Dívida Global Atinge Recorde
A dívida global alcançou a marca histórica de US$ 337,7 trilhões no final do segundo trimestre de 2023. Esse aumento foi impulsionado pela flexibilização das condições financeiras globais, pela desvalorização do dólar e pela postura mais acomodativa dos principais bancos centrais, conforme indicado em um relatório trimestral divulgado nesta quinta-feira, dia 25.
Aumento no Primeiro Semestre
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF), uma entidade comercial focada em serviços financeiros, informou que a dívida global registrou um acréscimo superior a US$ 21 trilhões apenas no primeiro semestre do presente ano, totalizando US$ 337,7 trilhões.
Os países que apresentaram os maiores aumentos nos níveis de dívida em dólares incluem a China, França, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão. No entanto, parte desse crescimento pode ser atribuída à desvalorização da moeda norte-americana, segundo o IIF.
Aumento Comparável ao da Era da COVID
A magnitude desse aumento na dívida global foi classificada como comparável ao crescimento observado no segundo semestre de 2020. Nesse período, as respostas político-econômicas à pandemia resultaram em um acúmulo sem precedentes das dívidas globais. O IIF apresentou essa análise em seu Monitor da Dívida Global.
No que se refere à relação entre dívida e PIB, que é um indicador da capacidade de pagamento da dívida em comparação com a produção econômica, países como Canadá, China, Arábia Saudita e Polônia tiveram os maiores aumentos. Por outro lado, a relação diminuiu na Irlanda, Japão e Noruega, de acordo com o relatório.
De forma geral, a relação entre dívida e produto global continuou a sua trajetória de queda, posicionando-se um pouco acima de 324%. Entretanto, nos mercados emergentes, essa relação atingiu 242,4%, estabelecendo um novo recorde após um ajuste para baixo no relatório anterior, publicado em maio.
No segundo trimestre, a dívida total nos mercados emergentes subiu US$ 3,4 trilhões, alcançando um pico superior a US$ 109 trilhões.
Pressão no Mercado de Títulos
Os mercados emergentes estão enfrentando uma situação crítica, com quase US$ 3,2 trilhões em resgates de títulos e empréstimos projetados para o restante de 2025, conforme informações do IIF.
O órgão também alertou que as tensões fiscais podem se agravar em países como Japão, Alemanha e França, sugerindo cautela com os chamados "vigilantes de títulos" — investidores que vendem papéis de nações cujas finanças consideram insustentáveis.
O IIF destacou que, embora a dívida pública tenha aumentado substancialmente nos mercados emergentes durante o primeiro semestre, a resposta do mercado foi mais acentuada em países com economias mais desenvolvidas neste ano.
Empréstimos de Curto Prazo
O relatório levantou preocupações específicas sobre a dívida dos Estados Unidos, especialmente em relação aos empréstimos de curto prazo, que atualmente representam cerca de 20% da dívida total do governo e aproximadamente 80% das emissões do Tesouro.
Essa crescente dependência da dívida de curto prazo pode provocar um aumento na pressão política sobre os bancos centrais para manter as taxas de juros em níveis baixos. Essa situação representa uma potencial ameaça à independência da política monetária, conforme exposto no relatório.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
