Expectativas para o Setor Elétrico
O balanço das empresas do setor elétrico deve ganhar destaque nas próximas semanas. Entre as companhias, uma empresa do segmento elétrico poderá ver seu lucro aumentar em até 500%.
Análise da Eneva
Conforme um relatório do Itaú BBA, a Eneva, identificada pelo código ENEV3, que atua na geração de energia, principalmente através de termelétricas, deve registrar um lucro de R$ 616 milhões. Este número representa um expressivo aumento de 499% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a empresa lucrou R$ 103 milhões.
Os analistas destacam que a prévia operacional do terceiro trimestre já havia demonstrado um incremento considerável no despacho térmico. O despacho médio total atingiu 33%, em comparação com os 14% do segundo trimestre, com o complexo Parnaíba alcançando 74% de sua capacidade.
Além disso, o Itaú BBA projeta um crescimento robusto do EBITDA — um indicador que avalia o resultado operacional — que deve ser de aproximadamente 60% na comparação anual, impulsionado pela incorporação das usinas termelétricas do BTG e pelos altos níveis de despacho. O relatório também menciona que as margens do negócio de comercialização de gás poderão se manter positivas, embora em menor extensão em relação ao trimestre anterior.
No entanto, o desempenho poderia ser ainda mais favorável se não fosse pela performance da usina Futura, que foi impactada pela modulação do corte e pelas diferenças de preços observadas entre os submercados. O corte total da geração aproximou-se de 31% do total produzido.
Desempenho do Sistema Interligado Nacional
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o Sistema Interligado Nacional (SIN) somou cerca de 75 GW médios no terceiro trimestre de 2025, refletindo uma queda anual e trimestral de cerca de 2%. Este resultado é atribuído a um período marcado por condições climáticas atípicas em diversas regiões do país.
A retração no consumo foi atribuída a dois fatores principais: as temperaturas máximas registradas ficaram abaixo da média histórica nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul; e houve chuvas acima da média climatológica nas regiões Nordeste e Norte. Como resultado, o consumo mostrou-se mais fraco em residências e comércios, especialmente nas áreas urbanas, onde o uso de ar-condicionado e ventiladores é um fator significativo para a carga elétrica.
Um analista consultado pelo Money Times apontou que o trimestre foi afetado por condições climáticas mais amenas, que diminuíram a demanda e tendem a impactar as receitas das distribuidoras. Contudo, espera-se que esse efeito seja temporário, com uma recuperação gradual da carga no quarto trimestre, à medida que as temperaturas normalizem e a atividade industrial retome seu ritmo habitual.
Perspectivas para as Empresas do Setor Elétrico
Segundo o Itaú BBA, além da Eneva, a Equatorial também deve se destacar positivamente. Os analistas prevêem um aumento de aproximadamente 3% nos volumes de faturamento (ex-DEG) da companhia em comparação ao ano anterior. Eles ressaltam o forte desempenho, especialmente da concessão do Piauí, e em menor grau, da concessão do Maranhão.
No segmento de geração, espera-se que a Echoenergia se destaque no trimestre, embora tenha sido significativamente afetada pelos cortes, que representaram mais de 30% da geração durante esse período.
No campo da transmissão, a venda do negócio ainda não afetará os resultados deste trimestre, uma vez que a transação deve ser finalizada no quarto trimestre de 2025. O Itaú BBA prevê um crescimento de aproximadamente 6% no EBITDA recorrente, mesmo com uma base de comparação forte, considerando que o terceiro trimestre de 2024 foi muito sólido.
Desempenho da Cemig
Por outro lado, a Cemig (CMIG4) deverá enfrentar um trimestre mais desafiador, segundo a análise do Itaú BBA. Os volumes de faturamento devem sofrer uma queda de 1,5%, resultado da perda de dois grandes clientes, além de potenciais deteriorações nas provisões.
Entretanto, um aspecto positivo destacado é que as perdas de energia devem continuar ligeiramente abaixo do nível regulatório. No segmento de geração, transmissão e comercialização (G&T), o banco prevê uma pressão sobre os custos da energia adquirida, derivada do impacto do GSF neste trimestre.
O Itaú estima que o Ebitda da Cemig será de R$ 1,5 bilhão, o que representa uma queda de 4,7%, enquanto o lucro líquido poderá despencar 75%, principalmente em decorrência da deterioração das despesas financeiras líquidas e da redução da contribuição do resultado de equivalência patrimonial, notadamente da usina de Belo Monte.
Fonte: www.moneytimes.com.br
