Acordo de Preços de Medicamentos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um acordo com a Pfizer, que resulta na diminuição voluntária dos preços dos medicamentos nos EUA. O anúncio foi feito em 30 de setembro de 2025, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington. O acordo inclui uma isenção de três anos de tarifas específicas para produtos farmacêuticos, desde que a empresa invista em fabricação nacional. A Pfizer comprometeu-se a investir US$ 70 bilhões em fabricação e pesquisa nos EUA, além de investimentos anteriores.
Impactos no Setor Farmacêutico
Esse acordo trouxe alívio e clareza para a Pfizer e para a indústria farmacêutica de forma mais ampla, sinalizando que muitas empresas do setor poderiam negociar acordos semelhantes que as tornariam imunes a sobretaxas durante a maior parte do mandato de Trump. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, informou que tentará garantir essas acordos de preços de medicamentos antes de impor tarifas. Ele declarou que permitirá que as empresas concluam suas negociações com a administração antes da implementação de tarifas específicas para produtos farmacêuticos, sob a autoridade legal conhecida como Seção 232.
Trump indicou que está em conversações com outros fabricantes de medicamentos para assegurar acordos semelhantes na próxima semana, e a Casa Branca confirmou que a Eli Lilly deverá ser a próxima a firmar um acordo de preços de medicamentos. A maioria das principais empresas farmacêuticas, incluindo Eli Lilly, Johnson & Johnson, AstraZeneca, AbbVie, Roche, Novo Nordisk e Amgen, revelou novos investimentos em instalações de fabricação ou pesquisa nos EUA nos últimos meses, como forma de fortalecer a relação com a presidência.
Reação do Mercado
As ações da Pfizer e de vários outros fabricantes de medicamentos apresentaram alta na bolsa após o anúncio do acordo. O valor das ações da Eli Lilly subiu 5%, enquanto as ações da AbbVie e AstraZeneca aumentaram mais de 3%. Os papéis da Johnson & Johnson e da Bristol Myers Squibb também apresentaram aumento superior a 2%.
Analistas da BMO Capital Markets afirmaram que o acordo da Pfizer traz certeza à indústria farmacêutica e desloca as políticas do presidente em potencial para longe das tarifas sobre produtos farmacêuticos. Um analista da JPMorgan mencionou que não seria surpreendente ver um número de acordos semelhantes surgindo a fim de diminuir as incertezas em relação à política do "maior favorecimento" e às tarifas.
Políticas de Preços e Ações do Governo
Em maio, Trump assinou uma ordem executiva que revivia um plano controverso, que visa vincular os preços de certos medicamentos nos EUA aos preços significativamente mais baixos encontrados no exterior. Como parte desse esforço, Trump enviou cartas a 17 fabricantes de medicamentos, incluindo a Pfizer, solicitando que reduzessem os preços dos medicamentos até 29 de setembro.
Os Riscos do "Maior Favorecimento"
O acordo celebrado na terça-feira trouxe também um aspecto positivo para algumas empresas do setor farmacêutico. A Pfizer concordou em vender seus medicamentos existentes a pacientes do Medicaid pelo menor preço oferecido em outros países desenvolvidos, ou seja, o que Trump denomina preço de "maior favorecimento". Um analista da Leerink Partners destacou que a questão do preço de "maior favorecimento" para o Medicaid é "altamente gerenciável" para a Pfizer, pois os preços do Medicaid já são semelhantes aos níveis internacionais para a maioria dos medicamentos.
O Medicaid representa menos de 5% das vendas nos EUA da Pfizer e uma porcentagem ainda menor das vendas globais. Outros grandes fabricantes de medicamentos têm situações semelhantes; por exemplo, o Medicaid compõe menos de 5% das vendas nos EUA da Bristol Myers Squibb, menos de 7% da receita doméstica da Regeneron e cerca de 8% das vendas domésticas da Lilly e AbbVie. Para todas as empresas como Johnson & Johnson, Merck, Amgen e Biogen, o Medicaid representa aproximadamente ou menos que 10% de suas vendas nos EUA.
A Gilead é uma das empresas com maior exposição ao Medicaid, com o programa representando cerca de 20% de suas vendas domésticas. Isso é particularmente relevante para a Gilead, uma vez que o Medicaid desempenha um grande papel na prevenção e tratamento da infecção pelo HIV, especialmente entre populações vulneráveis, que é um foco central da empresa.
Garantias e Implicações do Acordo
Outro aspecto do acordo da Pfizer envolve garantir o mesmo preço de "maior favorecimento" para novos medicamentos direcionados ao Medicare, Medicaid e pagadores comerciais. No entanto, um analista sugere que o impacto dessa cláusula será limitado, já que se espera que a Pfizer e a indústria em geral aumentem os preços de novos medicamentos no exterior, em vez de reduzi-los nos EUA. Este analista destacou que a aplicação do preço de "maior favorecimento" provavelmente se aplicará a um número reduzido de tratamentos a cada ano e é "muito mais digerível" para a empresa do que uma ampla implementação para produtos já disponíveis no mercado.
Fonte: www.cnbc.com