Complexos Habitacionais e Política Econômica na China
Cenário Atual da Construção
Em 20 de outubro de 2025, um novo complexo residencial estava em construção em Hangzhou, na província de Zhejiang, na China. O setor imobiliário, no entanto, enfrenta desafios significativos. Especialistas consultados pela CNBC indicaram que é improvável que os formuladores de políticas chineses adotem medidas para fortalecer o setor imobiliário em dificuldades, mesmo com a desaceleração no crescimento econômico associada à crise habitacional.
Reunião do Comitê Central
A análise ocorre em um momento em que os principais líderes da China, conhecidos como Comitê Central, estão prestes a concluir uma reunião de quatro dias, cujo objetivo é estabelecer prioridades para os próximos cinco anos. De acordo com Ning Zhu, autor do livro "A Bolha Garantida da China", o governo considera que a pressão do setor imobiliário sobre o crescimento econômico diminuiu, enquanto o desenvolvimento tecnológico se tornou uma prioridade mais urgente no atual cenário geopolítico. Zhu acredita que isso indica que Pequim não deve implementar suporte mais robusto para o setor imobiliário.
Preocupações com a Dívida do Setor
Após anos de preocupação em relação à dívida dos desenvolvedores imobiliários que levaram a uma repressão por parte de Pequim, a mídia estatal chinesa informou, no início deste mês, que "os riscos em áreas-chave foram efetivamente prevenidos e mitigados", conforme traduzido pela CNBC. Essa informação foi apresentada em uma série de reportagens que destacam conquistas dos últimos cinco anos e promovem a busca de oportunidades no setor tecnológico. Essa visão ressalta uma divergência significativa entre a perspectiva oficial de Beijing e a interpretação de muitos analistas.
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🌎 Abrir minha conta NomadDivergência nas Opiniões
Zhu afirmou: "O governo acredita que o mercado imobiliário está chegando ao fundo do poço. Eu acredito que é um processo gradual e pode levar mais tempo até que isso ocorra." A realidade dos números recentes parece contradizer essa crença otimista.
Dados Recentes sobre Produção e Investimentos
No início da semana, o Escritório Nacional de Estatísticas da China divulgou dados que mostram que a manufatura de alta tecnologia cresceu 9,6% nos três primeiros trimestres do ano, em comparação com o mesmo período de 2024, superando o crescimento de 6,2% na produção industrial total. No entanto, o investimento em imóveis caiu 13,9% nos três primeiros trimestres em comparação com o ano anterior, estendendo a queda do setor até setembro. Esse declínio fez com que o investimento em ativos fixos entrasse em território negativo, sendo essa a única queda registrada, excluindo o período da pandemia de Covid-19.
Expectativas e Desafios Futuros
Com pouco mais de um ano desde que Beijing pediu uma "pausa" na queda do setor imobiliário, ainda há poucos sinais de recuperação. Lulu Shi, diretora da Fitch Ratings, comentou que é "difícil dizer quando" o setor imobiliário atingirá o fundo. Ela observou: "A população geral, a demografia, a situação do emprego e o estoque habitacional estão todos piorando." A taxa de natalidade em queda da China aponta para uma demanda habitacional mais fraca no futuro, enquanto a incerteza quanto ao emprego e ao crescimento da renda impacta negativamente a confiança dos compradores de imóveis no curto prazo.
Queda nos Preços dos Imóveis
Impacto na Percepção dos Compradores
A queda nos preços dos imóveis ao longo dos últimos dois anos também tem afetado a confiança dos compradores, revertendo décadas de ganhos que anteriormente alimentaram intensa especulação no mercado imobiliário. A média ponderada dos preços de novos imóveis em setembro caiu 2,7% em relação ao mês anterior e em termos anuais, de acordo com uma análise da Goldman Sachs baseada em dados oficiais das 70 maiores cidades da China. Essa queda foi mais acentuada do que a redução de 2,1% observada em agosto.
Preços dos Imóveis Secundários
Os preços de imóveis "secundários", que já foram vendidos uma vez, experimentaram uma queda ainda maior, variando entre 5% e 20% ao longo do último ano. Bruce Pang, professor associado na CUHK Business School, destacou que Beijing deve se concentrar menos em políticas para o setor imobiliário, seja em termos de suporte adicional ou em desincentivar a especulação nesse mercado. Ele enfatizou que os planos de longo prazo da China, como os próximos cinco anos, tendem a buscar novas abordagens de crescimento.
Reações às Medidas de Alívio
As medidas de alívio introduzidas em agosto, que incluíram a flexibilização das restrições à compra de múltiplos imóveis em cidades importantes, pouco ajudaram a melhorar a confiança no setor. As mudanças nas políticas se aplicaram principalmente às áreas periféricas das cidades, não atingindo as regiões centrais mais atrativas.
Previsões do Setor
Em relação ao suporte político considerado abaixo das expectativas, a S&P Global Ratings previu, no início deste mês, que as vendas de imóveis cairão 8% este ano, superando estimativas anteriores. A expectativa é de uma nova queda de pelo menos 6% no próximo ano, enquanto o fundo do mercado continua evasivo. A Moody’s Ratings também prevê que as vendas de imóveis na China diminuam em dígitos únicos nos próximos 12 a 18 meses. Essa previsão é baseada na diminuição da demanda de compradores que esperavam um afrouxamento das políticas, conforme indicado por Daniel Zhou, vice-presidente assistente e analista da Moody’s Ratings. Ele afirmou que o mercado imobiliário deve gradualmente se estabilizar a longo prazo sob as políticas atualmente em vigor.
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🌎 Abrir minha conta NomadImpacto Econômico Geral
Efeitos no Crescimento Econômico da China
A recessão no setor imobiliário continua a exercer uma pressão significativa sobre a economia da China, mesmo com o papel desse setor tendo diminuído de mais de um quarto da produção total. Com as vendas de propriedades caindo aproximadamente pela metade nos últimos anos, a manufatura e as exportações ajudaram a compensar essa queda.
Divergência Entre Setores
Larry Hu, economista-chefe da Macquarie para a China, observou que a economia do país permanece em um modo de "duas velocidades", com consumo e imóvel na trajetória fraca e exportações e manufatura na trajetória forte. Esse padrão deve persistir até que os formuladores de políticas não consigam mais depender da demanda externa para fomentar o crescimento.
Exportações na Contramão
Até o momento, as exportações chinesas mantiveram-se inesperadamente fortes este ano, apresentando um crescimento de 8,3% em setembro em comparação ao ano anterior, apesar de uma queda de 27% nas remessas de produtos para os Estados Unidos. Em relação ao setor imobiliário, Shi afirmou que "é muito difícil observar uma tendência de crescimento". Ela acredita que haverá mais políticas, mas não é provável que uma única política mude a situação inteira.
Eventualmente, uma vez que a queda nos preços das casas diminua, ela espera que mais compradores retornem gradualmente ao mercado habitacional.
Fonte: www.cnbc.com
