Banco do Brasil frustra com redução de 60% no lucro do segundo trimestre de 2025.

Banco do Brasil frustra com redução de 60% no lucro do segundo trimestre de 2025.

by Ricardo Almeida
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Banco do Brasil apresenta resultados do segundo trimestre de 2025

Banco encerra temporada de resultados dos grandes bancos na B3 com lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, bem abaixo das expectativas; inadimplência e provisões mais altas pressionam balanço.

Desempenho financeiro

São Paulo, quinta-feira (14/08) — O Banco do Brasil (BOV:BBAS3) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no segundo trimestre de 2025 (2T25). Este resultado representa uma queda significativa de 60% em relação ao mesmo período do ano passado e ficou aquém da expectativa projetada de R$ 4,99 bilhões, conforme consenso da LSEG. Essa performance decepcionante impactou negativamente analistas e investidores na bolsa de valores.

Fatores que influenciaram o resultado

A queda no lucro é atribuída, em grande parte, ao expressivo aumento nas perdas esperadas com empréstimos, que subiram 89,3% no primeiro semestre, totalizando R$ 31,6 bilhões. A inadimplência, especialmente nas carteiras de agronegócio e de micro, pequenas e médias empresas, contribuiu para essa deterioração, assim como o aumento de 4,7% nas despesas administrativas.

Crescimento da carteira de crédito

Apesar do desempenho negativo em termos de lucro, a carteira de crédito expandida do Banco do Brasil alcançou R$ 1,24 trilhão, um crescimento de 11,2% em comparação com o ano anterior e de 1,3% em relação ao trimestre anterior. O destaque foi para o segmento empresarial, que viu um aumento de 14,7% na carteira de pessoa jurídica, totalizando R$ 468 bilhões, seguido pelo agronegócio, que cresceu 8%, atingindo R$ 404,9 bilhões.

  • A carteira de pessoa jurídica cresceu 14,7% no ano, totalizando R$ 468 bilhões — sendo R$ 271 bilhões para grandes empresas e R$ 75 bilhões no segmento governo. Na comparação trimestral, o aumento foi de 1,8%.
  • A carteira de pessoa física atingiu R$ 342,6 bilhões, alta de 8% em 12 meses e 2% no trimestre. O crédito consignado, por sua vez, registrou crescimento de 8,6% no ano e de 2,5% no trimestre, totalizando R$ 145,2 bilhões.
  • O crédito não consignado chegou a R$ 47,3 bilhões (+11,2% em 12 meses e +3,8% no trimestre) e o cartão de crédito alcançou R$ 60,76 bilhões (+13% e +2,9%, respectivamente). O financiamento imobiliário, no entanto, apresentou leve queda de 0,2% no ano, somando R$ 47,7 bilhões.
  • Na carteira do agronegócio, o crescimento de 8% em 12 meses resultou em um total de R$ 404,9 bilhões, embora tenha havido uma contração de 0,3% em relação ao primeiro trimestre. O Banco do Brasil desembolsou R$ 225,8 bilhões no Plano Safra 24/25.

Margens e receitas

O Banco do Brasil informou que sua margem financeira bruta totalizou R$ 25,1 bilhões no segundo trimestre de 2025, uma redução de 1,9% em comparação ao mesmo período de 2024. Contudo, na comparação trimestral, houve um aumento de 4,9%.

A margem com o mercado experimentou uma queda dramática de 51% em 12 meses, atingindo R$ 2,8 bilhões, enquanto a margem com clientes cresceu 12% no mesmo intervalo, alcançando R$ 22,3 bilhões.

O resultado da Tesouraria ficou em R$ 8,2 bilhões, uma redução de 24,7% em relação ao segundo trimestre do ano anterior. O Banco explicou que, devido à Resolução nº 4.966/21, houve uma migração do resultado da carteira de títulos e valores mobiliários privados com características de crédito da Tesouraria para a linha de Receitas Financeiras de Crédito, desde o início de 2025. A Tesouraria do BB abrange ganhos com juros, hedge fiscal, derivativos e instrumentos que compensam variação cambial, entre outros.

Receitas detalhadas

As receitas provenientes de prestação de serviços somaram R$ 8,8 bilhões no trimestre, apresentando uma queda de 1% em relação a 2024, mas um incremento de 4,7% em relação ao início do ano. A seguir, detalhamos as principais fontes de receita:

  • Operações de crédito e garantias: alta de 82,3% no trimestre, mas queda de 30% no ano.
  • Administração de fundos: alta de 10% em 12 meses, totalizando R$ 2,6 bilhões.
  • Receitas com conta corrente: queda de 18% no ano, totalizando R$ 1,8 bilhão.
  • Seguros, previdência e capitalização: aumento de 3,2%, totalizando R$ 1,5 bilhão.
  • Banco de investimento: R$ 200 milhões (-5,9% em 12 meses), englobando resultados da joint venture UBS BB.

Inovações no crédito consignado

No segundo trimestre, o Banco do Brasil disponibilizou R$ 4,53 bilhões em novos créditos consignados privados, uma modalidade lançada em março de 2025. Foram realizadas mais de 433 mil operações, com uma taxa média de 2,83% ao mês e prazo médio de 29 meses. Essa nova linha elimina a exigência de convênio direto entre o banco e a empresa para a oferta de crédito consignado aos funcionários, o que, segundo a instituição, deve triplicar o tamanho dessa carteira nos próximos anos.

Perspectivas futuras

A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, destacou que 2025 será um ano de ajustes para a retomada do crescimento. “Projetamos um lucro entre R$ 21 e 25 bilhões e seguimos com investimentos estruturantes para gerar valor aos acionistas, mantendo um relacionamento próximo com os clientes, o uso intensivo de tecnologia e a capacitação de nossos funcionários,” afirmou.

Reação do mercado

No pregão desta quinta-feira (14/08), as ações BBAS3 encerraram o dia em alta de 2,90%, cotadas a R$ 19,84, após oscilações entre R$ 19,07 e R$ 19,96. Apesar do ganho no dia, o papel acumula uma queda significativa no comparativo anual, considerando que atingiu R$ 30,04 na máxima de 52 semanas. O baixo desempenho registrado deve impactar a percepção do mercado na reabertura do pregão nesta sexta-feira (15/08).

O Banco do Brasil no contexto financeiro

O Banco do Brasil é uma das maiores instituições financeiras da América Latina, com uma forte atuação em crédito ao agronegócio, varejo e corporate, além de oferecer serviços como investimentos, câmbio, seguros e meios de pagamento. Seus principais concorrentes na B3 incluem Itaú Unibanco (BOV:ITUB4), Bradesco (BOV:BBDC4) e Santander Brasil (BOV:SANB11).

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