“Estou bastante preocupado com a situação fiscal do Brasil”, afirma Gustavo Franco, ex-presidente do BC.

“Estou bastante preocupado com a situação fiscal do Brasil”, afirma Gustavo Franco, ex-presidente do BC.

by Ricardo Almeida
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Situação Fiscal do Brasil

Gustavo Franco, que foi presidente do Banco Central entre os anos de 1997 e 1999, expressou sua preocupação em relação ao atual panorama fiscal do Brasil. Durante um evento da Anfidc (Associação Nacional dos Participantes em Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios), realizado nesta quinta-feira (23), Franco destacou que a dívida pública brasileira, que atualmente totaliza R$ 8,2 trilhões, está se deteriorando de forma gradual. Ele afirmou que um problema fiscal é algo que se agrava lentamente, sem acontecer de forma abrupta.

Impacto da Dívida Pública

Franco enfatizou que a dívida atual do país representa aproximadamente R$ 30 mil para cada cidadão brasileiro. Ele argumentou que essa quantia significativa pode ser uma maneira de sensibilizar a população para a questão fiscal, evitando assim a necessidade de entrar em detalhes técnicos complexos.

Críticas ao Governo

O ex-presidente do Banco Central criticou a postura do governo atual em relação à situação fiscal. Segundo ele, essa abordagem está “errada e precisa mudar”, devendo haver um foco maior no equilíbrio orçamentário. No entanto, Franco também afirmou que prefere não fazer exigências excessivas ao governo neste momento.

Ele declarou: “Se a gente começar a achar que o arcabouço é ruim, que é pouco, não sabemos o que pode vir no lugar. É melhor ‘deixar quieto’ porque ‘se provocar, fica pior’”.

Preocupações com o Futuro

Franco manifestou ainda sua apreensão sobre uma possível deterioração acelerada da economia em 2026, especialmente em função das eleições que estão por vir. Ele deixou claro que, em um cenário de economia operando a pleno emprego, um aumento significativo em gastos públicos, que poderia ocorrer devido a pressões eleitorais, geraria sérios riscos.

“Com uma situação como a que estamos, se imaginarmos R$ 200 bilhões ou R$ 300 bilhões a mais de gastos públicos em razão de imperativos eleitorais, tenho medo de o Banco Central ficar em uma sinuca de bico”, afirmou.

Nesse contexto, ele vê a possibilidade de uma inflação alta e a dificuldade em gerenciar a dívida, o que poderia exigir um aumento ainda maior nas taxas de juros.

Cenário Político de 2026

Franco também comentou sobre a incerteza que envolve as próximas eleições de 2026, ressaltando que, até o momento, não está claro quem serão os candidatos. Ele fez menção à confirmação da candidatura do atual presidente Lula, mas reiterou que o cenário político é incerto.

Ainda assim, ele observou que o mercado financeiro projeta que uma alteração na direção política a partir de 2027 poderia restaurar a confiança dos investidores.

Proposta de Menos Polarização Política

No âmbito político, Gustavo Franco defendeu a ideia de uma eleição menos polarizada para o próximo pleito, sugerindo que o Brasil deveria evitar a presença de figuras como Lula e Bolsonaro, para que uma discussão sobre o centro político, onde se encontra a maioria da população, possa ocorrer. Ele comparou o atual cenário político com o de 1989, expressando seu desejo de ver uma eleição “muito aberta”, com um maior número de candidatos e debates focados em ideias.

Notas de Otimismo

Apesar das suas observações pessimistas em relação à economia brasileira, Gustavo Franco tentou encerrar sua fala com uma perspectiva mais otimista. Ele se lembrou de eventos do passado, como o cenário desafiador de maio de 1993, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda em meio a uma inflação superior a 6.000% ao ano. Franco recordou que, no primeiro dia de trabalho, ele e sua equipe se depararam com grevistas nas redondezas do ministério, simbolizando o caos econômico e político da época.

Entretanto, apenas 11 meses após isso, FHC se candidatou à Presidência da República e venceu as eleições já no primeiro turno. “Então, em algum grau, eu ainda tento manter certo nível de otimismo”, concluiu Franco.

Com essas declarações, Gustavo Franco trouxe à tona tanto suas preocupações como visões sobre um futuro potencialmente mais promissor para a economia brasileira, em um contexto de desafios significativos.

Fonte: www.moneytimes.com.br

As informações apresentadas neste artigo têm caráter educativo e informativo. Não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de ativos financeiros. O mercado de capitais envolve riscos e cada investidor deve avaliar cuidadosamente seus objetivos, perfil e tolerância ao risco antes de tomar decisões. Sempre consulte profissionais qualificados antes de realizar qualquer investimento.

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