Ajustes na Previsão do PIB do Brasil
A Fitch Ratings revisou sua previsão para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, passando de 2,5% para 2,3% para o ano atual. Essa alteração reflete um impacto dos juros altos na atividade econômica que é maior do que o estimado anteriormente. Para o ano de 2026, a expectativa foi ajustada de 2% para 1,9%.
Em um relatório recente sobre a economia global, a agência de classificação de risco reavaliou as previsões previamente feitas ao Brasil em junho. Naquela ocasião, a Fitch reafirmou o rating do país em BB, dois níveis abaixo do grau de investimento, e manteve uma perspectiva estável.
Conforme já havia declarado Shelly Shetty, chefe de ratings soberanos da Fitch para as Américas e Ásia, em um evento realizado na manhã de terça-feira em São Paulo, a agência indica em seu relatório que o choque decorrente das tarifas americanas tem tendência a se mostrar modesto para o Brasil.
Desempenho do PIB no Segundo Trimestre
O resultado do PIB no segundo trimestre, que apresentou crescimento de 0,4% na margem, ficou abaixo das projeções feitas pela Fitch em junho. A avaliação feita pela agência sugere que a alta da taxa Selic, que alcançou 15%, está limitando a tração da economia brasileira.
A Fitch prevê que a taxa atual permaneça até o final deste ano, com uma expectativa de que, no início de 2026, o Banco Central inicie cortes nos juros, reduzindo a Selic para 12% até o final do próximo ano.
Antes da concretização desse cenário, a Fitch indica que a tendência é que os juros continuem tendo um impacto negativo sobre o consumo doméstico. Apesar de um mercado de trabalho aquecido, a agência observa que houve uma desaceleração no crescimento dos salários e da renda.
Adicionalmente, a instituição destaca que o terceiro trimestre começou com indicadores de alta frequência que demonstram performance fraca.
Efeitos do Aumento das Tarifas Americanas
Por outro lado, a Fitch enfatiza que o aumento da tarifa sobre produtos brasileiros no mercado americano, que foi elevado para 50%, deve ter um efeito limitado sobre o crescimento econômico do Brasil, que apresenta baixa dependência das relações comerciais com os Estados Unidos.
Além disso, a agência destaca que diversos produtos foram incluídos na lista de exceções à tarifa máxima, o que pode mitigar ainda mais os impactos no crescimento econômico.
Quadro Fiscal e de Inflação
Com relação ao aspecto fiscal, a Fitch menciona a possibilidade de um aumento da pressão por estímulos antes das eleições programadas para o próximo ano. No entanto, observa que o orçamento federal do Brasil para 2026 prevê uma melhora modesta no resultado das contas primárias, o que indicaria a ausência de um impulso fiscal significativo.
A agência conclui seus comentários sobre a economia brasileira ao ressaltar que a inflação no país, que se manteve consistentemente acima da meta estabelecida pelo Banco Central (que é de 3%), começa a mostrar uma desaceleração modesta nos núcleos inflacionários.
Agora, a Fitch espera que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelere ainda mais, finalizando o ano de 2025 em 4,9%, em vez de 5,5% como havia sido previsto anteriormente.