Chefe de fundo soberano francês alerta: Europa 'colonizada' pelos EUA e China.

Chefe de fundo soberano francês alerta: Europa ‘colonizada’ pelos EUA e China.

by Patrícia Moreira
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Advertências sobre a economia europeia

Nicolas Dufourcq, diretor do banco de investimento estatal francês Bpifrance, alertou que a Europa encontra-se "duplamente colonizada" pela indústria chinesa e pela tecnologia dos Estados Unidos. Durante sua fala na conferência de capital privado IPEM, ele destacou que os efeitos dessa situação não são apenas uma preocupação futura, mas já estão presentes no cenário atual.

Problemas do investimento na Europa

Dufourcq enfatizou que a Europa está se tornando incapaz de financiar suas próprias indústrias essenciais para o futuro, enquanto o continente é dominado por forças externas. Ele descreveu o quadro como alarmante e disse que a exportação das economias europeias está acelerando o declínio econômico da região. "Desculpe ser radical em minha visão, mas estamos duplamente colonizados: colonizados industrialmente pelos chineses, e digitalmente pelos americanos", afirmou o executivo.

Capital não investido

Ele apontou que a Europa possui um vasto montante de capital privado e institucional que não está sendo direcionado para investimentos internos. Dufourcq observou que mesmo indivíduos de alta renda, escritórios familiares e gestores de ativos na Europa tendem a investir em ativos conservadores, como imóveis, e somente buscam oportunidades de maior risco no setor tecnológico dos Estados Unidos, ao invés de apoiar inovadores locais. "As economias da Europa, quando investidas em ativos de risco, vão para os EUA", afirmou.

O caso da Quandela

Dufourcq mencionou os desafios enfrentados pela startup francesa de computação quântica, Quandela. Ele alegou que a empresa desenvolveu um chip que supera alguns concorrentes americanos, mas está enfrentando dificuldades para captar capital privado na Europa. O Bpifrance, que administra aproximadamente 100 bilhões de euros (cerca de 117 bilhões de dólares) em ativos, participou de três rodadas de investimento para a Quandela, que, segundo informações da FactSet, arrecadou um total de 61,85 milhões de euros. A Quandela não respondeu ao pedido de comentário da CNBC.

Comparações de investimentos

Dados da PitchBook revelam que as empresas apoiadas por capital de risco nos Estados Unidos levantaram quase quatro vezes mais do que suas contrapartes na Europa na primeira metade de 2025. "Estamos em extrema necessidade de capital privado para financiar a tecnologia profunda, que é o futuro da Europa", enfatizou Dufourcq.

Cultura de risco na Europa e nos EUA

O diretor do Bpifrance atribuiu essa "falha" a uma profunda divisão cultural. Ele fez um contraste entre a aversão ao risco na Europa e a "cultura californiana", onde os investidores sentem que é um "dever" financiar startups de alto risco e alto crescimento, visando garantir a dominância futura. "Se você não tem essa cultura na Europa, continuará a investir em turismo, vinho, imóveis e tecnologia dos EUA", disse de forma sarcástica.

Preferências de investimento no Reino Unido

Na mesma linha, Harry Stebbings, fundador do fundo de capital de risco 20VC, comentou que os desafios enfrentados são semelhantes na Grã-Bretanha. "Temos uma mentalidade avessa ao risco. A América tem uma mentalidade propensa ao risco", declarou em entrevista ao programa "Squawk Box Europe" da CNBC. Ele revelou que seu fundo de capital de risco levantou entre 800 milhões e 850 milhões de dólares, sendo 750 milhões desse total originado dos Estados Unidos. "Isso é impressionante. Quando conseguimos um bom retorno para nossos investidores, todo o lucro retornará para os EUA", acrescentou Stebbing.

Exceções no mercado público

Em contrapartida, Dufourcq observou que, no que diz respeito ao mercado público, a Suécia se destaca em meio à tendência negativa que afeta a Europa. Até o momento, as empresas suecas já levantaram mais de 2 bilhões de dólares em ofertas públicas iniciais (IPOs) este ano. Especialistas atribuíram o mercado positivo de ações em Estocolmo à cultura sueca, que aceita um risco maior em relação às ações, se comparada aos investimentos em títulos.

Ação do Bpifrance

Embora a Bpifrance esteja ativamente financiando setores estratégicos, Dufourcq admitiu que a intervenção estatal por si só não é suficiente para reverter essa tendência. "Precisamos aumentar o nível de agressividade de nossa alocação de capital na Europa em direção a nossos próprios interesses", concluiu.

Fonte: www.cnbc.com

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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