Fãs Buscam Alternativas aos Labubus
Como muitos admiradores dos Labubu, Joselyn Chamorro, de 28 anos, expressa estar frustrada com a popularidade crescente dos bonecos. A experiência de esperar em filas longas durante a noite para adquirir os brinquedos travessos a preços que variam de US$ 30 a US$ 100 com revendedores já não é mais atrativa.
Ao notar que um posto de gasolina em Lakeland, Flórida, estava comercializando Labubus falsificados — conhecidos como Lafufus — por US$ 20, Chamorro não hesitou em fazer a compra.
Ela comparou a busca por um Labubu autêntico a uma competição extrema, dizendo que “é quase como ‘Os Jogos Vorazes’”.
O Lafufu, embora falsificado, veio em uma embalagem fechada, o que implica que o comprador não tem acesso à visualização do boneco específico que está adquirindo.
A Indústria do Labubu e Seu Crescimento
A fabricante dos Labubus, a Pop Mart, com sede em Pequim, apresenta resultados financeiros impressionantes. A empresa espera que sua receita ultrapasse 30 bilhões de yuans, aproximadamente US$ 4,2 bilhões, em 2025.
Na região das Américas, o crescimento da receita foi registrado em mais de 1.000% no ano anterior, conforme relatório semestral da Pop Mart divulgado em agosto. Globalmente, os lucros provenientes dos Labubus aumentaram 668% no primeiro semestre do ano.
Contudo, a rápida ascensão dos Labubus pode ser acompanhada de uma queda igualmente súbita. A escassez desses bonecos, que custam entre US$ 20 e US$ 40, motivou os consumidores a buscarem alternativas.
O analista da Morningstar, Jeff Zhang, destacou que a Pop Mart deve expandir sua base de clientes além da viralidade, apesar de contar com personagens carismáticos como Labubus, Cry Babies e Molly.
Zhang comentou que a Pop Mart precisa comprovar um histórico de retorno sobre o capital investido que se iguale a organizações renomadas, como Disney e Sanrio.
Ademais, os proprietários de Lafufus demonstram estar confortáveis em admitir que possuem uma imitação.
Chamorro observa que seu Lafufu é menor que o Labubu autêntico e apresenta diferenças notáveis, como mãos e rosto em tons distintos. No entanto, apesar dessas diferenças, o boneco possui o mesmo sorriso travesso e a maciez que impulsionaram a viralidade do original.
“Meu monstrinho, mesmo não sendo autêntico, ainda é muito fofo à sua maneira”, ressaltou Chamorro.
Ação Legal Contra Falsificações
A Pop Mart detém a marca registrada “Labubu” nos Estados Unidos desde 2019 e, internacionalmente, desde 2016. A China tem intensificado ações contra Lafufus, com apreensões frequentes de produtos falsificados. Essa medida contrasta com a reputação do país, famoso pela produção de imitações de diversas marcas, sendo responsável por 45% das apreensões globais de produtos falsificados em 2021, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
A Pop Mart Americas moveu recentemente um processo contra uma rede de lojas 7-Eleven na Califórnia por comercializar Labubus falsificados. Zhang adverte que outras empresas podem enfrentar ações judiciais semelhantes, embora a produção de falsificações possa diminuir com o aumento da fabricação autêntica pela Pop Mart.
Uma autoridade de padrões de consumo no Reino Unido alertou que os bonecos Labubu falsificados podem representar riscos para crianças pequenas. A Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos EUA confirmou que um Labubu verdadeiro contém um adesivo holográfico da Pop Mart, um código QR escaneável e exatamente nove dentes; os novos Labubus também apresentam um “sutil selo UV em um dos pés”.
Atração pelo Lafufu
Atualmente, é comum observar mais Lafufus nas ruas do que Labubus, reflexo de uma mudança nas percepções sociais em torno da posse de brinquedos falsificados.
Os Lafufus destacam-se por suas características peculiares, que atraem os consumidores. Cassandra Harrison, de 32 anos, residente em Nova Jersey, comentou que muitos de seus amigos estão começando coleções de Lafufus e que encontrou um grande número deles em uma loja de consertos de celulares em um Super Walmart. No entanto, ela acabou adquirindo um Labubu original.
A transformação do Labubu, um personagem originado de um livro infantil, em um brinquedo desejado não foi por acaso, segundo Mark Tanner, diretor-gerente da China Skinny. Ele observou que empresas chinesas têm superado concorrentes ocidentais com seu desenvolvimento ágil de produtos.
A Pop Mart dedicou esforços consideráveis para tornar a proposta da “caixa surpresa” bem-sucedida, alinhando seus produtos com as tendências de consumo atuais influenciadas por algoritmos de redes sociais como o TikTok.
Tanner observou que a abordagem usada pela Pop Mart permite que os consumidores façam compras sem a necessidade de escolhas complexas. A empresa, que ainda está em fase de construção de sua base de clientes, não tem um histórico extenso como alguns de seus concorrentes ocidentais.
A Pop Mart planeja expandir sua presença global com a abertura de pelo menos 50 novas lojas em 2025. Os analistas da Morningstar estimam que a receita gerada fora da China alcançará 70% da receita total da empresa até 2034, subindo de 39% registrado em 2024.
Em resposta à concorrência dos Lafufus, a Pop Mart possui estratégias para destacar suas ofertas originais. Recentemente, o CEO Wang Ning revelou a intenção de lançar uma versão ainda menor do personagem, similar às populares estatuetas Sonny Angel. Espera-se que os mini-Labubus sejam disponibilizados em breve, resultando em um aumento de 14% nas ações da empresa após o anúncio.
Percepções sobre a Popularidade do Labubu
Madonna recentemente apresentou um bolo de aniversário inspirador chamado “Madudu” e fantasias de Labubu foram vistas em festas. Contudo, a presença dos Lafufus destaca a peculiaridade das imitações, que apresentam características únicas, como rostos desalinhados e proporções estranhas.
Chamorro, a residente da Flórida, possui um Labubu autêntico, mas afirma que seu Lafufu conquistou seu coração, especialmente por ter sido comprado em um posto de gasolina local.
Assim, por ora, ela não se mostra preocupada com os lançamentos oficiais da Pop Mart. “Não sei se daqui a um ano eles ainda serão tão populares. Acredito que isso é mais uma tendência passageira e, sinceramente, não pretendo comprar outro, pois são difíceis de conseguir,” afirmou Chamorro.
