CPFL (CPFL3) registra aumento no lucro, mas prevê tendência de piora nos cortes de geração.

CPFL (CPFL3) registra aumento no lucro, mas prevê tendência de piora nos cortes de geração.

by Beatriz Fontes
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CPFL Energia

(Imagem: YouTube/grupocpflenergia)

A CPFL Energia (CPFE3) registrou um aumento no lucro líquido no segundo trimestre de 2025 (2T25), com os bons resultados da distribuição de energia compensando as perdas no setor de geração renovável, provocadas pelos cortes na produção das usinas. A expectativa é que esse problema se agrave no segundo semestre.

No dia 14 de outubro, a elétrica, controlada pela State Grid, anunciou um lucro líquido de R$ 1,18 bilhão entre abril e junho, representando um crescimento de 7,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse valor também supera a expectativa média de analistas, que era de cerca de R$ 1 bilhão, segundo estimativas do IBES.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia aumentou 6,7% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 3 bilhões, o que também ficou acima da previsão do mercado, que era de R$ 2,76 bilhões.

O desempenho trimestral da CPFL foi impulsionado principalmente pelo setor de distribuição de energia, cujo Ebitda cresceu 22,2%, atingindo R$ 2 bilhões. Esse crescimento é atribuído a reajustes tarifários das concessionárias e a uma redução de 37% na inadimplência, entre outros fatores.

Esses impactos ajudaram a compensar a diminuição do consumo de energia observada nos mercados atendidos pelas distribuidoras da CPFL durante o período, que foi afetada pelas menores temperaturas em comparação ao segundo trimestre de 2024, resultando em um uso reduzido de equipamentos de climatização.

Novos cortes pelo ONS

No setor de geração de energia, os cortes impostos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) foram os principais fatores negativos para os resultados da companhia. Essa restrição, conhecida na indústria como “curtailment”, ocorre quando não há consumo suficiente para absorver toda a energia gerada, ou quando existem gargalos na rede elétrica que impedem o escoamento da energia.

“Na média do semestre, tivemos um curtailment de 8,6% (da geração potencial) no ano passado, e neste começo de ano, 20,9%. O curtailment, que já era significativo, se tornou ainda maior… E no segundo semestre tende a piorar, uma vez que há uma expectativa de maior geração a partir de fontes renováveis, o que poderá levar a um impacto ainda mais acentuado”, informou Gustavo Estrella, CEO da CPFL, à Reuters.

Ele também destacou que o problema tende a se agravar na medida em que a geração renovável se expande no Brasil, especialmente por meio da geração distribuída em pequenos sistemas solares, como painéis fotovoltaicos instalados em telhados e fachadas.

Novas oportunidades para a CPFL

Diante da percepção de que novos investimentos em geração renovável não são viáveis no momento, a CPFL foca no crescimento orgânico na distribuição de energia, aumentando os investimentos nas concessionárias após a previsível renovação dos contratos para mais 30 anos. A empresa também pretende expandir suas operações na área de transmissão de energia.

Os planos incluem a participação potencial da empresa no próximo leilão de transmissão, agendado para outubro deste ano. “Existem algumas linhas que se encaixam na nossa estratégia de investimento”, afirmou Estrella, embora tenha ressaltado que ainda não há uma decisão final sobre a participação no leilão.

No que diz respeito às finanças, o CEO da CPFL mencionou que a companhia começou a monitorar o mercado internacional, “com uma capacidade de investimento muito maior”, para possíveis captações, especialmente após ter recebido da agência Moody’s o rating global de “Baa2”, dois níveis acima do rating soberano.

“Os ‘panda bonds’ também são um mercado potencial para acessarmos o mercado local chinês. Notamos que há apetite para a CPFL, e investidores que já estão acostumados a adquirir títulos da State Grid (sua controladora) reagiriam de forma positiva a uma emissão da CPFL”, acrescentou Estrella.

A CPFL Energia continua a se adaptar às dinâmicas do mercado energético brasileiro e global, buscando fortalecer sua posição no setor por meio de estratégias de crescimento focadas na distribuição de energia e na exploração de novas oportunidades de financiamento. A combinação de uma sólida base financeira e a capacidade de inovação serão fundamentais para enfrentar os desafios futuros, impulsionando o desempenho da companhia em um cenário cada vez mais competitivo e desafiador.

Conclusão

Em síntese, a CPFL Energia mostrou um desempenho robusto no segundo trimestre de 2025, evidenciando a resiliência do setor de distribuição de energia, mesmo diante de desafios significativos no setor de geração renovável. A empresa está atenta às oportunidades de crescimento e expansão, especialmente na área de transmissão, enquanto continua a monitorar o ambiente de investimentos internacionais. O cenário para o segundo semestre promete novos desafios, mas também a chance de solidificação das estratégias já traçadas pela gestão da companhia.

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