A Importância da Conscientização sobre Benefícios Financeiros após a Perda de um Parente
A dor causada pela perda de um parente próximo não apenas abala emocionalmente as famílias, mas também traz prejuízos financeiros significativos. Dados divulgados pela Planeje Bem, a primeira plataforma digital brasileira voltada para o planejamento sucessório e o apoio pós-perda, revelam que, em media, as famílias brasileiras deixam de resgatar entre R$ 10 mil e R$ 50 mil em benefícios a que o falecido tinha direito.
Causas do Prejuízo Financeiro
De acordo com Carolina Aparício, diretora executiva e fundadora da Planeje Bem, um dos principais fatores que contribui para este prejuízo é o desconhecimento sobre os direitos financeiros e sociais do falecido. Esses direitos são considerados “ativos invisíveis”. Em meio ao luto, à burocracia e à falta de uma orientação financeira adequada, as famílias acabam esquecendo de buscar esses valores.
“As pessoas costumam acreditar que todos os bens e direitos devem passar obrigatoriamente pelo inventário. No entanto, existem diversos ativos que podem ser acessados de maneira simples, desde que se saiba como e onde procurar. Muitos valores se perdem por falta de uma orientação clara durante um momento já tão delicado”, afirma Carolina.
Ativos Negligenciados
Conforme um levantamento realizado com os clientes atendidos pela plataforma, os ativos mais negligenciados pelas famílias, juntamente com o percentual de esquecimento, incluem:
- Indenização do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (DPVAT) por acidente ou morte: 40%
- Auxílios e benefícios trabalhistas (FGTS, PIS/Pasep, salário, férias, décimo terceiro e outros): 25% a 30%
- Contas bancárias, investimentos e consórcios: 25%
- Seguros de vida e acidentes pessoais: 20%
- Seguros corporativos e previdência privada (PGBL/VGBL): 20%
- Pensão por morte do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): 10%
Além desses, existem outros benefícios menos divulgados, embora o levantamento não tenha especificado os percentuais de esquecimento. Eles são:
- Auxílios-funeral: oferecidos por bancos e operadoras de cartão, geralmente entre R$ 2 mil e R$ 5 mil;
- Milhas aéreas: podem representar perdas de até R$ 4 mil se não transferidas a tempo;
- Carteiras virtuais e auxílios vinculados a cartões de crédito: recursos que também exigem atenção.
Conforme a Planeje Bem, gran parte desses recursos pode ser acessada diretamente, sem a necessidade de um inventário. Contudo, isso exige atenção aos prazos legais e à documentação específica, frequentemente desconhecida pela maioria das famílias. Embora a maioria dos pedidos e verificações possa ser feita online, é essencial agir rapidamente para evitar a expiração dos benefícios.
Perfil dos Clientes
O levantamento evidencia ainda os perfis de clientes que mais frequentemente se esquecem dos chamados ativos invisíveis, que incluem:
- Gênero: homens representam de 65% a 70% dos casos de esquecimento, enquanto mulheres correspondem de 30% a 35%;
- Idade: a faixa etária predominante é de 25 a 45 anos. Isso sugere uma necessidade de conscientização entre os jovens em uma fase de organização financeira que muitas vezes é marcada por múltiplas responsabilidades;
- Vínculo familiar: em muitos casos, homens entre 25 e 40 anos que esquecem os benefícios são sobrinhos, filhos ou netos do falecido. Após a resolução de questões mais imediatas, como os trâmites relacionados ao funeral, esses parentes costumam retomar suas rotinas, não dando continuidade às solicitações de benefícios que expiram.
Motivos do Esquecimento
Segundo Carolina, a causa do esquecimento do DPVAT, o benefício mais ignorado, está relacionada ao impacto emocional e ao choque enfrentado pelas famílias após a perda de um ente querido em acidentes de trânsito. “A inesperada natureza dessas mortes e o forte luto emocional tornam a busca por direitos um processo demorado. Às vezes, a pessoa está ciente dos direitos, mas deixa para depois, e o tempo acaba passando”, explica.
No caso dos auxílios trabalhistas, Carolina esclarece que, se os herdeiros concordarem, não é necessário esperar a conclusão do inventário para resgatar os valores. “Em algumas situações, se já existe um inventário em andamento, o montante entra nesse processo. Contudo, muitas vezes, com apenas um alvará judicial simples, os herdeiros conseguem solicitar o resgate”, destaca.
Em relação às contas bancárias, investimentos e consórcios, Carolina menciona que a implementação do Sistema de Valores a Receber (SVR) pelo Banco Central tem facilitado o processo de reavaliação dos valores, mas o esquecimento e direitos adquiridos em casamentos anteriores ainda são aspectos que contribuem para a falta de conhecimento.
“Por vezes, o próprio falecido pode não estar ciente dos benefícios que possui e não os comunica aos familiares. Muitas vezes, os beneficiários também não estão atualizados sobre os seus direitos. A morte pode ocorrer em um momento em que a pessoa está em seu segundo ou terceiro casamento, mas o beneficiário ainda é o primeiro cônjuge”, observa.
Impactos da Falta de Informação
A falta de informação e orientação clara sobre esses ativos financeiros pode gerar não apenas perda de valores, mas também aumentar o desespero e a angústia no momento do luto. A Planeje Bem destaca que muitas famílias não estão preparadas para lidar com a parte burocrática que envolve a morte de um ente querido.
A perda de um familiar é sempre um evento difícil de lidar, mas com uma orientação adequada, é possível evitar que os familiares percam benefícios que poderiam ajudar a aliviar a carga financeira durante um período tão desafiador. Profissionais de finanças, advogados e plataformas de suporte, como a Planeje Bem, atuam como um elo importante para garantir que as famílias tenham acesso a todas as informações necessárias para maximizar a recuperação de ativos invisíveis.
Conclusão
Portanto, é fundamental que as famílias brasileiras busquem conhecimento sobre os benefícios a que têm direito após a perda de um parente. O luto não deve ser um impeditivo para que os direitos financeiros sejam respeitados e concretizados. Para que uma passagem de herança seja tranquila e não se torne um fardo adicional, a conscientização e a informação são ferramentas essenciais nessa jornada de transição.