Impacto do Shutdown nos EUA
Renato Grandmont, diretor de investimentos do Morgan Stanley, destacou, em uma entrevista exclusiva ao CNN Money, que o efeito do shutdown do governo dos Estados Unidos sobre o mercado financeiro, até o presente momento, tem sido nulo.
Grandmont observou que as taxas de juros de longo prazo estão em queda, enquanto os índices das bolsas norte-americanas apresentam crescimento. Em uma atualização recente, na quinta-feira (2), os três principais índices dos EUA conseguiram renovar recordes históricos.
Perspectivas Otimistas
Grandmont enfatiza que o Morgan Stanley possui "uma perspectiva, hoje, bastante otimista e positiva para os ativos financeiros" dos Estados Unidos. Ele acredita que o impacto do shutdown é mais de natureza política do que econômica, levantando a questão: “quanto tempo permanecerá o governo fechado e quais soluções serão implementadas para a reabertura?”.
Em suas observações, Grandmont citou que o presidente Trump está utilizando a situação como uma oportunidade para demitir funcionários públicos. Ele aponta que, neste contexto, o governo está buscando uma maneira de reduzir gastos e que a decisão de apoiar o shutdown pode se reverter contra os democratas, caso ocorram demissões.
Mudanças Estruturais e Potenciais de Crescimento
O especialista também comentou sobre as "mudanças estruturais importantes" que o país está vivenciando. Ele destacou a expectativa de uma redução nas taxas de juros e destacou o pacote fiscal denominado "One Big, Beautiful Bill", que pode atuar como um motor de crescimento para os EUA nos próximos anos.
Esse projeto, que gerou polêmica devido às renúncias fiscais que pode implicar nas contas públicas, é visto por Grandmont como uma medida que pode, de fato, dinamizar a economia norte-americana. Ele acredita que a diminuição das taxas corporativas tenha um potencial significante para estimular o crescimento.
Além disso, Grandmont enfatizou que uma política monetária que inclua taxas de juros em baixa, aliada a medidas fiscais que incentivem o investimento nos Estados Unidos, pode não apenas estabilizar a taxa de crescimento econômico, mas, potencialmente, melhorar essa taxa para 2027 e anos seguintes.
Ademais, o especialista observou que as tarifas cobradas são um elemento crucial que reforça a política fiscal de Trump. O banco Morgan Stanley espera que esses impostos resultem em uma arrecadação de US$ 500 bilhões, o que representa quase 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA.
No que diz respeito às taxas de juros, Grandmont destacou a expectativa de que a tendência de queda se estenda não apenas aos Estados Unidos, onde as taxas devem chegar a 3% até o final de 2026, mas em uma perspectiva global.
Para o Brasil, a projeção feita pelo Morgan Stanley estima que a Selic alcance 11,5% ao final do próximo ano.
Cenário Econômico do Brasil
Sobre o contexto brasileiro, Grandmont fez uma análise de que "a taxa de crescimento do Brasil deveria ser muito mais alta do que ela é atualmente". Ele ressaltou que o Brasil, em sua atualidade, está cada vez mais dependente da China e possui um alto nível de pobreza.
Grandmont defendeu que o Brasil necessita de uma política industrial que tenha um horizonte de desenvolvimento de 20 a 30 anos, em vez de oscilações a cada mudança no governo. Assim, o país deve modernizar sua abordagem turística para atrair visitantes dos EUA e da Europa, especialmente em suas costas.
Ele afirmou que existe um grande potencial econômico no país, mas observou que essa potencialidade não está sendo devidamente explorada. Segundo ele, o Brasil precisa adotar uma política industrial voltada para o longo prazo, o que poderia permitir um crescimento de 6%, 7% ou até 8% ao ano.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br