Merval apresenta queda significativa no ano
Merval acumula recuo de 30% no ano, enquanto principais bolsas do mundo sobem; em dólares, tombo chega a 47% devido à pressão cambial sobre a Argentina.
A Bolsa de Buenos Aires, representada pelo índice Merval, encerra os três primeiros trimestres de 2025 com a pior performance entre os principais mercados acionários do mundo. Este desempenho negativo ocorre em um contexto de intensa instabilidade política e econômica na Argentina, contrastando com os expressivos ganhos observados em outras bolsas internacionais.
Queda do Merval e desvalorização do peso
Conforme levantamento da consultoria Elos Ayta, realizado até o dia 30 de setembro, o índice Merval acumula uma queda de 30% em moeda local. Quando considerado em dólares, a retração é ainda mais acentuada, atingindo 47,12%. Este resultado não reflete apenas a desvalorização das ações argentinas, mas também a forte desvalorização do peso nas semanas recentes.
Desempenho das bolsas regionais
Enquanto a Argentina enfrenta dificuldades, os mercados vizinhos e diversos índices globais apresentam trajetória oposta. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores do Brasil, registra uma valorização de 21,6% em reais e é uma das cinco melhores altas do mundo em 2025. Quando analisado em dólares, o crescimento do Ibovespa é ainda mais expressivo, alcançando 41,5%, evidenciando a atratividade que o mercado brasileiro representa para investidores estrangeiros.
Na liderança do ranking de valorização está o MSCI Colcap, da Colômbia, com ganhos de 35,7% em moeda local e notáveis 53,1% em dólares. Logo em seguida, há o Ibex espanhol, que avança 33,4% em euros (o que equivale a 50,7% em dólares), o IPyC mexicano, que mostra uma alta de 27% em pesos (44% em dólares), e a Bolsa de Lima, no Peru, que registra um aumento de 31,4% em moeda local (42% em dólares).
Estagnação de mercados desenvolvidos
Entre os desempenhos mais modestos, além da Argentina, destacam-se também resultados frios em grandes mercados desenvolvidos. O CAC 40 francês, por exemplo, apresenta apenas uma alta de 6,8%, influenciado pela instabilidade política interna. O AEX da Holanda acumula uma valorização de 7,3%. Até o consagrado índice Dow Jones, de Nova York, mostra um crescimento contido, com apenas 9% de valorização neste ano.
Impacto da agenda econômica de Milei
A significativa queda do Merval ocorre em um cenário de crescente frustração com a agenda econômica do presidente Javier Milei. Após um desempenho positivo em 2024, quando a bolsa argentina teve um aumento superior a 170% devido às promessas de ajuste fiscal e liberalização da economia, o mercado começou a refletir as dificuldades na implementação do chamado “choque de austeridade”.
A diminuição do apoio político durante as eleições locais e o aumento da inflação foram fatores que corroeram a confiança dos investidores, resultando em um movimento significativo de retirada de capital estrangeiro. Além de fatores políticos, a pressão sobre a taxa de câmbio na Argentina tem agravado os desequilíbrios macroeconômicos e intensificado a aversão ao risco.
Perspectivas para a Argentina
Economistas alertam que, na ausência de avanços concretos nas reformas e sem um ambiente político mais estável, a tendência negativa do Merval pode perdurar até o final do ano. O desempenho do índice em 2025 reforça a percepção de que a Argentina não enfrenta apenas um ciclo de ajustes econômicos difíceis, mas também um desafio de credibilidade perante os mercados internacionais.
Para os investidores, a comparação entre países se torna evidente: enquanto nações latino-americanas como Brasil, Colômbia, México e Peru se beneficiam de um ambiente de maior estabilidade fiscal e fluidez nos fluxos de capital, a Argentina é cada vez mais vista como um país de alto risco e baixa previsibilidade.
Merval como indicador de fragilidade econômica
Com a pior performance do ano em nível global, a Bolsa de Buenos Aires se estabelece como um indicador da fragilidade econômica da Argentina. Esse cenário ressalta a importância da confiança no mercado financeiro, que se revela essencial tanto quanto os dados numéricos de curto prazo.
Fonte: br.-.com