Relatório de Empregos de Agosto
O relatório de empregos de agosto, que será divulgado na próxima semana, representa um desafio significativo para um mercado de ações que alcançou recordes históricos, enquanto se aproxima de um mês tradicionalmente desafiador para as equities. A questão da independência da Reserva Federal também contribuirá para os desafios de curto prazo. No que diz respeito à política monetária, os riscos associados aos números de empregos não agrícolas são elevados.
Expectativas do Mercado
No entendimento de Wall Street, um corte nas taxas de juros na reunião de setembro do Fed é considerado garantido. Os mercados estavam precificando uma redução de um quarto de ponto percentual na reunião prevista para os dias 16 e 17 de setembro. Contudo, os traders estão começando a questionar o que esperar no futuro. Com todas as reuniões do Fed programadas até o final do ano esperando ser passíveis de mudanças, cada divulgação econômica está recebendo atenção redobrada.
Dados de Julho e suas Implicações
Os dados de empregos de julho foram particularmente fracos, levando o Presidente Donald Trump a demitir o comissário do U.S. Bureau of Labor Statistics, o que gerou preocupações sobre a possibilidade de interferência governamental. As informações também levantaram dúvidas sobre a saúde da economia dos EUA em função das tarifas, uma situação que investidores pessimistas acreditam que o mercado de ações não está considerando de forma adequada. Os dados de emprego de sexta-feira poderão confirmar se as preocupações são justas ou se há resiliência suficiente no consumo americano.
Prognósticos e Preocupações
Apesar das fraquezas observadas no mercado de trabalho no mês passado, a taxa de emprego permanece próxima do pleno emprego. A inflação, embora persistente em muitos setores, ainda não se mostrou alarmante para os investidores. John Belton, gestor de portfólio da Gabelli Growth Innovators ETF, perguntou: "Este é apenas um caso de um mercado de trabalho estagnado ou estamos começando a ver uma deterioração real?" Ele também alertou que quando o mercado de trabalho começa a deteriorar, tende a piorar rapidamente.
Economistas consultados pela Dow Jones projetam que a economia dos EUA adicionou 75 mil empregos em agosto, um número considerado fraco, mas levemente superior aos 73 mil do mês anterior. A taxa de desemprego também deve subir para 4,3%, frente a 4,2%.
Independência da Reserva Federal
Outra questão que os investidores terão que enfrentar após o feriado é o futuro da independência da Reserva Federal. Até o momento, as ações têm ignorado os esforços de Trump para interferir no banco central dos EUA. Muitos traders permanecem confiantes de que a independência da Fed, um princípio fundamental, será mantida. No entanto, mais investidores estão se preocupando com as tentativas da atual administração de substituir membros do conselho da Fed por novos indicados. A audiência judicial que buscou barrar Trump de demitir Lisa Cook terminou sem uma decisão, e essa disputa legal continuará a ser monitorada por Wall Street.
Repercussões nos Mercados
A possível nomeação de Stephen Miran, indicado por Trump, que terá sua audiência marcada para o dia 4 de setembro, pode desestabilizar Wall Street na próxima semana. Belton comentou: "Considero alarmantes muitas das ações da administração em relação à independência da Fed". Ele destacou que a perda da independência da Reserva Federal seria um grande negativo para os mercados, aumentando o prêmio de risco nos ativos americanos.
Em meio a essa incerteza política, alguns ativos podem se beneficiar. O ouro, por exemplo, poderia atingir US$ 4.000 por onça no curto e médio prazo, segundo o Bank of America, em resposta às ameaças de Trump. O ativo de refúgio já subiu mais de 30% neste ano.
Expectativas do Mercado
O S&P 500 alcançou um recorde ao ultrapassar 6.500 pela primeira vez, superando a previsão média de final de ano, embora ainda haja quatro meses até 2025. Espera-se que o índice termine o ano em 6.392, com uma previsão mediana de 6.500, segundo a pesquisa de estrategistas de mercado da CNBC. As expectativas variam, com a previsão mais alta, de 7.100, vinda de John Stoltzfus, da Oppenheimer, e a mais baixa, de 5.600, de Julian Emanuel, da Evercore ISI.
Desempenho do S&P 500
A situação do S&P 500 é delicada à medida que se aproxima de setembro, o mês sazonalmente mais desafiador para as ações. O Stock Trader’s Almanac revela que o S&P 500 teve uma média de queda de 0,7% em setembro desde 1950, tanto em anos gerais quanto em anos eleitorais. Nos últimos cinco anos, a média de queda foi de 4,2%.
Apesar de as ações estarem com tendência de baixa na sexta-feira, agosto se encerra com ganhos. O Dow Jones Industrial Average teve um avanço de 3% no mês, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq Composite subiram mais de 1% cada um.
Agenda da Semana
A próxima semana será encurtada devido ao feriado, com os mercados fechados na segunda-feira em função do Dia do Trabalho.
Calendário da Semana: Todos os horários em ET
- Segunda, 1º de setembro
Terça, 2 de setembro
- 9h45: PMI de Manufatura S&P (Agosto)
- 10h: Gastos em Construção (Julho)
- 10h: ISM Manufacturing (Agosto)
Quarta, 3 de setembro
- 10h: Pedidos de Bens Duráveis (Julho)
- 10h: Pedidos Industriais (Julho)
- 10h: JOLTS Aberturas de Vagas (Julho)
- 14h: Livro Bege do Fed
- Resultados: Hewlett Packard Enterprise, Salesforce, Campbell’s, Dollar Tree
Quinta, 4 de setembro
- 8h15: Pesquisa de Emprego ADP (Agosto)
- 8h30: Pedidos de Seguro-desemprego Continuados (23/08)
- 8h30: Pedidos Iniciais (30/08)
- 8h30: Custos Unitários de Trabalho (2º Trimestre)
- 8h30: Produtividade final (2º Trimestre)
- 8h30: Balança Comercial (Julho)
- 9h45: PMI Composto S&P Final (Agosto)
- 9h45: PMI de Serviços S&P Final (Agosto)
- 10h: PMI de Serviços ISM (Agosto)
- Resultados: Broadcom
- Sexta, 5 de setembro
- 8h30: Relatório de Empregos de agosto