Ata do Federal Reserve: Principais Considerações sobre a Política Monetária
A ata da mais recente decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), divulgada nesta quarta-feira, dia 8, aborda discussões sobre gerenciamento de riscos que podem impactar as perspectivas da política monetária. Os membros do comitê, em geral, concluíram que os riscos de alta para a inflação permanecem significativos, enquanto os riscos de queda para o emprego estão elevados e aumentaram.
No documento referente à reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), realizada nos dias 16 e 17 de setembro, os participantes mencionaram que, nas circunstâncias atuais, um possível afrouxamento da política monetária em demasia ou de forma precoce poderia resultar em uma inflação persistente, o que, por sua vez, desancoraria as expectativas de inflação a longo prazo, tornando ainda mais desafiadora a restauração da estabilidade de preços.
No entanto, o relatório destaca um preocupação adicional: se as taxas de política forem mantidas em níveis elevados por um período extenso, isso poderá levar a um aumento “desnecessário” do desemprego, além de desacelerar consideravelmente a economia. Diante desse cenário, os participantes enfatizaram a importância de atuar com um equilíbrio na busca pelos objetivos de emprego e inflação.
Expectativas de Inflação a Longo Prazo
A ata do Fed também observa que as expectativas de inflação de longo prazo continuam “bem ancoradas”, o que é considerado crucial para o retorno da inflação à meta de 2%. A maioria dos integrantes do comitê destacou os riscos de alta em suas projeções de inflação. Alguns participantes, entretanto, indicaram que percebem um menor risco de alta em relação a suas previsões do início do ano.
Meta de Inflação Estagnada
Os dirigentes do Federal Reserve observaram que o progresso em direção à meta de inflação emperrou neste ano, mesmo ao excluir efeitos dos aumentos tarifários, enquanto as leituras de inflação aumentaram. No documento divulgado, expressaram preocupação com a possibilidade de que, caso a inflação não retorne a suas metas em um prazo adequado, as expectativas de longo prazo possam se elevar.
Durante o encontro, os participantes notaram que a inflação aumentou desde o início do ano e está ligeiramente acima da meta de 2% estabelecida pelo comitê. Embora os dirigentes tenham concordado que os aumentos tarifários deste ano pressionaram a inflação para cima, alguns deles observaram que os efeitos até agora foram um pouco mais amenos do que o inicialmente projetado. Alguns participantes sugeriram que ganhos de produtividade poderão estar temperando pressões inflacionárias. Além disso, foi mencionado que, se desconsiderados os efeitos das elevações tarifárias, a inflação estaria próxima da meta de 2%.
Manutenção das Taxas de Juros
A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve revelou que alguns dirigentes ponderaram a possibilidade de manter as taxas de juros inalteradas durante a reunião de setembro. No entanto, a maioria dos membros indicou que provavelmente seria mais apropriado um eventual afrouxamento da política ainda neste ano.
O documento ressalta que alguns participantes concordavam com a ideia de manter a taxa dos Fed Funds fixa durante a reunião de setembro, ou poderiam ter apoiado essa decisão. O texto também destacou que Stephen Miran, um dos diretores do Fed que votou a favor de uma redução de 50 pontos-base no encontro anterior, baseou sua decisão em um enfraquecimento do mercado de trabalho observado durante a primeira metade do ano, além de crer que a inflação subjacente estava mais próxima de 2% do que os dados mostravam.
Os membros do Banco Central dos Estados Unidos reconheceram que a inflação permanece em um nível um pouco elevado. Eles também não caracterizam mais as condições do mercado de trabalho como sólidas, visto que houve uma desaceleração do emprego e um aumento na taxa de desemprego, embora ela continue baixa.
Cenário Atual do Emprego
A ata do Federal Reserve menciona que, na discussão sobre o mercado de trabalho durante a reunião do FOMC de setembro, os participantes notaram uma diminuição nos ganhos de emprego e um leve aumento na taxa de desemprego. Segundo o documento, o baixo nível de ganhos de emprego observado nos últimos meses é provavelmente um reflexo de declínios tanto na oferta quanto na demanda de trabalho, sendo a inteligência artificial citada como um dos fatores que podem estar reduzindo essa demanda.
Os integrantes do FOMC também identificaram fatores como a baixa imigração líquida e alterações na participação da força de trabalho como influências que reduzem a oferta de trabalho. Durante as discussões, foi observado que o crescimento econômico moderado e a alta incerteza nas decisões de contratações pelas empresas são fatores que podem estar inibindo a demanda por trabalho.
Embora os participantes considerassem uma série de indicadores úteis para avaliar as condições do mercado de trabalho, as leituras mais recentes não indicaram uma deterioração acentuada, embora algumas revisões sugiram uma desaceleração que ocorre há mais tempo do que foi inicialmente relatado.
Para o futuro do mercado de trabalho, os participantes do FOMC acreditam que, com uma política monetária adequada, as condições poderão “mudar um pouco ou suavizar modestamente”. Eles indicaram incertezas nas perspectivas do mercado de trabalho e notaram que os riscos de queda para o emprego aumentaram no período entre as reuniões.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br