Ouro fecha em alta histórica
O ouro, reconhecido como um dos ativos mais seguros globalmente, encerrou o dia em alta pela quinta vez consecutiva nesta quinta-feira (16), superando pela primeira vez o nível de US$ 4.300 por onça-troy.
Impulsos no mercado
Entre os fatores que influenciaram o preço, destaca-se o enfraquecimento do dólar, concomitante às expectativas sobre uma possível redução da taxa de juros nos Estados Unidos. Além disso, as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China contribuíram para a valorização do ouro, juntamente com a deterioração do sentimento de risco em Wall Street. O índice VIX, que serve como um termômetro do medo no mercado, alcançou o maior patamar desde maio.
O contrato mais líquido do ouro, com vencimento em dezembro, registrou um aumento de 2,45%, fechando a US$ 4.304,60 por onça-troy na Comex, a divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), nos Estados Unidos. No dia anterior, 15 de outubro, o metal precioso havia terminado as negociações cotado a US$ 4.201,60 por onça-troy.
Durante o dia, o ouro também alcançou um novo recorde intradia, ao atingir a cotação de US$ 4.314,70 por onça-troy.
Fatores que impactaram a cotação do ouro
A significativa valorização do ouro foi impulsionada por uma crescente aversão ao risco entre os investidores ao redor do mundo.
Tensões nos mercados de crédito
No cenário de Wall Street, as preocupações relacionadas ao setor de crédito dos Estados Unidos aumentaram após o banco regional Zions Bancorp anunciar uma baixa contábil de US$ 509 milhões para cobrir dois empréstimos. Além disso, o Western Alliance informou ter aberto um processo contra um de seus mutuários por suspeitas de fraude.
As tensões comerciais entre os EUA e a China, além da paralisação (shutdown) do governo norte-americano, que já contabiliza 16 dias consecutivos, acabaram também por injetar cautela nos mercados financeiros, levando os investidores a buscar ativos considerados seguros, como o ouro.
Expectativas sobre a política monetária do Fed
As declarações recentes de membros do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, sustentaram as projeções de um corte na taxa de juros da maior economia global, que atualmente varia entre 4,00% e 4,25% ao ano. Nesta quinta-feira, o diretor do Fed, Christopher Waller, declarou estar favorável a mais um corte na taxa de juros durante a reunião de política monetária deste mês, citando a volatilidade nos dados do mercado de trabalho.
Waller afirmou: “Com base em todos os dados que temos sobre o mercado de trabalho, acredito que [o comitê de política monetária do Fed] deve reduzir a taxa de juros em mais 25 pontos-base em nossa reunião que termina em 29 de outubro.”
Em relação ao que poderá ocorrer após essa reunião, Waller enfatizou que dependerá de dados futuros, afirmando: “Vou observar como os dados sólidos do PIB conciliam com o abrandamento do mercado de trabalho.”
Ele observou ainda que a tendência geral dos dados do mercado de trabalho indica um enfraquecimento da demanda em comparação à oferta, mesmo com uma significativa redução da imigração e um decréscimo na participação da força de trabalho neste ano. Além disso, Waller alertou sobre a ausência de dados expressivos que possam influenciar a reunião deste mês devido à paralisação do governo dos EUA, e que os sinais enviados por dados privados a respeito da situação das contratações são mistos.
Comentários de outros diretores do Fed
Já o diretor do Fed, Stephen Miran, expressou não estar preocupado com a possibilidade de que a flexibilização da política monetária possa aumentar ainda mais os preços de ativos que já estão historicamente altos, e em alguns casos, até mesmo em níveis recordes. Miran declarou: “Quando penso nas condições financeiras que mais importam em termos de economia real, são aquelas relacionadas à habitação, e essas parecem muito menos frouxas.”
Na tarde de hoje, os operadores percebiam 96,8% de chance de o Fed optar por um corte de juros de 0,25 ponto percentual, reduzindo a taxa para a faixa de 3,75% a 4,00%, na próxima decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) em 29 de outubro. Na véspera, a probabilidade era de 97,3%, segundo informações da ferramenta FedWatch, do CME Group.
Ainda, a probabilidade de um corte maior, de 0,50 ponto percentual, subiu de zero (ontem) para 3,2% hoje.
*Com informações da Reuters
Fonte: www.moneytimes.com.br
