Aqui está uma sugestão de reescrita para o título:"Como surgiu, quem está endividado e por que BBAS3 enfrenta quedas na Bolsa – Negócios – Estadão E-Investidor – Principais notícias do mercado financeiro."

Crise agrícola do Banco do Brasil (BBAS3) pode beneficiar bancos privados? Compreenda.

by Beatriz Fontes
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Situação Atual do Banco do Brasil

O Banco do Brasil (BB) atualmente atende 808 clientes em recuperação judicial, que somam dívidas de R$ 5,4 bilhões. A maioria desses clientes é composta por produtores de alta renda das regiões Centro-Oeste e Sul do país, afetados por secas e enchentes, especialmente no Rio Grande do Sul. Além desse grupo, há 20 mil clientes inadimplentes na carteira agro, de um total de um milhão.

Aumento nos Pedidos de Recuperação Judicial

Os pedidos de recuperação judicial aumentaram após a atualização da Lei de Falências em 2020, que permitiu que produtores rurais pessoas físicas utilizassem esse recurso. No primeiro trimestre de 2025 (1T25), 389 produtores solicitaram recuperação judicial ao banco, marcando um aumento de 21,5% em relação ao final de 2024.

Especialistas apontam que parte desse aumento está relacionada a escritórios de advocacia regionais que incentivam o uso do mecanismo, o que pode estar gerando um problema de risco moral. O Itaú BBA, em relatório, alertou que alguns produtores podem estar em condições de pagar as dívidas, mas estão menos dispostos a fazê-lo devido à facilidade para renegociar ou entrar em recuperação.

Fatores Contribuintes para a Inadimplência

De acordo com especialistas, a situação atual é resultado de uma combinação de fatores. A queda nos preços das commodities agrícolas, o aumento dos custos com insumos e eventos climáticos adversos já haviam diminuído a capacidade de pagamento dos produtores nos últimos anos. A raiz do problema remonta a 2020, quando muitos produtores se endividaram durante a pandemia da COVID-19. O crédito abundante oferecido por bancos e pelo governo evitou uma crise financeira generalizada, mas deixou um legado de dívidas pesadas.

A alta da taxa básica de juros, que saltou de 2% para 15% ao ano, afetou a capacidade financeira dos produtores, levando muitos a atrasarem seus compromissos.

Possibilidade de Entrada de Outros Bancos no Setor Agro

Fragilidade do Banco do Brasil e Oportunidades para Bancos Privados

Leonardo Roesler, gestor de empresas e sócio do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), afirma que a crise no Banco do Brasil evidencia uma fragilidade que pode favorecer a entrada de bancos privados no agronegócio. Segundo ele, a dificuldade enfrentada pelo setor é tão significativa que compromete a posição histórica do BB como principal financiador do crédito agrícola.

Roesler menciona que bancos privados como Itaú, Bradesco e Santander têm potencial para ocupar parte do espaço deixado pelo Banco do Brasil. Esses bancos possuem maior estabilidade financeira, acesso a recursos modernos e capacidade para estruturar produtos competitivos, especialmente em um momento de diversificação no financiamento do setor. No entanto, ele ressalta que a entrada desses bancos depende do apetite de risco, disposição para lidar com a complexidade do atendimento aos produtores rurais e capacidade de desenvolver linhas adequadas de financiamento.

Robson Casagrande, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, também acredita que o espaço deixado pelo Banco do Brasil pode ser preenchido por bancos privados, mas de maneira seletiva e gradual. Ele observa que o agronegócio é essencial para a economia brasileira, e bancos privados demonstram interesse em aumentar sua participação nesse setor, focando em grandes produtores com histórico de crédito positivo e boas garantias.

Além disso, o especialista destaca que a presença do Banco do Brasil é difícil de ser substituída no curto prazo devido à sua capilaridade e expertise acumulada ao longo dos anos. Os bancos privados terão que ser cuidadosos e atuar em nichos de menor risco para conquistar a confiança dos produtores, conhecidos por seu conservadorismo e valorização de relacionamentos de longo prazo.

Oportunidade Rápida no Mercado Financeiro

Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos da mesa proprietária Axia Investing, afirma que oportunidades no mercado financeiro tendem a ser rapidamente ocupadas. Com os altos índices de inadimplência no crédito agro, bancos que optarem por entrar nesse setor deverão exigir garantias maiores ou taxas de juros mais elevadas para assumir o mesmo risco.

De acordo com Sant’Anna, o agronegócio é uma tradição do Banco do Brasil. Ele vê os bancos privados como capazes de “tapar um buraco” no setor, especialmente na contratação de máquinas e equipamentos, mas não prevê um foco atual deles no financiamento para produtores rurais.

Ações do Banco do Brasil para Reduzir Inadimplência

Estratégias Necessárias para Superar a Crise

Na visão de Roesler, o Banco do Brasil precisa ir além da simples renegociação de dívidas. Para reverter a situação de inadimplência, a instituição deverá ampliar o uso de seguros agrícolas, ajustar as condições de crédito com base no perfil e histórico de cada produtor e investir em programas de orientação financeira e gestão. Ademais, é importante desenvolver soluções que integrem risco e produção, proporcionando previsibilidade e suporte aos clientes.

Por sua vez, Casagrande sugere que o Banco do Brasil implemente ações que priorizem a qualidade na concessão de crédito, priorizando critérios mais rigorosos. Ele destaca que a celeridade na execução das garantias é crucial para preservar o valor dos ativos, e o fortalecimento do relacionamento com os produtores pode ajudar a evitar novos atrasos. O uso de tecnologias como big data e inteligência artificial também pode aprimorar a avaliação de crédito e o monitoramento da saúde financeira dos clientes.

Potencial do Plano Safra

O Plano Safra, anunciado pelo governo e que disponibilizará recursos bilionários até 2026, é visto como uma possível solução para a situação crítica do banco. Especialistas afirmam que pode reduzir a pressão sobre o agronegócio, mas sua eficácia depende da aplicação ágil e de direcionamento adequado. A inadimplência pode continuar a aumentar se os créditos não forem liberados rapidamente e adaptados às necessidades dos produtores.

Gustavo Rabello, sócio de mercado de capitais do SouzaOkawa Advogados, concorda que o Plano Safra oferece liquidez e taxas de juros mais competitivas, oferecendo um respiro importante aos produtores. Contudo, ele ressalta que não é uma solução isolada para os riscos relacionados a preços ou questões climáticas. Para realmente minimizar o risco de inadimplência, é essencial combinar crédito subsidiado com operações estruturadas no mercado de capitais, que sejam bem avaliadas e com garantias sólidas.

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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