Banco do Brasil (BBAS3) vai cair? Como o mercado deve reagir aos resultados.

Banco do Brasil (BBAS3) vai cair? Como o mercado deve reagir aos resultados.

by Beatriz Fontes
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banco do brasil bbas3

No que diz respeito à qualidade da carteira de crédito do BB, os sinais seguiram muito ruins (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Banco do Brasil (BBAS3) anunciou um lucro de R$ 3,8 bilhões, volume bem abaixo do esperado. Além disso, o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) alcançou apenas 8%, um dos níveis mais baixos das últimas décadas. Diante deste cenário, muitos analistas prevêm que a instituição poderá enfrentar novas dificuldades.

Análise do Desempenho das Ações

Desde o dia 1º de agosto, quando as ações do Banco do Brasil chegavam a um mínimo histórico no ano, houve uma leve recuperação, totalizando uma alta de 7%. Na sessão mais recente, o papel apresentou um incremento de quase 3%. Contudo, essa recuperação poderia ser temporária e contribuir para novas quedas no futuro.

Uma pesquisa realizada com 33 investidores pelo Safra revelou que uma significativa maioria, 88%, acredita que os resultados negativos do banco ainda não estão totalmente precificados no mercado. Um dos participantes da pesquisa indicou: “Há uma visão de que o mercado não precificou totalmente os resultados, o que em teoria abre espaço para reprecificação, seja para cima ou para baixo.”

Guidance do Banco do Brasil: Expectativas Futuras

Ao lado dos resultados financeiros, o Banco do Brasil divulgou sua nova previsão de lucro para 2025, que agora varia entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões. Antes da suspensão do guidance em maio, as projeções estavam entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões.

De acordo com a pesquisa do Safra, se a previsão de lucro atingir o patamar de R$ 20 bilhões — cerca de 25% abaixo do consenso do sell side — haverá a possibilidade de uma reação negativa do mercado. Essa atualização pode frustrar diversos grupos de investidores, como:

  • Investidores individuais: têm sustentado entradas líquidas na ação, totalizando R$ 5,5 bilhões desde o primeiro trimestre, seguindo a estratégia de “comprar na baixa”.
  • Investidores estrangeiros: consideraram a retirada do guidance como extremamente negativa e foram os principais vendedores líquidos durante o mesmo período, de acordo com dados da B3. Este grupo tende a reagir de maneira mais intensa a fatos relevantes.

Um gestor que acompanha o setor e conversou com o Money Times destacou que os resultados do banco vieram abaixo das estimativas do consenso de mercado. No entanto, não foram tão negativos quanto alguns pessimistas já tinham previsto. “Mas o que veio, talvez, pior do que o esperado, são vários sinais de que a situação continua ruim para o Banco do Brasil”, explicou.

Incoerências nas Expectativas do Banco

Um dos pontos destacados pelo gestor foi a incoerência no guidance fornecido pelo banco. De acordo com ele, o banco sugere a adoção de um aperto nas condições de crédito, para entregar uma carteira de crédito significativamente menor do que a atual, ao mesmo tempo em que fala em acelerar a margem financeira. Essa abordagem contraditória gera insegurança sobre a viabilidade do plano.

A expectativa é que o Banco do Brasil finalize o exercício de 2025 com uma margem variando entre R$ 102 bilhões e R$ 105 bilhões.

Qualidade da Carteira de Crédito: Sinais Preocupantes

Quando se trata da qualidade da carteira de crédito, os sinais são alarmantes. O gestor ressaltou que houve um aumento na inadimplência em todas as categorias de clientes: pessoa física, pessoa jurídica e agro. Este cenário se torna ainda mais preocupante ao lado do crescimento das carteiras renegociadas e do aumento das cartas prorrogadas, especialmente no setor agro.

“Essas indicações são extremamente negativas para o futuro. Diante de todo esse cenário, ficou claro que o pior pode não ter sido superado. A análise detalhada dos números revela que ainda há resultados ruins à frente, possivelmente piores do que o próprio guidance divulgado pelo banco”, apontou o gestor.

Após a queda no lucro, o Banco do Brasil atualizou suas estimativas anteriormente suspensas, incluindo a previsão do lucro líquido ajustado, que agora se estabelece entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões para 2025. Anteriormente, a projeção era de lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões, o que demonstra uma grande alteração nas expectativas para a performance futura da instituição.

Concluindo, o Banco do Brasil enfrenta um cenário desafiador, com sinais de fragilidade em sua carteira de crédito e expectativas de lucros revisadas significativamente para baixo. Embora tenha havido uma leve recuperação nas ações, o futuro permanece incerto e exige atenção contínua dos investidores e analistas. A avaliação criteriosa dos próximos resultados e a implementação de estratégias eficazes serão cruciais para a recuperação da confiança no BB.

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