Alta do Dólar no Dia
Na máxima do dia, o dólar apresentou uma alta em torno de 3%, chegando a R$ 5,51. Esse aumento significativo é atribuído a fatores locais, enquanto a moeda americana se mantém estável em relação a outras divisas importantes. O índice DXY, que mede a força do dólar em comparação a uma cesta de outras moedas, opera em níveis estáveis.
Perspectivas para o Câmbio no Brasil
O comportamento atual do câmbio no Brasil suscita preocupações sobre a sua evolução nos próximos meses. O economista André Perfeito destaca que "o gelo fino começou a rachar", referindo-se à valorização de cerca de 15% do real em relação ao dólar americano em 2025. Ele enfatiza que "o jogo pode virar", considerando o comportamento observado na última sexta-feira, dia 10.
Perfeito acrescenta que o que se observa não é uma valorização do real, mas sim uma fraqueza do dólar. Segundo ele, se o dólar "quiser" subir, não haverá muito que se possa fazer para impedir essa movimentação.
Fatores Externos Impactando o Dólar
O "querer" do dólar para apreciar-se está interligado à fuga de risco global. Recentemente, uma nova tensão surgiu: a possibilidade de uma reedição de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, em especial relacionada ao acesso a terras raras.
Paulo Monteiro, head da Gravus Capital, comenta que a valorização do dólar indica que os recursos previamente alocados nos Estados Unidos estão sendo repatriados, enquanto investidores estrangeiros buscam proteger seus capitais.
Impactos na Economia Global
Os Estados Unidos têm desempenhado um papel ambíguo em crises econômicas, servindo, por um lado, como um vetor de desestabilização nas relações comerciais devido a tarifas e tensões geopolíticas, e, por outro lado, como refúgio em tempos de incertezas econômicas, devido à solidez de ativos como o dólar e os títulos do Tesouro americano.
Um ponto a ser destacado é a valorização de quase 1,5% nos títulos de longo prazo (TLT), que sinaliza uma forte aversão ao risco entre os investidores. Diante da instabilidade, o ouro também alcançou máximas históricas, refletindo a busca por ativos considerados seguros.
Situação Econômica do Brasil
Dentro desse contexto, a situação política e fiscal do Brasil está levando investidores a se afastarem da B3 e, de forma mais ampla, do mercado de ativos em real. Essa movimentação ajuda a explicar o desempenho consideravelmente negativo da moeda brasileira. Monteiro observa que "os riscos adicionais" no Brasil contribuem para aumentar a pressão cambial.
Riscos Adicionais e Pacote de "Bondades"
Esses riscos adicionais incluem o que o mercado denomina de "pacote de bondades". De acordo com Alexandre Petean, sócio da A7 Capital, a tendência de abandono do real coincide com a falta de soluções orçamentárias que possam compensar a perda de receita decorrente de isenções, como a do Imposto de Renda (IR), ou a implementação de programas de gratuidade em transporte público, vale-gás e a possibilidade de utilização de poupança para reformas residenciais.
Petean enfatiza que "é necessário encontrar de onde virá essa receita", considerando que a Medida Provisória 1303 foi bloqueada pelo Congresso. Embora o governo tenha manifestado a intenção de prosseguir com o pacote, não definiu as fontes de financiamento para tal. Essa falta de clareza pode ser um dos motivos que favoreceram a disparada do dólar em relação ao real nesta sexta-feira.
Conclusão do Cenário Atual
Com um cenário global complicado e questões internas que geram instabilidade, a alta do dólar e a pressão sobre o real permanecem em destaque nas discussões econômicas. O fluxo de capitais, o comportamento do mercado financeiro e as decisões políticas terão um papel crucial na definição do futuro do câmbio no Brasil e suas implicações para a economia nacional.
Fonte: timesbrasil.com.br
