enfrentam dificuldades em suas próprias negociações comerciais com Trump.
A habilidade do governo britânico em conquistar a simpatia do presidente foi evidente no imposto de importação inicial de 10% concedido, além de um imposto de 25% sobre as exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos, enquanto o restante do mundo suporta uma taxa de 50%. À medida que Trump e Starmer se reúnem para discutir o assunto em Chequers, residência campestre do primeiro-ministro, é certo que a conversa incluirá a concretização das "compromissos" associados ao acordo comercial.
Durante uma conversa com jornalistas à bordo do Air Force One na terça-feira, Trump afirmou que está "disposto a ajudar" o Reino Unido a aprimorar o acordo comercial entre os países. Ele comentou: "Eles querem ver se podem refinar um pouco o acordo comercial". Trump enfatizou que o acordo já existente é "excelente" e se mostrou disponível para discutir possibilidades de melhorias.
Anthony Gardner, ex-embaixador dos Estados Unidos na União Europeia sob o governo de Barack Obama, afirmou à CNBC que a visita oficial representa uma oportunidade para finalizar os concordos iniciais. "A Grã-Bretanha é um ótimo lugar para se investir, muitas novidades sobre investimentos devem ser anunciadas, não apenas por instituições financeiras, mas de outras maneiras, no Reino Unido", disse Gardner durante o programa "Europe Early Edition". Ele também mencionou a importância de avançar no recente acordo comercial EUA-Reino Unido, que permanece incompleto e carece de partes importantes a serem definidas.
Isenção de Tarifas sobre Aço e Alumínio
Um dos principais pontos de impasse no acordo comercial envolve as tarifas sobre aço e alumínio. O Reino Unido está ansioso para verificar se as taxas de 25% prometidas poderão ser reduzidas a zero, de acordo com o rascunho original do acordo comercial. Essa questão é particularmente relevante para o governo do Partido Trabalhista, que busca preservar empregos em uma indústria de aço no Reino Unido que vem enfrentando o fechamento de várias fábricas nos últimos anos ou que estão sob ameaça.
Os EUA representaram 7% das exportações totais de aço do Reino Unido, uma relação comercial avaliada em £370 milhões (aproximadamente $505 milhões) em 2024, segundo a UK Steel. Os líderes da indústria britânica afirmam que a maioria dos produtos de aço exportados para os Estados Unidos possui características especializadas e de alto valor, não afetando o mercado interno americano.
No entanto, as esperanças do Reino Unido podem ser frustradas, pois a BBC reportou que um acordo proposto para eliminar tarifas sobre exportações de aço britânico parece ter sido suspenso indefinidamente.
Impulso à Confiança
O governo britânico certamente buscará um impulso de confiança durante a visita de Trump, com os acordos comerciais sendo um elemento crucial para reverter a moral em queda tanto entre a liderança trabalhista quanto na comunidade empresarial. O governo enfrenta desafios crescentes no cenário interno, especialmente com a liderança de Starmer sob pressão. Nas últimas semanas, a vice-primeira-ministra e aliada próxima Angela Rayner renunciou após um escândalo envolvendo impostos sobre imóveis, o que resultou em uma significativa reforma no gabinete.
Além disso, Starmer demitiu o embaixador do Reino Unido nos EUA, Peter Mandelson, devido a seus vínculos com o financiador desonrado Jeffrey Epstein, o que levantou questionamentos sobre o julgamento e a integridade do primeiro-ministro em relação à nomeação inicial de Mandelson. Starmer explicou que não tinha conhecimento da profundidade da amizade de Mandelson com Epstein no momento em que foi designado para o cargo.
Esse momento coincide com uma oportunidade favorável tanto para os líderes dos dois países quanto para suas nações. Lindsay Newman, especialista em risco geopolítico e colunista da GZERO, comentou: "Esperamos por esse clima de amizade e projeção de unidade."
Newman acrescentou que existem muitas negociações em andamento e que negócios devem ser concretizados, enfatizando que o objetivo principal é mudar a narrativa em relação a esses países e afirmar a continuidade da parceria transatlântica, destacando que a "relação especial" ainda é ativa e vibrante.
O secretário de Comércio dos EUA, Scott Bessent, expressou otimismo antes da visita, contando à CNBC que o presidente estava ansioso para ser o convidado do Rei Charles III em Windsor na quarta-feira. "Ele é o único líder a ter recebido duas visitas formais. Será um dia fantástico amanhã … e os próximos dias serão incríveis", concluiu Bessent.