China adia compras de soja devido aos altos preços do Brasil, afirmam traders.

China adia compras de soja devido aos altos preços do Brasil, afirmam traders.

by Ricardo Almeida
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Suprimento de Soja na China

A China ainda se encontra em uma situação delicada em relação ao seu suprimento de soja para os meses de dezembro e janeiro, pois não conseguiu garantir uma parte significativa das compras. Os altos prêmios das cargas brasileiras têm desestimulado os compradores chineses, o que poderá forçar Pequim a recorrer às reservas estatais para atender suas necessidades de curto prazo, conforme relatado por três traders do setor.

Atualmente, a China precisa adquirir entre 8 e 9 milhões de toneladas de soja para embarque nos meses de dezembro e janeiro. Esta demanda surge após a cobertura de cargas até novembro, obtida através de intensas compras de grãos argentinos nas semanas anteriores, conforme indicaram as fontes consultadas. As tensões comerciais em aumento entre Washington e Pequim continuam a complicar as importações dos Estados Unidos.

De acordo com um trader de oleaginosas de uma empresa internacional, “a China não está comprando grão dos Estados Unidos devido à guerra comercial, e a soja brasileira apresenta preços muito elevados”. Ele ainda ressaltou que “a China pode acabar utilizando suas próprias reservas no final deste ano e no início do próximo, antes da chegada da nova safra da América do Sul”.

Prêmios da Soja Brasileira

Os prêmios da soja brasileira se mantêm na faixa de US$ 2,8 a US$ 2,9 por bushel em relação ao contrato da soja de novembro na bolsa de Chicago, enquanto os prêmios dos Estados Unidos giram em torno de US$ 1,7 por bushel. Esse cenário resulta em margens de esmagamento que têm permanecido em território negativo durante a maior parte da segunda metade do ano.

As processadoras de soja demonstram uma motivação reduzida para garantir cargas para o período de dezembro a janeiro, tendo em vista que os suprimentos do Brasil têm pressionado suas margens de lucro, de acordo com um trader localizado em Xangai.

Além disso, os compradores chineses estão na expectativa de que uma colheita precoce e recorde de soja no Brasil no início de 2026 contribua para a redução dos preços. Os agricultores brasileiros estão estimando uma colheita recorde de 177,64 milhões de toneladas de soja para a temporada 2025/26, o que representa um aumento de cerca de 6 milhões de toneladas em relação ao ano anterior, conforme informações divulgadas pela estatal Conab.

Um segundo trader de oleaginosas comentou que “acreditamos que os embarques da nova safra do Brasil poderão ter início no final de janeiro”. As fontes consultadas optaram por não se identificar devido à falta de autorização para falar com a imprensa.

Negociações sobre Soja entre EUA e China

Os compradores chineses também não descartaram totalmente a possibilidade de suprimentos dos Estados Unidos, com a expectativa de que os processadores de oleaginosas possam realizar compras para os meses de dezembro e janeiro, caso um acordo comercial seja firmado entre os dois governos, conforme relataram traders e analistas do mercado.

Segundo Johnny Xiang, fundador da AgRadar Consulting, com sede em Pequim, “se o acordo for concretizado, é provável que os compradores chineses recorram aos grãos dos Estados Unidos durante uma janela de dois meses, especialmente se os preços forem mais atraentes em relação às ofertas sul-americanas”.

Adicionalmente, é esperado que a soja figure entre os tópicos de discussão em uma possível reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, a ser realizada na Coreia do Sul. No entanto, ainda não há confirmação pública de que esses diálogos irão ocorrer.

Na terça-feira, Trump fez acusações à China, afirmando que o país estaria evitando “propositalmente” as compras de soja dos Estados Unidos, o que classificou como um “ato economicamente hostil” que “tem causado dificuldades” para os produtores de soja norte-americanos.

Desde os primeiros anos do governo Trump, a China tem diversificado suas fontes de importação de soja. Em 2024, a China adquiriu dos Estados Unidos cerca de 20% de suas necessidades de soja, uma queda em relação ao percentual de 41% registrado em 2016, segundo dados da alfândega.

Fonte: www.moneytimes.com.br

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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