BNP Paribas: Banco Central não demonstra urgência em reduzir juros

BNP Paribas: Banco Central não demonstra urgência em reduzir juros

by Fernanda Lima
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Copom e a Manutenção da Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) não demonstra pressa em iniciar um novo ciclo de cortes nos juros. Em sua recente ata, a entidade explicou a decisão de manter a taxa Selic em 15% ao ano, sinalizando que o período em que a taxa permanecerá nesse patamar "bastante prolongado" começa agora.

Análise de Fernanda Guardado

Essa interpretação foi destacada por Fernanda Guardado, economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas e ex-diretora do BC, em uma entrevista ao programa Capital Insights, exibido na quinta-feira, 25. Guardado apontou que enquanto alguns analistas preveem cortes nas taxas de juros ainda em 2023, a mensagem do Banco Central indica que a instituição está confortável em manter os 15%. Ela reiterou: "ele dá a impressão de que esse ‘bastante prolongado’ começa agora".

Fatores que Pressionam a Inflação

Embora haja sinais de melhora, especialmente devido à valorização do real em relação ao dólar, Guardado mencionou que outros fatores ainda afetam os preços. O valor do câmbio recuou de R$ 6,10 para R$ 5,30, impactando a previsão de inflação, que caiu de 5,60% para 4,80%. Contudo, ela ressaltou que os serviços, que são mais sensíveis às condições econômicas, continuam em um nível elevado.

Discussão sobre a Inflação e o cenário futuro

O Capital Insights, produto da parceria entre CNN Money e Broadcast, é transmitido todas as quintas-feiras, às 19h, na CNN Money, abordando questões relevantes de economia brasileira e global.

Avaliação das Taxas de Juros pelo Banco Central

A recente manutenção da Selic em 15% ao ano foi vista como uma tentativa do Banco Central de avaliar se esse nível de juros será suficiente para trazer a inflação de volta à meta estabelecida.

Mudanças Esperadas nas Taxas de Juros

Guardado comentou que a decisão do Banco Central era esperada, dado o contexto atual. Ela observou que a ata da reunião sinalizou a ausência de pressa para cortar os juros, destacando que a comunicação do BC tem sido coerente em relação ao compromisso com a meta de inflação de 3%.

Sinais de Desaceleração

Após mencionar a percepção de que o BC demonstrou otimismo prematuro no início do ano, Guardado afirmou que a comunicação da agência reguladora tem se mostrado consistente e cautelosa quanto aos impactos da atividade econômica e da inflação corrente.

Impacto do Desarranjo Fiscal sobre a Política Monetária

A economista enfatizou que a situação fiscal está intimamente ligada à política monetária, não apenas pela magnitude do déficit, mas também pelas consequências diretas que isso pode ter sobre a atividade econômica e a inflação no curto prazo.

Efeitos Diretos na Economia

Decisões que geram desconfiança em relação à sustentabilidade da dívida pública devem ser evitadas, visto que elas podem prejudicar os esforços do Banco Central em controlar a inflação, levando a juros mais altos.

Considerações sobre a Sustentabilidade Fiscal

Guardado reforçou que um sistema fiscal desajustado é uma fraqueza estrutural da economia brasileira. O país enfrenta uma relação dívida/PIB que deve chegar a cerca de 80% este ano, valor significativamente acima da média de países emergentes.

Limitações da Dívida Pública

A proposta de limitar a dívida pública a 80% do PIB foi discutida. Guardado expressou ceticismo em relação a essa ideia, destacando a dificuldade de execução desse tipo de limitação. Ela apontou que experiências semelhantes em outros países frequentemente resultam em elevações contínuas do limite, através de extensões que criam incertezas no mercado.

Dinâmica da Dívida Pública

Guardado ressaltou que a taxa de juros deve ser vista como uma consequência e não uma causa. Juros baixos não resolvem os problemas estruturais da dívida. Por outro lado, pode resultar na desvalorização da dívida pública, levando a dificuldades na rolagem dessa dívida.

Ajuste Fiscal e Expectativas Futuras

Em relação ao ajuste fiscal, Guardado concordou que um ajuste a partir de 2027 é praticamente inevitável, dado o elevado nível de endividamento e juros. Para estabilizar a dívida pública, estima-se que o Brasil necessite gerar um superávit anual de 2,5% a 3% do PIB, objetivo difícil de atingir dado o déficit previsto de 0,6% neste ano.

Riscos Associados à Persistência do Déficit

Com crescimento moderado projetado a partir do ano que vem, espera-se que a arrecadação também diminua, complicando ainda mais a situação fiscal. Guardado destacou que a queda na participação de investidores estrangeiros na dívida pública, que caiu para 9-10% atualmente, torna o Brasil mais vulnerável a crises econômicas.

Considerações Finais sobre o Cenário Político

Diante das eleições de 2026, há a possibilidade de deterioração do cenário econômico, especialmente se decisões onerosas forem tomadas. No entanto, a economista acredita que, se as condições atuais de mercado se mantiverem, o ano de 2026 pode começar de maneira moderada, mas com tensões políticas que influenciarão as decisões fiscais futuras.

Desafios na Política Fiscal

Guardado finalizou ressaltando a necessidade de uma política fiscal mais flexível, apontando para a importância de reformas que incluam a desvinculação do orçamento e uma avaliação rigorosa das despesas públicas. A falta de flexibilidade orçamentária prejudica o governo, tornando imperativa uma discussão mais ampla sobre as políticas fiscais que afetam a economia do Brasil.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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