Azul S.A. Apresenta Resultados Surpreendentes no Segundo Trimestre de 2025
A Azul S.A. (BOV:AZUL4) anunciou na quinta-feira, 14 de agosto, resultados financeiros que surpreenderam o mercado, apresentando um lucro líquido de R$ 1,29 bilhão no segundo trimestre de 2025. Esse resultado marca uma reversão significativa em relação ao prejuízo de R$ 3,56 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior, indicando uma transformação significativa na trajetória da companhia.
Desempenho Financeiro da Azul
O desempenho da Azul no segundo trimestre evidencia um momento de virada para a empresa, que tem implementado medidas para otimizar custos e fortalecer sua posição no mercado de capitais. Após um período desafiador, a companhia parece retornar ao caminho do crescimento sustentável.
Resultados Ajustados
Embora o resultado ajustado ainda tenha apresentado um prejuízo de R$ 475,8 milhões, essa cifra representa uma redução de 29% em relação às perdas do segundo trimestre de 2024, que foram de R$ 669,7 milhões. O EBITDA ajustado cresceu 8,6%, totalizando R$ 1,14 bilhão, refletindo uma combinação de aumento na demanda por voos domésticos e maior eficiência operacional.
Receita Operacional
A receita operacional alcançou a marca recorde de R$ 4,9 bilhões para um segundo trimestre, registrando um crescimento de 18,4% em comparação ao ano anterior. Esse aumento é impulsionado por um ambiente de demanda saudável e receitas auxiliares robustas, além do desempenho positivo das unidades de negócios.
Crescimento da Capacidade Aérea
A capacidade total da Azul, medida em assentos-quilômetro oferecidos (ASK), cresceu 17,5% em relação ao ano anterior. Esse aumento foi principalmente impulsionado por uma elevação de 36,8% nas operações internacionais e um crescimento de 12,9% na capacidade doméstica. Essa recuperação é particularmente significativa, considerando o impacto das enchentes no Sul do Brasil que afetaram as operações no segundo trimestre de 2024.
Transporte de Passageiros
Durante o trimestre, a Azul transportou cerca de 8 milhões de passageiros, o que representa um aumento de 7,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O tráfego de passageiros, medido em RPK (passageiros-quilômetro transportados), cresceu 19,3%, superando a capacidade e resultando em uma robusta taxa de ocupação de 81,5%, um aumento de 1,3 ponto percentual em relação ao segundo trimestre de 2024.
Análise de Custos
A receita unitária (RASK) se manteve forte em R$ 38,53 centavos no segundo trimestre de 2025, apesar do crescimento de 17,5% na capacidade. O custo por assento-quilômetro (CASK) foi de R$ 35,57 centavos, o que representa um aumento de 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse aumento é justificado pela desvalorização média de 8,7% do real, inflação anual de 5,4% e o incremento nos processos judiciais relacionados a operações irregulares. Além disso, houve um crescimento de 24,8% na depreciação da frota em relação ao ano anterior.
Estratégias de Redução de Custos
Diversas estratégias foram implementadas para mitigar esses custos. A Azul adotou medidas que geraram um aumento na produtividade, incluindo a redução de 11,3% no preço do querosene de aviação e uma diminuição no consumo de combustível, impulsionada pelas aeronaves de última geração da frota.
Liquidez e Estrutura de Dívida
Ao final do segundo trimestre, a Azul reportou uma liquidez total de R$ 7,8 bilhões, que inclui investimento e recebíveis de curto e longo prazo, contas a receber, depósitos de garantia e reservas de manutenção. A liquidez imediata em 30 de junho de 2025 foi de R$ 3,3 bilhões, representando 15,7% da receita dos últimos doze meses.
Financiamentos Recentes
Em abril de 2025, a empresa levantou aproximadamente US$ 100 milhões através de um financiamento adicional. Já em maio, a companhia acessou US$ 250 milhões do seu financiamento DIP de US$ 1,6 bilhão, parte do plano de reestruturação em curso.
Indicadores de Dívida
Até 30 de junho de 2025, o vencimento médio da dívida da Azul, excluindo passivos de arrendamento e debêntures conversíveis, era de 3,3 anos, com uma taxa média de juros de 12,9%. O índice de alavancagem, calculado pela relação entre dívida líquida e EBITDA dos últimos doze meses, ficou em 4,9x. Essa alavancagem é em grande parte consequência da desvalorização do real frente ao dólar, que afetou a dívida denominada na moeda americana, além dos R$ 2 bilhões em dívida captados no trimestre.
Considerações sobre o Capitão pela Reestruturação
É importante destacar que essa alavancagem não considera a conversão das notas 1L e 2L em ações, como parte do plano de Chapter 11 em curso da companhia.
Cenário do Setor Aéreo
O setor aéreo no Brasil continua vulnerável a fatores macroeconômicos, como os preços do petróleo e a cotação do dólar. A melhora nos resultados da Azul ocorre em um contexto em que concorrentes também ajustam suas malhas e buscam otimizar suas margens. Essa dinâmica sugere uma recuperação gradual do setor, mas ainda sob forte influência de variáveis externas.
Compromisso com a Sustentabilidade Financeira
A Azul salientou em comunicado oficial que o aprimoramento de seus resultados foi impulsionado por um “forte controle de despesas, gestão eficiente de frota e aumento de receita por assento”. Esses pontos refletem o compromisso da companhia com a sustentabilidade financeira e o crescimento a longo prazo.
Reação do Mercado
As ações da Azul (AZUL4) encerraram o pregão em alta de 3,39%, cotadas a R$ 0,61. Durante o dia, os papéis oscilavam entre R$ 0,57 e R$ 0,63, evidenciando uma leitura otimista por parte dos investidores em relação ao desempenho da empresa.
Concorrência e Market Share
A Azul S.A. posiciona-se como uma das maiores companhias aéreas do Brasil, atuando no transporte de passageiros e cargas. A companhia possui uma malha que conecta cidades de diferentes tamanhos, com foco na integração regional. Suas principais concorrentes na B3 incluem a Gol (BOV:GOLL4) e a Latam, embora esta última não esteja listada no mercado brasileiro.
Considerações Finais
O resultado robusto apresentado pela Azul no segundo trimestre de 2025 reflete uma reestruturação eficaz e um compromisso renovado com a eficiência operacional. A companhia não só reverteu perdas significativas, mas também se mostrou resiliente diante de condições desafiadoras do mercado, sinalizando uma recuperação na aviação brasileira. Contudo, o futuro da aérea ainda dependerá de fatores externos e continuadas estratégias de adaptação.
Oportunidades para Investidores
Os investidores devem continuar a monitorar o desempenho da Azul, especialmente em um ambiente volátil. As ações podem apresentar flutuações devido a mudanças nas condições econômicas, e as estratégias de reestruturação da companhia serão cruciais para sua sustentabilidade no longo prazo.