Desafios e Oportunidades para Javier Milei Após Eleições
Resultado das Eleições e Formação de Coalizão
A aliança libertária do presidente argentino Javier Milei conquistou avanços significativos nas eleições de meio de mandato, realizadas no domingo (26). Entretanto, ele agora se depara com o desafio de demonstrar sua capacidade de construir uma coalizão que possa viabilizar as reformas desejadas pelos investidores, conforme analisam especialistas e parlamentares.
A votação teve um impacto transformador no partido La Libertad Avanza (LLA), o pequeno partido de Milei, que, a partir de agora, se torna um bloco considerável capaz de defender veto presidencial a iniciativas propostas pela oposição peronista, que visam reverter medidas de controle de gasto. A justificativa para isso é de que tais medidas prejudicariam a produção local.
Apesar deste fortalecimento, Milei se vê na necessidade de recrutar aliados que o ajudem a implementar mudanças significativas nas políticas públicas, incluindo reformas fiscais e trabalhistas que visam ser aprovadas em breve.

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🌎 Abrir minha conta NomadDesafios Legislativos e Discurso de Vitória
O partido de Milei continuará sem a maioria nas duas casas legislativas a partir da posse dos novos parlamentares, agendada para 10 de dezembro. Em seu discurso de vitória, o presidente eleito enfatizou a importância de formar parcerias.
Entretanto, as propostas de um político conhecido por sua postura desafiadora, que frequentemente opta por trilhar seu próprio caminho, encontram resistência entre parlamentares de outros partidos.
De acordo com Pablo Yedlin, membro da câmara baixa do Congresso pela oposição peronista na província de Tucumán, "depende de como ele usa seu sucesso". Yedlin expressou que seria bem-vindo qualquer esforço que Milei fizesse para construir consenso e atender às necessidades das províncias e da população argentina.
Necessidade de Parcerias e Fortalecimento da Aliança
A formação de futuras parcerias, incluindo alianças com partidos centristas e provinciais, como o PRO (Proposta Republicana), liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri, será fundamental nesse processo, segundo os analistas. Em conjunto, o PRO e o LLA detêm 104 assentos na câmara baixa do Congresso, número ainda insuficiente para alcançar a maioria simples de 129 votos.
Segundo Mariano Machado, da consultoria de risco Verisk Maplecroft, essa aliança pode servir como um “veículo viável, mas frágil, para a reforma”, contanto que rivalidades pessoais e negociações regionais não comprometam a unidade do bloco.
Santiago Pauli, deputado da LLA na província de Tierra del Fuego, também destacou a necessidade de colaborações, reforçando que "para implementar reformas complexas e profundas, precisamos de apoio". Contudo, Pauli ressaltou sua firme posição em favor da disciplina fiscal, advertindo contra quaisquer compromissos que possam ameaçar o superávit orçamentário da Argentina, alcançado pela primeira vez em mais de uma década.
Propostas de Reforma e Ceticismo
Nas próximas semanas, a atenção do público se voltará para a proposta de reforma do gabinete do presidente, que deverá ser apresentada antes do dia 10 de dezembro. Nesse contexto, Milei já sinalizou que pretende adotar medidas que facilitem as negociações nas duas casas legislativas.

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🌎 Abrir minha conta NomadEntretanto, existe um certo grau de ceticismo entre as partes envolvidas. Francisco Sánchez, ex-deputado do PRO e ex-secretário de Culto no governo de Milei, cuja passagem pelo cargo foi breve devido a questões pessoais, questionou a habilidade do presidente em gerar consenso.
"É improvável que ele ceda em questões fundamentais, como austeridade fiscal, reforma do Estado e desregulamentação econômica", afirmou Sánchez. "Ele precisa demonstrar que pode manter relações políticas estáveis, algo que vai além de estratégias táticas."
Reformas Fiscais e Trabalhistas
Uma das prioridades de Milei após a metade do mandato será a simplificação do complexo sistema tributário argentino. Entre essas medidas, provavelmente incluir-se-á a redução ou eliminação de impostos, uma ação voltada ao aumento da produtividade.
Além disso, o presidente pretende revisar as leis trabalhistas para conceder aos empregadores maior flexibilidade na contratação e demissão de funcionários, bem como na extensão da jornada de trabalho legal. Propostas podem incluir a divisão dos dias de férias e a possibilidade de pagamentos parciais em formas não monetárias.
Analistas afirmam que a simplificação da cobrança de tributos pode ser viável, mas obter apoio para as reformas trabalhistas, que têm potencial de serem impopulares entre o público, representa um desafio ainda mais complexo.
Uma das propostas sugere a transferência da jurisdição sobre disputas trabalhistas dos tribunais federais para os locais. Entretanto, críticos argumentam que isso poderia enfraquecer as proteções aos trabalhadores e propiciar decisões benéficas apenas para os empregadores.
Dificuldades e Crescimento Econômico
Milei poderá enfrentar dificuldades para conseguir apoio da oposição peronista. Yedlin, o congressista de Tucumán, afirmou que, embora não se oponha a uma reforma trabalhista, acredita que o enfoque principal deve estar nas políticas macroeconômicas que promovam o crescimento da Argentina, que tem apresentado desaceleração nos últimos meses.
As fábricas em todo o país estão fechando as portas, afetadas pelas políticas de desregulamentação de Milei, que resultaram em uma concorrência crescente das importações mais baratas. "É muito difícil para a economia crescer em função do modelo de país proposto por Javier Milei, que se baseia na abertura total da alfândega, nas importações irrestritas e na destruição da indústria", concluiu Yedlin.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
