Aprovação da União entre Marfrig e BRF
A maioria dos conselheiros do Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) votou, na quarta-feira (20), a favor da operação de união da Marfrig (MRFG3) com a BRF (BRFS3). No entanto, a decisão do órgão não foi proclamada devido a um pedido de vista.
Detalhes da Operação
A formação da MBRF, uma gigante nos setores de carne de frango, suínos e bovinos, foi anunciada em maio deste ano. A operação prevê a incorporação total das ações da BRF, que é proprietária de marcas conhecidas como Sadia e Perdigão, pela Marfrig. O pedido de vista foi solicitado pelo conselheiro Carlos Jacques Vieira Gomes, que foi o penúltimo a votar na reunião. O caso deverá retornar ao tribunal da autarquia em até 60 dias para julgamento, conforme informado pelo Cade.
Opinião do Relator
O relator do caso e presidente do Cade, Gustavo Augusto de Lima, teve seu voto acompanhado pela maioria dos conselheiros, que aprovaram o negócio sem restrições. A nova companhia resultante terá uma receita anual estimada em R$152 bilhões. A transação também poderá intensificar a concorrência com a JBS (JBSS3), que atua globalmente e também comercializa as três principais proteínas, além de alimentos processados.
Participação da Salic
A discussão no Tribunal do Cade abordou também a participação da empresa do governo saudita voltada para investimentos agropecuários, a Salic, que atualmente possui uma participação minoritária de 11,03% na BRF e de 24,49% na Minerva, rival da Marfrig. Os conselheiros concordaram que a futura participação da Salic na MBRF deve ser analisada posteriormente, dado que as empresas ainda não forneceram detalhes sobre a posição do grupo saudita na companhia combinada.
Dessa forma, a maioria dos conselheiros decidiu que uma nova análise sobre o potencial poder político da Salic na MBRF deve ser realizada após a conclusão da formação da companhia. O conselheiro Victor Oliveira Fernandes afirmou: “Se a Salic for fazer parte da MBRF na troca de ações, a própria Salic disse que vai notificar a operação. Se isso mudar, vai ensejar uma nova notificação ao Cade”.
Considerações Finais do Relator
O relator também mencionou que “a solução é simples: Aprova-se a operação e declara-se que os direitos (políticos) da Salic não poderão ser exercidos até que o tribunal (do Cade) se declare sobre o tema”.