China Reforça Relações Comerciais na Malásia
A China enfatizou, nesta segunda-feira (27), a necessidade de estreitar laços econômicos e promover uma maior abertura comercial durante uma cúpula regional realizada na Malásia. O evento ocorre sob a influência das altas tarifas impostas pelos Estados Unidos, que marcaram a participação do presidente Donald Trump.
Desdobramentos da Visita de Trump
Durante a primeira parte de sua viagem de cinco dias pela Ásia, Trump esteve envolvido em intensa negociação, que resultou na assinatura de um acordo de cessar-fogo ampliado entre Camboja e Tailândia, além de quatro pactos comerciais regionais, no domingo (26).
Apesar dos acordos firmados, não houve redução nas altas tarifas impostas pelos Estados Unidos a Camboja, Malásia, Tailândia e Vietnã, segundo informações fornecidas pela Casa Branca, embora estes acordos tenham aberto espaço para possíveis isenções.
Trump, em suas declarações, garantiu apoio incondicional às nações do Sudeste Asiático, afirmando que “os Estados Unidos estão com vocês 100% e pretendemos ser um parceiro forte por muitas gerações”. Este discurso ocorreu no mesmo dia em que negociadores dos dois países concordaram em uma pausa nas tarifas que caracterizaram a guerra comercial entre eles.
Atuação Chinesa na Cúpula
Enquanto Trump e o secretário de Estado Marco Rubio se deslocavam para o Japão, representantes chineses se reuniram com líderes do Brasil, Canadá, Conselho Europeu e do bloco de 11 países da Asean. O objetivo era fortalecer parcerias econômicas e tratar de novos acordos comerciais.
A cúpula contava com a presença de apenas dois funcionários de menor escalão dos Estados Unidos após a saída de Rubio, o que fez com que os representantes chineses se sentissem mais à vontade para pressionar pela redução das barreiras comerciais e promover a adoção de medidas alinhadas às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), ao mesmo tempo em que buscavam consolidar os laços regionais.
Defesa do Livre Comércio
Durante uma reunião que abrangeu membros da Asean, além de países como China, Japão e Coreia do Sul, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, fez um apelo para que todas as nações promovam o livre comércio e se oponham ao protecionismo, uma crítica direta às tarifas impostas por Trump.
Li destacou: “Devemos salvaguardar plenamente a paz e a estabilidade arduamente conquistadas no Leste Asiático”, conforme um resumo divulgado pela mídia estatal. Ele instou os países a defenderem o sistema multilateral de comércio e avançar na integração econômica regional.
Ambições de Liderança e RCEP
O Acordo Regional Abrangente de Parceria Econômica (RCEP), impulsionado pela China, inclui 10 países da Asean, além de Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul. Este grupo solicitou esforços comerciais ampliados e maior rapidez na adesão de novos membros durante sua primeira cúpula desde 2020.
Como o maior bloco comercial do mundo, o RCEP representa cerca de 30% do PIB global e é percebido por analistas como uma possível defesa contra as tarifas norte-americanas. Entretanto, as aspirações de liderança da China na cúpula, que contou com a presença do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro canadense Mark Carney, enfrentaram resistência devido a temores em relação ao crescimento de suas ambições militares.
O presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., criticou abertamente as ações da China no Mar do Sul da China, uma importante rota marítima onde Malásia e Vietnã também possuem reivindicações territoriais. Ele enfatizou: “É lamentável que incidentes continuem a ocorrer, colocando em risco a vida de nossos militares e comprometendo a segurança de nossos navios e aeronaves”, referindo-se a uma série de confrontos recentes na região.
Conflitos e Declarações de Países
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que “a violação deliberada de direitos e provocações no mar por parte das Filipinas é a verdadeira fonte de tensão”.
Encontro Entre União Europeia e China
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, teve uma reunião com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, onde expressou suas preocupações em relação à expansão dos controles de exportação chineses sobre matérias-primas essenciais para a indústria.
Após o encontro, Costa disse que incentivou Li a restabelecer, o mais rapidamente possível, cadeias de suprimentos fluidas, confiáveis e previsíveis, além de buscar apoio da China para pôr fim ao conflito da Rússia com a Ucrânia.
Questões Comerciais com o Japão
Os ímãs e os minerais de terras raras constituem um dos principais pontos de conflito na guerra comercial entre Pequim e Washington. A China tem exercido seu controle sobre cerca de 90% da oferta global desses materiais como um instrumento de pressão contra as tarifas norte-americanas.
O Ministério das Relações Exteriores do Japão também manifestou suas preocupações com as restrições chinesas e questionou as declarações de Pequim sobre a abertura comercial. O porta-voz Toshihiro Kitamura afirmou: “Eles impuseram, ou tentaram impor, restrições à exportação de terras raras que tiveram um grande impacto na cadeia de suprimentos, não apenas para o Japão, mas para o mundo todo”.
Ele acrescentou: “A China é muito poderosa, um país enorme em termos econômicos, e tenta usar essas questões tarifárias com os EUA para se apresentar como guardião ou campeã do livre comércio”.
Expectativas de Lula em Relação a Acordos Comerciais
Na cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que sua conversa com Trump no domingo resultou em promessas de um acordo comercial mais benéfico, considerando a tarifa atual de 50% sobre produtos brasileiros. Lula comentou: “Disse a ele que era extremamente importante levar em conta a experiência do Brasil como o maior país da América do Sul, o mais economicamente relevante e que tem quase toda a América do Sul como vizinha”.
A Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) é composta por Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Singapura, Tailândia, Timor-Leste e Vietnã.
Fonte: www.moneytimes.com.br
