Brasil procura diálogo, mas não abrirá mão da soberania, afirma Fávaro.

by Fernanda Lima
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Ministro da Agricultura Discute Tarifas dos EUA e Soberania Brasileira

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou nesta quinta-feira (14) em São Paulo que o governo brasileiro continuará as negociações para a redução das tarifas de 50% impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às exportações do Brasil. Em sua declaração, Fávaro reforçou que o país não abrirá mão de sua soberania.

Garantindo o Diálogo

Durante sua fala, o ministro enfatizou a importância do diálogo nas negociações. “O primeiro ponto é garantir o diálogo, buscar a negociação. Em momento algum, por determinação do presidente Lula, a gente fechou o diálogo. A gente busca o diálogo na mesa de negociação. Agora, em hipótese alguma, vamos abrir mão da nossa soberania. Em hipótese alguma, por óbvio, vamos negociar aquilo que não é atribuição do Poder Executivo, como, por exemplo, intervenção no Poder Judiciário”, destacou Fávaro.

Pacote de Medidas para o Setor Produtivo

Na quarta-feira (13), o governo federal anunciou um pacote de medidas que visa apoiar o setor produtivo afetado pela tarifa. O plano de apoio contempla R$ 30 bilhões em crédito e será implementado por meio de uma medida provisória, conhecida como MP Brasil Soberano.

De acordo com Fávaro, essas são apenas as “primeiras medidas” que o governo tomou para mitigar os efeitos da tarifação imposta por Trump. “E, certamente, vamos precisar de novas medidas complementares pelas particularidades geradas”, acrescentou o ministro.

Setores Específicos em Foco

Entre as particularidades que podem exigir soluções adicionais, o ministro mencionou aqueles cujas exportações são predominantemente destinadas ao mercado dos Estados Unidos. “Se uma indústria tiver, por exemplo, 80% a 90% de sua produção destinada aos Estados Unidos, essa indústria vai sofrer muito mais do que uma empresa que tenha 20% ou 30% da sua produção voltada a esse mercado”, explicou Fávaro. No entanto, ele não detalhou quais medidas específicas estão em consideração para essas situações.

Abertura de Novos Mercados

Enquanto as negociações para reduzir as tarifas prosseguem, o governo também está focado em ampliar os mercados disponíveis para os exportadores brasileiros. “Ainda ontem batemos todos os recordes. Nunca, na história do Brasil, abriu-se tanto mercado para a agropecuária brasileira. Chegamos ao número de 400 novos mercados”, comemorou Fávaro. A orientação do presidente Lula é intensificar a busca por novos mercados e essa meta está sendo seguida rigorosamente.

Programa de Compras Públicas

Outra medida proposta pelo governo consiste na implementação de um programa de compras públicas, que visa garantir apoio aos exportadores mais impactados, com benefícios adicionais como linhas de crédito e isenção tributária. Fávaro mencionou a intenção de aumentar a inclusão de produtos como manga e pescados nas merendas escolares e nas compras para as Forças Armadas. “Isso ajuda a suprir a demanda que antes era garantida para os Estados Unidos”, explicou o ministro.

Leilão da Rota do Agro

Na tarde da mesma quinta-feira, Fávaro e o ministro dos Transportes, Renan Filho, acompanharam o leilão da Rota do Agro na B3, envolvendo as rodovias BR 060/364/GO/MT. O consórcio ganhador, Consórcio Rota Agro Brasil, ofereceu um deságio de 19,70% no pedágio.

Fávaro destacou a importância desse leilão como uma contribuição significativa para aumentar a competitividade do setor agropecuário, afirmando que uma infraestrutura rodoviária mais eficiente é fundamental. “Um leilão de sucesso como esse e os outros que já ocorreram certamente são uma contribuição para que o agro cresça e tenha mais carga para passar sobre as rodovias”, observou.

Disputa no Leilão de Rodovias

De acordo com Renan Filho, este foi o leilão de rodovias mais disputado dos últimos anos, com a participação de cinco concorrentes. Ele atribuiu o sucesso do certame a um bom projeto, à segurança jurídica e à previsibilidade, ressaltando a importância dos leilões terem sido anunciados com antecedência. “Observamos um leilão competitivo, com desconto elevado, superando até a barreira que impõe o início de depósitos na conta vinculada do projeto, o que garante a execução das obras”, acrescentou.

Esse leilão também é significativo por ser a primeira vez que o interesse das empresas privadas pelo setor de rodovias superou o do setor de saneamento. Renan Filho revelou que, de 1998 a 2022, o Brasil recebeu R$ 129 bilhões em investimentos privados nas rodovias, enquanto, de 2023 em diante, foram contratados R$ 176 bilhões.

Aumento da Competitividade Internacional

Até o final deste ano, o governo prevê a realização de outros cinco ou seis leilões de rodovias, segundo informações de Renan Filho. “Com os oito leilões já realizados, isso totaliza 14 leilões [organizados pelo atual governo neste ano]. Me comprometi com 15 leilões, mas, se realizarmos 14 ou 15, será o maior volume de leilões da história do Brasil”, assegurou.

Para o ministro dos Transportes, uma infraestrutura rodoviária melhorada é crucial para aumentar a competitividade internacional do Brasil, além de ajudar o país a contornar o atual “ambiente de guerra tarifária”.

Desafios da Guerra Tarifária

Em suas declarações, Renan Filho destacou que a qualidade da infraestrutura influencia diretamente a competitividade do país. “Quanto melhor for nossa infraestrutura, mais o Brasil estará preparado para enfrentar articulações tarifárias. A tarifa é, essencialmente, a construção de um muro que reduz artificialmente a competitividade”, argumentou. Segundo ele, o ideal seria avançar em direção ao livre comércio, ao invés de criar barreiras, pois isso permitiria que o Brasil demonstrasse ao mundo sua eficiência.

Conclusão

O governo brasileiro, por meio das ações de seus ministros, busca tanto enfrentar os desafios impostos pelas tarifas americanas quanto diversificar seus mercados. Com um foco em abrir novas oportunidades para os exportadores e em melhorar a infraestrutura, o país se prepara para enfrentar um cenário internacional desafiador, reafirmando sua soberania e reforçando suas capacidades competitivas. As medidas adotadas visam não apenas amparar setores afetados, mas também garantir um futuro mais sustentável para a agropecuária e a economia brasileira como um todo.

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