Dólar interrompe sequência de ganhos
O dólar interrompeu a sequência de altas com a expectativa de redução nas taxas de juros nos Estados Unidos, além de reagir aos desdobramentos da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e, no contexto brasileiro, às novas declarações de diretores do Banco Central.
Cotação do Dólar
Nesta quarta-feira, 15 de outubro, o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão cotado a R$ 5,4624, apresentando uma queda de 0,14%. Esse movimento acompanhou a tendência observada no mercado externo. Por volta das 17h (horário de Brasília), o indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava em queda de 0,36%, situando-se em 98,686 pontos.
Fatores que influenciaram o dólar
A tensão comercial entre Estados Unidos e China continuou a ser um fator central nas decisões dos investidores. Na quarta-feira, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma taxa adicional de 100% sobre produtos de construção naval e afins que são fabricados na China.
Desenvolvimento das Taxas de Câmbio
Na véspera, ambos os países implementaram a cobrança de taxas portuárias adicionais sobre transporte marítimo. Stephen Miran, diretor do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, comentou que as novas tensões comerciais representam riscos negativos adicionais para as perspectivas econômicas, o que aumenta a urgência da necessidade de cortes nas taxas de juros.
Miran destacou: “Agora há mais riscos negativos do que há uma semana, e cabe a nós, como formuladores de política monetária, reconhecer que isso deve se refletir nas próximas decisões. Torna-se ainda mais urgente que cheguemos rapidamente a uma posição mais neutra na política monetária” durante o Fórum CNBC Invest in America.
O mercado manteve uma forte expectativa em relação a um novo corte nas taxas de juros nos Estados Unidos. Próximo ao fechamento, os operadores estimavam em 97,8% a probabilidade de que o Fed reduzisse os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,75% a 4,00%, na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), marcada para o dia 29 de outubro.
Na terça-feira, 14 de outubro, a probabilidade estimada era de 97,3%, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group. Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, afirmou em nota que as declarações de dirigentes do Federal Reserve, com um tom mais “dovish”, solidificaram as apostas de um novo corte de juros nos EUA até o final de outubro, o que gerou fluxo de capital em direção a moedas emergentes. O real se beneficiou desse movimento, especialmente por conta do elevado diferencial de juros, com a Selic mantida em 15%, favorável ao carry trade.
Situação dos juros no Brasil
Além dos fatores externos, os investidores também viram mudanças nas declarações de diretores do Banco Central (BC) do Brasil. Nesta quarta-feira, 15 de outubro, Nilton David, diretor de Política Monetária do BC, afirmou que os dados disponíveis atualmente ainda não são suficientes para fornecer uma indicação sobre a duração do “período bastante prolongado” de manutenção da Selic em 15% ao ano.
David, durante um evento promovido pelo Goldman Sachs em Washington, reforçou que se o BC precisar "corrigir" a Selic, seja para cima ou para baixo, isso será realizado. Paulo Picchetti, diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, mencionou que a política monetária está sendo transmitida para as taxas de mercado e que está funcionando.
Perspectivas econômicas
Picchetti observou que há uma desaceleração em curso na economia brasileira, mas não se espera uma recessão. As declarações foram proferidas em um seminário do JP Morgan, também em Washington. O mercado interno também operou na expectativa do início das negociações comerciais com os Estados Unidos e do anúncio de medidas de compensação após a Câmara dos Deputados ter rejeitado a Medida Provisória (MP) 1.303, que abordava a taxação de aplicações financeiras e de empresas de apostas esportivas como alternativa às mudanças propostas no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que as negociações com os EUA ocorrerão no dia seguinte, 16 de outubro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ainda não se reuniu com o presidente Lula para discutir alternativas orçamentárias após a rejeição da MP. Na manhã do dia 15, o titular da pasta econômica teve um encontro com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para tratar do Orçamento de 2026.
Fluxo cambial no Brasil
O Banco Central informou que, até o dia 10 de outubro, o Brasil registrou um fluxo cambial total positivo de US$ 501 milhões em outubro, movimento que foi puxado principalmente pela via comercial. No acumulado do ano até o mesmo dia, o país apresenta um fluxo cambial total negativo de US$ 16,841 bilhões.
Fonte: www.moneytimes.com.br
