Brasil intensifica atenção ao trigo argentino após isenção de imposto por Milei e pressiona os preços internos.

Brasil intensifica atenção ao trigo argentino após isenção de imposto por Milei e pressiona os preços internos.

by Ricardo Almeida
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Aumento nas Compras de Trigo Argentino

As compras de trigo argentino pelos moinhos brasileiros tendem a aumentar ainda mais após uma recente medida do governo de Javier Milei, anunciada nesta semana, que zerou o imposto de exportação de grãos e derivados na Argentina. Essa ação é vista como um novo fator de pressão sobre os preços pagos aos agricultores no Brasil, conforme apontam especialistas e membros do setor.

Dominância do Mercado Argentino

Historicamente, a Argentina é o maior exportador de trigo para o Brasil e, segundo dados do governo brasileiro, já dominava o mercado brasileiro em 2025, com volume importado que entre janeiro e agosto deste ano totalizou 3,66 milhões de toneladas. Este número representa um total de 4,68 milhões de toneladas provenientes de todas as origens. O volume importado da Argentina pelo Brasil cresceu 24% em comparação ao mesmo período do ano anterior, atingindo os maiores níveis anuais até agosto desde 2021, quando foram importadas 3,8 milhões de toneladas.

A expansão da safra argentina nos últimos anos ocorreu em contraste com a produção brasileira, que foi prejudicada por desastres climáticos no ano anterior.

Impactos para os Produtores Nacionais

Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), entidade que representa o segundo maior estado produtor de trigo do Brasil, ressaltou que, com a redução do imposto, a expectativa é que as importações da Argentina aumentem em detrimento de outros países. Para os produtores nacionais de trigo, segundo Turra, o impacto será negativo, pois os preços têm se mantido próximos à paridade de importação.

Vale destacar que antes da medida recente, o imposto de exportação de trigo na Argentina era de 9,5%, e a decisão de zerá-lo temporariamente foi uma estratégia do governo Milei para aumentar a oferta doméstica de moeda estrangeira. Além disso, a isenção de impostos sobre outros produtos também está favorecendo o incremento nas compras de soja argentina pela China.

Reações no Setor

Rubens Barbosa, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), revelou que não recebeu informações dos moinhos sobre o impacto imediato da isenção do imposto nas exportações da Argentina. Entretanto, ele destacou que "o trigo argentino hoje é o mais barato, e estamos observando um aumento nas compras do Brasil da Argentina nas últimas semanas".

Carlos Hugo Godinho, especialista em trigo do Departamento de Economia Rural (Deral) do governo do Paraná, afirmou que a eliminação do imposto na Argentina é um "elemento adicional de pressão em nossos preços internos", que já estão sendo afetados pelas cotações globais decorrentes de uma boa produção no exterior, pela desvalorização do dólar em relação ao real e pela abundante safra na Argentina.

Os preços do trigo no estado do Paraná caíram mais de 9% até o presente mês, alcançando R$1.275 por tonelada, conforme dados do indicador do centro de estudos Cepea. Godinho destacou que "tudo isso está pressionando os preços neste momento".

Cenário de Compras e Produção

Um responsável pela compra de trigo em um grande moinho em São Paulo, que preferiu não se identificar, comentou que o mercado argentino caiu entre US$ 2 e US$ 3 por tonelada desde o anúncio da isenção do imposto. Contudo, mencionou que o foco do setor está na nova safra, que, caso o clima continue favorável, pode ser significativa. Essa expectativa exige cautela devido à possibilidade de novas quedas nos preços.

O executivo também se referiu à nova medida argentina como um "desastre" para os agricultores brasileiros, pois aumenta a pressão sobre o mercado em um momento em que a colheita está em andamento. Ele disse: "Esse cenário afetará as transações da safra nova nacional, pois o preço de paridade vai cair ainda mais".

Atualmente, o estado do Paraná está em sua fase de colheita do trigo, tendo já alcançado 41% da área cultivada, conforme dados do Deral. Turra, da Ocepar, comentou que a safra deste ano apresenta bom potencial produtivo, com a expectativa de ser maior que a do ano anterior, apesar da área plantada ter sofrido uma redução de cerca de 25%. Ele observou que as condições climáticas foram mais favoráveis em 2025.

Desestímulo e Redução da Área Plantada

As cotações desestimuladoras e a redução das safras, impactadas por adversidades climáticas, resultaram em um decréscimo na área plantada de trigo para o ano de 2025. Essa redução reflete a preocupação dos produtores em relação às dificuldades enfrentadas no setor agrícola.

Fonte: www.moneytimes.com.br

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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