Déficit das Estatais Federais Durante o Governo Lula
Escolhas de investimentos, aumento de despesas e uso político inadequado são algumas das razões apontadas para o déficit recorde das estatais federais na terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme especialistas consultados pela CNN Money.
Dados do Déficit
Nessa administração, as empresas estatais acumulam um déficit primário de R$ 18,5 bilhões, excluindo a Petrobras e os bancos públicos, conforme informações do Banco Central (BC). Este valor representa o maior déficit registrado para o período em toda a série histórica.
Situação dos Correios
A recente solicitação de apoio financeiro pelos Correios, que inclui um pedido de empréstimo de R$ 20 bilhões e um plano de reestruturação, reacendeu o debate sobre a forma como as estatais estão sendo administradas e os efeitos que isso poderá ter sobre as finanças públicas.

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🌎 Abrir minha conta NomadAnálise dos Especialistas
A economista Elena Landau, que atuou como ex-diretora de privatizações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), aponta que os problemas enfrentados têm raízes que vão além do atual cenário macroeconômico. Segundo ela, o maior impacto decorre de uma "filosofia" segundo a qual as estatais são vistas como ferramentas políticas, e não como empresas, resultando em uma quantidade excessiva de cargos comissionados preenchidos por indicações internas.
Perspectiva de Elena Landau
Landau considera que os Correios são um caso emblemático da situação das estatais, destacando as escolhas administrativas que levam a gastos excessivos em propaganda, pessoal e projetos que não estão relacionados diretamente ao funcionamento da empresa. Apesar de suas observações, ela descarta a influência de fatores externos sobre o desempenho das estatais. No entanto, essa visão não é compartilhada por todos os especialistas.
Visão Alternativa de Jason Vieira
O economista-chefe da Lev Asset Management, Jason Vieira, argumenta que existem fatores estruturais que contribuíram para o declínio acentuado das contas das empresas públicas. Ele cita o aumento das despesas devido à inflação e aos custos de insumos e energia. Além disso, Vieira menciona o que classifica como "inércia regulatória" em certas estatais, como os Correios, que frequentemente necessitam de subsídios do governo.
Questões Estruturais
Vieira aborda a questão da baixa competitividade dessas empresas, que muitas vezes dependem de receitas não recorrentes. Ele também aponta a realocação política dentro das estatais, resultando em diversas nomeações sem a devida qualificação, especialmente em conselhos administrativos.
Possíveis Motivos para a Piora das Estatais
Principais Fatores Identificados
Os especialistas levantam vários fatores que podem explicar a piora nas estatais durante o terceiro governo Lula:
- Resultados financeiros mais fracos (como nos Correios e na Caixa Econômica)
- Maior polarização política interna, que dificulta a gestão dessas instituições
- Críticas sobre a nomeação de aliados políticos para cargos de gestão
- Pressões fiscais decorrentes da mudança da âncora fiscal, de um teto para um novo arcabouço
- Conjuntura econômica global menos favorável, como os conflitos internacionais na Ucrânia e no Oriente Médio que impactam os preços de energia e alimentos
Declarações de Especialistas
Assim como Landau, Vieira defende que as estatais carecem de profissionais qualificados e estão sendo utilizadas como instrumentos para a sustentação política. Isso se reflete em investimentos agressivos, com retorno a longo prazo, em áreas como publicidade e no PAC (Programa de Aceleração e Crescimento), que acabam por esgotar um caixa já deficitário das instituições.
Vieira destaca que essas empresas operam com altos custos e margens reduzidas. Muitas delas, como os Correios, frequentemente dependem de empréstimos, fortalecendo um problema estrutural relacionado ao financiamento, governança e modelo de negócios, que tem se deteriorado gradualmente na visão dos especialistas.

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🌎 Abrir minha conta NomadCorreios e Outras Estatais
Os problemas enfrentados pelos Correios não representam uma situação isolada; eles expõem uma dificuldade estrutural que afeta várias estatais na adaptação à nova economia digital e à Inteligência Artificial, conforme afirma Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Way Investimentos.
Desafios Administrativos
Espirito Santo sugere que existem problemas relacionados à governança, investimentos e gestão em outras empresas públicas. Ele enfatiza que, apesar de fatores macroeconômicos relevantes, as decisões administrativas têm um peso significativo sobre o desempenho dessas instituições.
Dados de Prejuízo
Conforme informações do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), compiladas pela CNN Money, as cinco estatais que mais registraram prejuízos durante o governo Lula 3 foram, além dos Correios, a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), a Embrapa, a Infraero e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.
Situação do Banco do Brasil
O economista da Lev Asset também menciona resultados financeiros negativos recentes do Banco do Brasil, uma empresa de capital misto. Os altos juros, que atualmente estão em 15% ao ano, e a inadimplência no setor agrícola estão entre os fatores que têm impactado negativamente essa instituição.
Aliás, o lucro do Banco do Brasil no segundo trimestre caiu 60% em comparação ao ano anterior, resultando em uma redução de 30% no percentual a ser distribuído entre os acionistas, conhecido como payout.
Comparação com Gestões Anteriores
O economista-chefe da Way observa que as primeiras gestões de Lula no início dos anos 2000 apresentavam resultados financeiros bem diferentes, com crescimento e robustez nas estatais, impulsionados pela alta das commodities e pelo superávit fiscal deixado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
