Jatos russos invadem o espaço aéreo da Estônia em mais um teste para a OTAN

Jatos russos invadem o espaço aéreo da Estônia em mais um teste para a OTAN

by Patrícia Moreira
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Incursão de Jatos Russos em Espaço Aéreo da Estônia

Três jatos militares russos violaram o espaço aéreo da Estônia, um país membro da NATO, por um período de 12 minutos na sexta-feira, em uma "incursão sem precedentes e audaciosa", conforme declarou o governo estoniano. Este episódio se insere em uma sequência de ações militares recentes realizadas pela Rússia, que têm gerado apreensão entre os aliados da NATO.

Reação do Ministério da Defesa da Rússia

O Ministério da Defesa da Rússia negou que seus jatos tenham invadido o espaço aéreo estoniano, alegando que as aeronaves sobrevoaram águas neutras. Com as tensões elevadas devido à guerra na Ucrânia, essa incursão ocorreu apenas uma semana após mais de 20 drones russos entrarem no espaço aéreo polonês na noite de 9 a 10 de setembro. A entrada dos drones levou jatos da NATO a derrubar algumas dessas aeronaves, enquanto autoridades ocidentais afirmaram que a Rússia estava testando a prontidão e a resiliência da aliança.

Adicionalmente, essa ocorrência se deu três dias após a Rússia e a Bielorrússia encerrarem os exercícios militares conjuntos "Zapad-2025", que incluíram a simulação do lançamento de armas nucleares russas.

Detalhes da Incursão

O governo de Tallinn informou que os três jatos MiG-31 entraram no espaço aéreo estoniano sem autorização e permaneceram por 12 minutos antes de serem forçados a se retirar. Durante esse tempo, as aeronaves de alta velocidade poderiam ter percorrido grandes áreas do país. O Ministro das Relações Exteriores da Estônia, Margus Tsahkna, afirmou que "a Rússia já violou o espaço aéreo estoniano quatro vezes este ano, o que é inaceitável por si só, mas a violação de hoje, na qual três jatos de combate entraram em nosso espaço aéreo, é audacemente sem precedentes".

Posicionamento da Defesa Russa

Jatos russos costumam sobrevoar o Mar Báltico entre a Rússia continental e seu exclave, Kaliningrado. Em uma declaração divulgada na manhã de sábado, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que seus jatos voaram sobre águas neutras do Mar Báltico enquanto se deslocavam de noroeste da Rússia para Kaliningrado. O ministério assegurou que "o voo foi realizado em estrita conformidade com as regras internacionais que regem o espaço aéreo, sem violar as fronteiras de outros estados, conforme confirmado por verificações independentes", mencionando ainda que os jatos não se desviaram da rota acordada e não invadiram o espaço aéreo estoniano.

Separadamente, a Polônia informou que dois jatos russos violaram a zona de segurança da plataforma de perfuração Petrobaltic, localiza na região do Mar Báltico.

Reação dos Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na tarde de sexta-feira que ainda não havia sido informado sobre o incidente, mas que esperava receber informações em breve. "Eu não gosto disso. Não gosto quando isso acontece", disse Trump a jornalistas, ao ser questionado sobre a incursão dos jatos russos e se via isso como uma ameaça à NATO. "Isso pode significar grandes problemas. Eu informarei mais tarde".

A administração de Trump está sendo monitorada de perto em relação à sua resposta ao incidente. Washington pouco se manifestou sobre a incursão de drones na Polônia e não participou diretamente da ação de defesa, fato que gerou ansiedade entre os membros da NATO, que começaram a questionar o comprometimento de Trump com a defesa dos aliados em caso de um ataque russo.

Combate às Ações Russas

A NATO comentou que a Rússia agiu de maneira irresponsável. "Hoje mais cedo, jatos russos violaram o espaço aéreo estoniano. A NATO respondeu imediatamente e interceptou as aeronaves russas. Este é mais um exemplo do comportamento irresponsável da Rússia e da capacidade da NATO de responder", declarou um porta-voz da aliança.

Resposta Europeia ao Incidente

A inciativa dos jatos russos encontrou rápida reação na Europa. A chefe da política externa da União Europeia, Kaja Kallas, uma ex-primeira-ministra da Estônia, comentou que "isso não foi um acidente". A Estônia convocou o principal diplomata russo no país para registrar uma protesto formal.

O primeiro-ministro estoniano, Kristen Michal, anunciou que o país solicitou à NATO consultas sob o Artigo 4 do tratado da aliança, afirmando que os jatos russos entraram aproximadamente 5 milhas náuticas (cerca de 9 km) no espaço aéreo da NATO antes de serem repelidos por F-35 italianos, que estão atualmente estacionados em uma base na Estônia.

A NATO é responsável pela supervisão do espaço aéreo da Estônia e de outras nações bálticas por meio da missão "Baltic Sentry". Tsahkna sugeriu que a Estônia buscaria dos aliados um reforço em defesa aérea: "Foi uma provocação muito clara. Isso foi definitivamente intencional. É por isso que estamos solicitando as consultas políticas do Artigo 4".

O Artigo 4 estabelece que os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte devem se consultar sempre que, na opinião de qualquer um deles, o território, a independência política ou a segurança de algum deles estiver ameaçada.

A Ucrânia classificou a incursão como uma nova medida inaceitável de desestabilização por parte da Rússia e afirmou estar ao lado da Estônia. "É necessário agir de forma forte, tanto em conjunto quanto por parte de países individuais", comentou o presidente Volodymyr Zelenskiy no aplicativo de mensagens Telegram.

A Ministra da Defesa da Lituânia, Dovile Sakaliene, destacou que a NATO deveria rapidamente mover capacidades de defesa aérea para os estados na linha de frente. "Estamos sendo testados, nossos cidadãos estão sendo ameaçados quase todos os dias agora. Isso significa que precisamos ter capacidades provenientes de nossos aliados (posicionadas) em nossas fronteiras, pois essa é a fronteira da NATO", afirmou a ministra.

Detalhes da Violação do Espaço Aéreo

A Estônia informou que a violação do espaço aéreo ocorreu na manhã de sexta-feira, na área da Ilha Vaindloo, que está localizada cerca de 100 quilômetros (62 milhas) da capital, Tallinn. As aeronaves não apresentavam planos de voo, seus transponders estavam desligados e não estavam em comunicação com o controle de tráfego aéreo, conforme detalhou a Estônia.

Embora as incursões de aeronaves russas sobre a Ilha Vaindloo sejam relativamente comuns, as mesmas geralmente não duram tanto quanto o incidente de sexta-feira. Um oficial dos EUA que falou sob condição de anonimato comentou: "É difícil ver como isso não foi intencional".

Jakub M. Godzimirski, professor de pesquisa em política de segurança da Rússia no Instituto Norueguês de Assuntos Internacionais, comentou que o incidente pode ser um teste, mas também pode ser simplesmente uma coincidência. "Ainda assim, isso acontece em um contexto dado, considerando o que aconteceu com a incursão de drones na Polônia há alguns dias", acrescentou Godzimirski.

Tallinn, um forte apoiador da Ucrânia, afirmou em maio que Moscou havia enviado brevemente um jato de combate para o espaço aéreo da NATO sobre o Mar Báltico durante uma tentativa de interceptar um petroleiro com destino à Rússia, que se supunha fazer parte de uma "frota sombra" que desafiava as sanções ocidentais impostas a Moscou.

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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