Investimentos de Peter Lynch e Conselhos para a Nova Geração
Introdução à Figura de Peter Lynch
O investidor lendário Peter Lynch construiu uma reputação sólida ao superar o mercado de forma consistente enquanto gerenciava o Fidelity Magellan Fund durante a década de 1980. Décadas depois, ele compartilha suas recomendações com a próxima geração de investidores. O recente aumento da inteligência artificial tem dominado o mercado nos últimos três anos; contudo, Lynch, que obteve uma média de retorno anual de 29,2% em seus 13 anos à frente do Magellan até 1990, afirmou que se sente confortável observando o cenário atual de uma posição mais distante.
Ausência de Ações de IA
Lynch revelou que não possui ações relacionadas à inteligência artificial. Em entrevista ao podcast "The Compound and Friends", apresentado pelo investidor Josh Brown, ele afirmou: "Eu não tenho nenhum estoque de IA". Ele destacou que não conseguia pronunciar o nome da Nvidia até aproximadamente oito meses atrás.
Durante o podcast, Lynch comentou sobre sua trajetória profissional, as lições que aprendeu ao longo do caminho e, claro, a atual febre por tudo que está ligado à inteligência artificial.
Compreendendo o Mercado
Lynch sempre defendeu que os investidores devem ter um entendimento profundo das empresas em que decidem investir. Esse conceito é um princípio central de seu livro "One Up on Wall Street". Ele expressou: "Tenho esta expressão: ‘Saiba o que você possui’. Se não entender o que possui, você está perdido".
Ele observou que as pessoas gastam horas pesquisando voos para garantir o melhor preço, mas, no campo dos investimentos, frequentemente fazem escolhas apressadas, colocando, por exemplo, $10.000 em uma ação estranha que ouviram de um desconhecido no transporte público. Lynch descreveu a ideia de "jogar no mercado" como "horrível" e "perigosa", e aconselhou que as pessoas devem se dedicar a comprar boas empresas e entender o que elas fazem.
Segundo ele, a variação média de um título típico da Bolsa de Valores de Nova York em um ano costuma ser de 100%. Por essa razão, os investidores precisam estar preparados para agir em momentos de grandes oscilações no mercado.
Entrando Tardiamente no Jogo
Embora a sabedoria convencional sugira comprar ações antes que elas disparem, Lynch alertou contra a rejeição de todas as ideias de investimento simplesmente porque uma ação já teve um aumento significativo. Ele afirmou: "Às vezes, você não precisa estar na primeira entrada".
Como exemplo, Lynch mencionou a McDonald’s, que, segundo informações recebidas, já havia atingido um crescimento doméstico rápido. No entanto, a rede de hambúrgueres ainda conseguiu um crescimento considerável ao se expandir internacionalmente. Ele lembrou que muitas pessoas acreditavam que a McDonald’s estava "acabada", mas a situação não foi bem compreendida.
Vantagens de Investimento na Atualidade
De acordo com Lynch, os investidores atuais desfrutam de "almofadas" que não existiam antes da Grande Depressão e do New Deal. Ele citou a importância do seguro-desemprego, dos benefícios da Seguridade Social e da criação da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), que ao longo do tempo ajudaram os cidadãos comuns. Ele também destacou o papel ativo do Federal Reserve nas últimas décadas.
Lynch mencionou que os investidores contemporâneos se beneficiam de "muitos aspectos que são melhores", ressaltando que existem mais "buffers" no mercado e na economia em comparação com o passado.
Segundo ele, houve várias oportunidades para que uma crise econômica ocorresse no nível da década de 1930. No entanto, mesmo os desafios enfrentados desde então, como a Crise Financeira Global em 2008-2009, não tiveram a mesma intensidade de queda. "Tivemos muitas oportunidades para ter um grande colapso", disse Lynch. "Passamos por presidentes problemáticos, congressos ruins, e alguns economistas com falhas, mas conseguimos superar".
Futuro do Trabalho
Lynch também tranquilizou os trabalhadores que se preocupam com a possibilidade de perder seus empregos devido à inteligência artificial. Na década de 1980, cerca de um milhão de pessoas estavam empregadas pela AT&T em um momento em que a força de trabalho total nos Estados Unidos era de aproximadamente 100 milhões. Mesmo com o crescimento do setor de telecomunicações, Lynch observou que as principais empresas da área hoje empregam cerca de 400.000 trabalhadores.
Atualmente, a força de trabalho americana superou 160 milhões de empregos. Lynch acredita que a expansão em determinados setores pode compensar a eliminação de empregos devido a avanços tecnológicos ou automação em outros.
Os comentários de Lynch ocorrem em um contexto em que executivos de empresas como Walmart e Accenture alertaram que a inteligência artificial irá reconfigurar drasticamente suas forças de trabalho. "É um grande país. Somos criativos", concluiu Lynch. "A América cria, a China duplica e a Europa legisla".
Fonte: www.cnbc.com