Aumento das Tarifas EUA-China
O aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre a China, efetivado em 100% nesta sexta-feira (10), já era uma expectativa do mercado. Este aumento é considerado o principal instrumento utilizado pelo presidente norte-americano Donald Trump nas negociações comerciais. Essa análise foi realizada por Alexandre Uehara, coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios Asiáticos da ESPM, em uma entrevista à CNN.
Uehara aponta que, para o professor, a China demonstra estar mais preparada para enfrentar as tensões comerciais. Trump anunciou a aplicação de uma tarifa adicional de 100% sobre as importações chinesas, o que representa uma nova escalada na guerra comercial entre as duas potências. Essa medida se soma a uma tarifa anterior de 30% já em vigor e passará a valer a partir de 1º de novembro. Além disso, a decisão inclui a imposição de controles de exportação sobre todos os softwares essenciais fabricados nos Estados Unidos.
A decisão dos EUA surge como resposta ao recente anúncio da China sobre o controle da exportação de terras raras e outros elementos cruciais para a tecnologia. Além disso, uma reunião entre os dois presidentes está prevista para os próximos dias.
Uehara destaca que as decisões tarifárias feitas pelos Estados Unidos têm um impacto global. Ele observa: “Se essas duas economias estão em conflito, isso pode reduzir o crescimento econômico mundial, e, por consequência, todas as outras economias sofrem impactos.”
Implicações nos Setores Econômicos
A nova medida pode afetar de forma significativa o setor aeronáutico, em especial a Boeing. Muitas companhias aéreas chinesas possuem pedidos para pelo menos 222 jatos da fabricante americana. Uehara ressalta que o setor privado dos Estados Unidos não está favorável a essas sanções impostas pelo presidente Trump. Ele analisa que a conta pelas sanções geralmente recai sobre as empresas ou os consumidores americanos, mesmo sendo uma política de relações internacionais.
De acordo com ele, “por isso, nem sempre essas medidas têm um respaldo interno.” Uehara também enfatiza que “a vulnerabilidade americana é maior que a da chinesa neste momento.” Nesse sentido, as consequências para a economia dos EUA são bastante evidentes, especialmente no que diz respeito ao setor de terras raras. Esses elementos são essenciais para a produção de microprocessadores, usados tanto na indústria de tecnologia quanto no setor de defesa.
“Para o caso dos Estados Unidos, é muito mais complicado, porque atualmente não encontra um substituto imediato para suprir sua demanda”, complementa Uehara.
Em contrapartida, a China tem buscado diversificar suas relações comerciais, desenvolvendo alternativas internas, seguindo sua política de planejamento de longo prazo, conhecida como “China Dream”, que estabelece metas até 2050.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br