Como Operam, Benefícios, Riscos e Maneiras de Investir com Retorno Superior ao CDI e Sem Come-Cotas

O Que É Um FIDC e Qual a Sua Funcionalidade?

Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) são instrumentos financeiros que permitem a pooled investment, ou seja, o agrupamento de recursos de vários investidores com o intuito de adquirir direitos a receber de operações creditórias, ou seja, dívidas que uma empresa ou pessoa possui e que geram fluxo de caixa no futuro. Esses direitos podem ser provenientes de diversos tipos de contratos, como duplicatas, boletos bancários, aluguéis, mensalidades escolares, créditos consignados, entre outros.

Essencialmente, os FIDCs possibilitam aos investidores a opção de aplicar seu capital nessa modalidade específica de investimento, onde os rendimentos oriundos dos créditos adquiridos pelo fundo são distribuídos aos cotistas.

Composição do FIDC

Um FIDC é composto por diferentes classes de cotas que variam em termos de prioridade e risco:

• Cota Sênior: Esta cota é a primeira a receber os pagamentos e, portanto, está vinculada ao menor nível de risco.
• Cota Mezanino: Apresenta um risco intermediário, assumindo parte das perdas antes que as cotas seniores sejam afetadas.
• Cota Subordinada Júnior: Esta é a última a ser paga e, por sua vez, absorve as perdas primordiais. Assim, ela oferece o maior potencial de retorno, sendo adequada para investidores que aceitam um risco mais elevado em troca de maiores rendimentos.

A estrutura de cotas em um FIDC é fundamental para determinar o risco associado, especialmente em situações de inadimplência, onde as cotas subordinadas suportam os danos antes das seniores, criando uma rede de proteção para essas últimas.

Como a CVM Regula os FIDCs

A regulamentação sobre FIDCs é estabelecida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que classifica esses fundos como fundos de condomínio. Nesta configuração, os cotistas reúnem recursos para investir em direitos creditórios provenientes de várias operações, incluindo comerciais, industriais, imobiliárias, e de prestação de serviços. A lei exige que pelo menos 50% do patrimônio líquido do fundo seja alocado nesses ativos.

Atrações Tributárias dos FIDCs

A atração por FIDCs tem crescido, especialmente após a implementação da Resolução CVM 175 de 2023. Um dos pontos mais relevantes é que esses fundos são isentos do chamado “come-cotas”, uma forma de antecipação do Imposto de Renda que impacta negativamente outras opções de investimento, diluindo os rendimentos ao longo do tempo. Com a isenção, os juros compostos têm a oportunidade de atuar com mais eficiência.

Além dessa vantagem, os FIDCs têm uma alíquota de Imposto de Renda de 15% no momento da amortização ou resgate, que é inferior a alíquotas aplicadas em fundos de renda fixa tradicionais, que podem chegar até 22,5%. Essa combinação de atrativos tributários é um grande chamariz para investidores buscando maximizar seus retornos.

Facilitando o Acesso: Plataformas de Investimento

A rápida evolução dos FIDCs também se relaciona com a modernização das plataformas de investimento, como XP Investimentos e BTG Pactual, que têm desempenhado um papel fundamental na democratização desse acesso. Atualmente, é possível encontrar Fundos de Investimento em Cotas de FIDC (FIC-FIDCs), que permitem a entrada em uma grande variedade de FIDCs com um investimento inicial menor.

Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) revelam que os FIDCs atingiram R$ 40,6 bilhões em emissões nos primeiros seis meses de 2025, representando um aumento de 8,9% em comparação ao ano anterior.

Segundo especialistas, o crescimento contínuo desses fundos é reflexo de um avanço no conhecimento dos investidores brasileiros e no uso de plataformas digitais que facilitam a pesquisa e a aplicação em FIDCs.

Avaliação de Riscos na Investimento em FIDC

Apesar das numerosas vantagens que os FIDCs oferecem, os investidores precisam ter uma atenção redobrada para os riscos associados, particularmente no que diz respeito à inadimplência. Como esses fundos investem na aquisição de dívidas, a falta de pagamento pode afetar a rentabilidade e gerar perdas significativas.

Uma prática recomendada é a análise detalhada da estrutura do fundo, bem como a verificação do histórico de crédito dos tomadores e a análise de quem gerencia o fundo, a fim de entender melhor o potencial de retorno e o risco do investimento.

Comparativo: FIDC, CDB e Tesouro Direto

Os FIDCs rapidamente aparecem como uma opção robusta dentro do mercado de renda fixa, especialmente quando comparados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e ao Tesouro Direto. Investidores em busca de diversificação podem considerar a inclusão de FIDCs como um substituto a fundos multimercado de crédito ou como um complemento a alocações em renda fixa.

É importante ressaltar que a rentabilidade de um FIDC está inerentemente ligada à qualidade dos créditos que compõem o fundo, além do contexto econômico em que está inserido. Por conta disso, muitas vezes os FIDCs oferecem retornos mais elevados em comparação a alternativas mais tradicionais.

A Importância da Diversificação

Antes de direcionar recursos para um FIDC, o investidor deve garantir uma reserva de liquidez apropriada — idealmente o equivalente a um ano de despesas. Apenas após estabelecer essa segurança financeira, deverá considerar a alocação nos FIDCs e outras opções de investimento.

Analisando o Risco: Soberano versus Privado

Ao avaliar a posição do FIDC em uma carteira, é essencial comparar seu risco com o de outros ativos de renda fixa. O Tesouro Direto apresenta riscos associados ao governo (risco soberano), enquanto FIDCs e CDBs estão mais envolvidos com o risco privado, refletindo a natureza das dívidas em que investem.

Portanto, enquanto o Tesouro Direto pode ser visto como um investimento seguro, os FIDCs, em razão do seu risco privado, podem oferecer prêmios de retorno mais atraentes, especialmente para estratégias de investimento de longo prazo.

Perguntas Frequentes sobre FIDCs