Resultados Financeiros da Cosan
No segundo trimestre de 2025, a Cosan registrou um prejuízo de R$ 944 milhões, uma piora de 316,7% em relação aos R$ 227 milhões de prejuízo observados no mesmo período de 2024. O BTG Pactual destaca que este balanço deve ser analisado não apenas pelos números, mas também pelos sinais que acompanha.
Comprometimento com a Redução da Alavancagem
A Cosan vem buscando reduzir sua alavancagem há algum tempo. Ao final de 2024, a holding promoveu mudanças na diretoria das subsidiárias, numa tentativa de ajustar sua estrutura de capital. Foi anunciada a venda de ativos para obter liquidez, incluindo a venda de 4,14% do capital social que detinha da Vale (VALE3), conforme antecipado pelo E-Investidor.
Desde o anúncio da venda na mineradora, o mercado está especulando sobre novas medidas, como a venda de ativos da Raízen ou da participação na Compass, e até mesmo a abertura de capital da Moove.
“A Cosan tem progredido em suas iniciativas de gestão de passivos. No entanto, ao longo do ano, não observamos novos sinais que pudessem acionar o tão necessário desalavancamento do balanço patrimonial. É provável que isso tenha impactado o preço das ações, que caiu aproximadamente 30% até agora”, informou o BTG Pactual.
Até o fechamento do pregão de terça-feira (19), a CSAN3 apresentava a segunda maior queda do Ibovespa no ano.
Liquidez e Índice de Cobertura de Juros
A empresa possui liquidez, apesar da alavancagem, e não possui nenhum empréstimo a vencer antes de 2028. O índice de cobertura de juros, que relaciona os dividendos e desinvestimentos recebidos com o custo da dívida, permanecerá estável em 1,2x. A dívida líquida, no balanço do 2T25 da Cosan, está em R$ 17,5 bilhões.
Essa situação é considerada desafiadora, em função dos juros elevados e das incertezas macroeconômicas. Entretanto, os bancos se mostram otimistas em relação à companhia, mantendo a recomendação de compra das ações e percebendo melhorias nas operações.
“É possível argumentar que o pior já passou em termos de alavancagem, embora os indicadores de dívida possam variar dentro de uma faixa pequena nos próximos trimestres. Temos uma visão positiva sobre as várias iniciativas de melhoria da estrutura de capital da Cosan”, afirmou Larissa Quaresma, analista da Empiricus.
Desempenho das Subsidiárias no 2T25
Como uma holding, o balanço trimestral da Cosan é calculado através da equivalência patrimonial de suas subsidiárias, como a Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4), Compass, Moove e Radar.
Algumas dessas subsidiárias já divulgaram resultados do 2T25. No balanço da holding, o destaque foi a Moove, que surpreendeu positivamente, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 505 milhões, superando as expectativas de mercado. Para comparação, o Itaú BBA previa um Ebitda de R$ 103 milhões, resultado este que contou com o reconhecimento de indenizações parciais relacionadas ao incêndio em sua fábrica no Rio de Janeiro em fevereiro de 2025. “O momento desse reconhecimento foi inesperado e requer uma análise mais aprofundada”, ressaltou o BBA.
Entretanto, ao excluir o ganho da indenização, o Ebitda da Moove foi de R$ 61 milhões, o que representa uma queda de 74% em relação ao trimestre anterior e uma redução de 66% comparado às expectativas da XP. “Isso demonstra como as operações da Moove continuam comprometidas devido ao incêndio em sua fábrica”, afirmou a corretora.
A Raízen ainda representa um importante desafio para a Cosan, com queda de 23% no Ebitda em comparação anual, devido a um volume menor na venda de cana, somado ao aumento do endividamento. Entretanto, Larissa Quaresma, da Empiricus, destaca os esforços da nova gestão da Raízen em seu processo de recuperação. As despesas gerais e administrativas diminuíram 20% na comparação anual, enquanto os investimentos caíram 23%. Assim, a queima de caixa operacional foi reduzida em R$ 2 bilhões em relação ao 2T24, ficando em R$ 2,4 bilhões negativos no 2T25. “Ainda há um longo caminho a percorrer, mas as ações na direção correta estão sendo tomadas”, afirmou Quaresma.
Nos demais negócios, Compass e Rumo apresentaram números considerados sólidos.
Perspectivas e Recomendações para as Ações da Cosan (CSAN3)
O prejuízo trimestral da Cosan – e o desafio contínuo de reduzir a alavancagem em um cenário de juros elevados e incertezas econômicas – não diminui o otimismo dos bancos em relação às ações. A queda dos papéis é vista como uma oportunidade de compra para um ativo que, se as projeções se concretizarem, pode mais do que triplicar seu valor.
A XP Investimentos projeta o preço-alvo mais baixo, estipulando em R$ 17 para as ações da CSAN3 nos próximos 12 meses, representando uma alta potencial de aproximadamente 215% em comparação aos R$ 5,4 em que o papel encerrou no último dia 19.
O Itaú BBA também classifica as ações CSAN3 como “overweight“, ou seja, recomendando compra, com preço-alvo de R$ 20, o que indica um potencial de valorização de 270%.
O preço-alvo mais otimista é do BTG, que prevê que as ações CSAN3 podem atingir R$ 23 em 12 meses, representando uma alta de até 325%. Contudo, essa valorização está atrelada ao anúncio de novas ações voltadas para a desalavancagem. Enquanto isso, a manutenção das ações na carteira é associada ao “sentimento” do investidor.
“Possuir ações da Cosan atualmente requer confiança de que a gestão conseguirá encontrar as melhores opções para vender ativos e participações em empresas, além de melhorar o desempenho operacional das subsidiárias que apresentam dificuldades, para que os números se tornem favoráveis”, afirmou o banco.
Os analistas mantém a confiança: “Se estivermos certos, as ações da Cosan oferecem uma combinação atrativa de desalavancagem e redução do desconto de holding”, concluiu o BTG.