Cosan e Atualizações Recentes no Mercado
A Cosan (CSAN3) tem gerado grande interesse nas notícias econômicas recentes devido a atualizações significativas sobre o aumento de capital da Raízen, a venda de usinas de sua subsidiária e os eventos relacionados à Operação Carbono Oculto. Esses acontecimentos estão sendo observados de perto por analistas de mercado.
Na avaliação do CIO da Empiricus Research, Felipe Miranda, os três eventos mencionados são vistas como um reflexo positivo, indicando que a Cosan está superando os momentos mais difíceis de sua trajetória recente.
Para uma compreensão mais aprofundada sobre o impacto de cada um desses eventos na empresa e para proporcionar uma visão mais ampla sobre recomendações de investimentos, siga adiante na leitura.
Usinas da Raízen Vendidas por R$ 1,5 Bilhão
No dia 29 de setembro, a Raízen divulgou a venda das usinas Rio Brilhante e Passa Tempo, localizadas no Mato Grosso do Sul, por um total de R$ 1,5 bilhão. Desse montante, R$ 1,3 bilhão estão relacionados aos ativos, enquanto R$ 218 milhões correspondem às atividades de manutenção do ciclo de safra atual.
Este negócio se destaca como o desinvestimento mais relevante da Raízen, que é a principal subsidiária da Cosan, conforme observou Miranda. A venda já iniciou uma reação positiva por parte do mercado.
“Com essa transação, os desinvestimentos já totalizam R$ 4,4 bilhões. É importante lembrar que a companhia planeja levantar entre R$ 10 e R$ 15 bilhões; portanto, mais vendas estão por vir”, comentou o analista.
Miranda enfatiza que acordos similares devem se manter como parte da estratégia de desalavancagem da Raízen, privilegiando uma gestão focada em ativos rentáveis e na racionalização do portfólio. “Nossa vigilância sobre o processo de ajustes no portfólio vai continuar nos próximos meses – ainda terão que ser realizadas mais vendas, e de maior magnitude”, avaliou ele, citando a operação da companhia na Argentina, que pode gerar entre R$ 5 e R$ 10 bilhões.
Raízen e a Possibilidade de Venda de Participação para a Mitsubishi
Na terça-feira, dia 2 de outubro, a Bloomberg trouxe à tona a informação sobre o suposto interesse da Mitsubishi em participar do aumento de capital da Raízen, circunstância que poderia acelerar ainda mais o processo de desalavancagem da empresa. De acordo com a notícia, a Raízen tem como objetivo levantar a quantia de R$ 10 bilhões neste contexto.
Por meio de um comunicado oficial, a Raízen esclareceu que, até o presente momento, não existe um acordo vinculativo, tornando as informações divulgadas uma especulação. Contudo, essa possível movimentação pode sinalizar que há investidores estratégicos genuinamente interessados nos ativos da companhia. “Caso a capitalização ocorra, especialmente considerando os valores mencionados, entendemos que a informação é benéfica para a Cosan – ainda que haja diluição”, ressaltou o CIO da Empiricus.
Operação Carbono Oculto e seu Impacto no Mercado
Outro fator que animou o mercado em relação à Cosan é a Operação Carbono Oculto, que visa combater práticas de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.
Essa operação desvendou fraudes ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que movimentaram aproximadamente R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, através de importadoras de combustíveis, formuladoras, distribuidoras, transportadoras e postos de gasolina, estabelecendo uma concorrência desleal no setor.
Com um total de 350 alvos da Operação Carbono Oculto, foram bloqueados mais de R$ 1 bilhão em bens associados ao esquema investigado. A Receita Federal impôs autuações aos investigados no valor total de R$ 891 milhões, enquanto o governo busca congelar bens de valor suficiente para cobrir os impostos que não foram pagos.
De acordo com Miranda, essa ação pode contribuir significativamente para melhorar o ambiente competitivo da Raízen. “As empresas sob investigação representam cerca de 3% do mercado de distribuição de combustíveis em 2024, com 1% relacionado ao diesel, 3% à gasolina e 10% ao etanol. Com suas operações prejudicadas, isso se traduz em menos concorrência desleal para distribuidoras legais, como a Raízen”, acrescentou.
“As investigações continuam, mas um grande avanço foi alcançado, melhorando os fundamentos do setor”, concluiu.