A economia dos Estados Unidos apresenta descompasso

No contexto atual da economia dos Estados Unidos, observa-se um descompasso significativo. Em uma participação no programa Mercado, o economista e estrategista Arthur Mota, do BTG Pactual, descreveu que existe uma “dicotomia” em relação às atividades econômicas do país. Por um lado, o setor de tecnologia mantém um ciclo robusto de investimentos, especialmente em data centers e na infraestrutura necessária para a inteligência artificial. Por outro lado, a chamada “velha economia” enfrenta desafios devido a uma política monetária ainda restritiva, além de um custo de capital elevado.
De acordo com Mota, os indicadores do PMI (Purchasing Managers’ Index, ou Índice dos Gerentes de Compras) industrial revelam uma fraqueza persistente nas atividades do setor. Além disso, a produção industrial permanece praticamente estagnada desde o último trimestre de 2022. As conclusões do economista indicam que, enquanto as grandes empresas de tecnologia estão investindo pesadamente, as condições para outras indústrias não são tão favoráveis.
Ciclo de Capex e expectativas de lucro
Focando nas big techs, Mota observa que o ciclo de capex (despesas de capital) é considerável. No entanto, esse ciclo está atualmente respaldado por empresas que apresentam balanços financeiros sólidos, uma robusta geração de caixa e fácil acesso ao crédito. No curto prazo, não há indícios de que esses fundamentos estejam criando uma bolha. As empresas continuam a reportar resultados positivos enquanto ampliam seus investimentos em áreas ligadas à inteligência artificial. O verdadeiro teste para esse setor ocorrerá posteriormente, quando o mercado será exigido a saber se “cada dólar investido” proporcionará um retorno equivalente às expectativas de lucro projetadas para os anos futuros.
Impacto nas finanças do consumidor
Para os consumidores americanos, a situação financeira está se tornando mais desafiadora. As tarifas atualmente em vigor exercem efeitos diretos e indiretos sobre a economia, elevando os preços na cadeia de suprimentos, aumentando a incerteza e adiando decisões em relação a investimentos e contratações. Isso, por sua vez, leva a uma redução na renda real das famílias.
Embora o mercado de trabalho continue a oferecer um suporte razoável, com taxas de desemprego ainda baixas, a pressão inflacionária sobre os bens tende a persistir ao longo dos próximos 12 meses. Essa situação irá, inevitavelmente, refletir-se de maneira negativa “na ponta”, afetando o poder de compra dos consumidores, conforme afirma Mota.
Fonte: veja.abril.com.br
