Ainda na agenda econômica de hoje, será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) referente à terceira quadrissemana do mês, juntamente com os dados de arrecadação federal de agosto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participará de uma entrevista ao ICL Notícias, em São Paulo.
No cenário internacional, também serão publicados os índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, além de dados do Japão à noite.
Ibovespa hoje: o que você precisa ficar atento nesta terça-feira (23)
Bolsas globais sugerem alta após recordes e à espera de Powell
As bolsas de valores da Europa registram alta em resposta ao avanço dos PMIs da Alemanha e da zona do euro, que apresentaram resultados superiores a 50, indicando expansão. Além disso, há movimentações no noticiário corporativo envolvendo a Heineken. Apesar disso, o PMI do Reino Unido, que ficou em 51, caiu para o menor nível dos últimos quatro meses em setembro. Esse resultado pode reforçar a expectativa de manutenção de juros estáveis por mais tempo, resultando na Bolsa de Londres sendo a que apresenta a menor alta.
Por outro lado, os índices futuros de ações em Nova York operam próximos à estabilidade, após um avanço em Wall Street que resultou em novos recordes por três pregões consecutivos. Os investidores estão atentos aos dados dos PMIs preliminares dos EUA, bem como ao discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, quase uma semana após a instituição ter realizado o primeiro corte de juros do ano.
Em meio a esse cenário, os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida dos Estados Unidos) apresentaram queda, enquanto o preço do ouro opera em alta máxima, impulsionado por expectativas de novos cortes de juros por parte do Fed. Na Ásia, as bolsas encerraram o pregão com sinais variados, com Seul e Taiwan registrando recordes.
Ata do Copom reforça tom vigilante
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira, reforçou a sua postura “vigilante” adotada na última reunião e reiterou que os próximos passos do colegiado podem ser ajustados conforme a necessidade.
No encontro da última quarta-feira, 17 de setembro, o Copom decidiu manter a taxa de juros em 15% ao ano. O comitê destacou que, para garantir a convergência da inflação em direção à meta, em um ambiente de expectativas desancoradas, é necessário um “patamar significativamente contracionista” da política monetária por um período prolongado.
O Copom também informou que está monitorando os anúncios relacionados à imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos ao Brasil, bem como os impactos das políticas fiscais internas sobre a condução da política monetária e os ativos financeiros. Essa vigilância tem reforçado a necessidade de cautela diante de um cenário mais incerto.
O cenário atual é caracterizado por expectativas desancoradas, projeções elevadas de inflação, resiliência da atividade econômica e pressões nas condições do mercado de trabalho. O colegiado frisou que essa elevada incerteza demanda cautela ao conduzir a política monetária e reafirmou sua disposição para reagir se necessário.
“O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, enfatizou o documento.
O Copom manteve as projeções de inflação acumulada em 12 meses, conforme já apresentado anteriormente. As projeções são para 2025 (4,8%), 2026 (3,6%) e o primeiro trimestre de 2027 (3,4%), sendo este último o horizonte crítico para a política monetária. Todas essas estimativas encontram-se acima do centro da meta, que é definida em 3%.
Commodities hoje: minério recua, petróleo sobe
Os contratos futuros de petróleo apresentam tendência de alta nesta manhã, revertendo uma queda registrada anteriormente. Essa recuperação pode ser vista como uma recuperação técnica após quatro sessões consecutivas de perdas. Nesta manhã, o barril do petróleo WTI para o mês de novembro apresentava uma alta de 0,96%, cotado a US$ 62,88. Já o barril do Brent para dezembro subia 0,74%, sendo negociado a US$ 66,46.
Em relação às commodities hoje, o minério de ferro negociado na Dalian Commodity Exchange para janeiro de 2026 encerrou o dia com queda de 1,23%, cotado a 802,5 yuans por tonelada, o que equivale a aproximadamente US$ 112,78.
Os American Depositary Receipts (ADRs, que permitem a investidores adquirir ações de empresas estrangeiras nos Estados Unidos) da Vale (VALE3) registraram uma queda de 0,74% no pré-mercado de Nova York nesta manhã. Por outro lado, os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) subiram 0,16%.
O que esperar do Ibovespa hoje?
O tom levemente positivo nas negociações do pré-mercado e a descida dos rendimentos dos Treasuries em Nova York podem não ser bastante para impactar os ativos brasileiros, especialmente o Índice Bovespa e os juros futuros.
Prevalecem as preocupações em relação a possíveis novas retaliações dos EUA contra o Brasil, depois que o governo americano anunciou recentemente punições a autoridades brasileiras. Assim, espera-se um discurso possivelmente mais contundente do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU nesta manhã, seguido por declarações de seu opositor, o ex-presidente Trump.
Além disso, a agenda exige atenção, começando pela ata do Copom da semana passada, que manteve a Selic em 15% ao ano e limitou as sinalizações sobre o timing para futuros cortes.
Outros dados relevantes incluem a arrecadação federal, que será divulgada um dia após a publicação do relatório de receitas e despesas. O mercado prevê que a arrecadação do governo com impostos e contribuições federais tenha alcançado R$214,5 bilhões em agosto (mediana), em comparação a R$ 201,622 bilhões em julho. As estimativas para essa leitura variam entre R$ 207,200 bilhões e R$ 219,300 bilhões.
Esses dados, entre outros que serão divulgados ao longo do dia, estarão no radar de investidores e têm potencial para impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
Fonte: einvestidor.estadao.com.br