Para pessoas que não têm filhos e não planejam ter, muitas das pautas tradicionais de finanças pessoais podem não se aplicar. Por exemplo, é provável que você não tenha a intenção de deixar uma herança, como costumam fazer muitos pais, e certamente não precisa se preocupar em arcar com custos de casamento ou educação superior de um filho.
No entanto, quem irá cuidar de você ou tomar decisões em seu nome caso você não consiga fazê-lo? Para muitos americanos, a resposta comum é: “meus filhos”.
Se algo inesperado ocorrer e você não tiver filhos para cuidar de você, a situação pode se complicar rapidamente, segundo Maddy Roche, diretora de crescimento do Childfree Trust, uma empresa fiduciária que se especializa em atender pessoas que optaram por não ter filhos ou que não podem tê-los.
“Considere algumas das estruturas que pressupõem que você possui filhos, seja no planejamento de seguros, na elaboração de testamentos ou nas relações médicas”, afirma. “Você não pode realizar uma cirurgia eletiva a menos que tenha um contato de emergência. Esses são os desafios que enfrentamos quando o tempo é curto.”
Para ela, a solução é começar a refletir sobre essas situações antecipadamente. “Por mais difícil que seja pensar sobre o futuro, uma das melhores maneiras de garantir que você será respeitado da forma que deseja e merece é ser proativo”, declara Roche.
Seja proativo em seu planejamento
Praticamente todos os profissionais financeiros afirmam que todas as pessoas — tenham ou não filhos — precisam de algum tipo de plano de patrimônio, que descreve como você gostaria que decisões médicas e financeiras fossem tomadas em caso de sua morte ou incapacidade.
Esse planejamento se torna ainda mais crucial para indivíduos cujas famílias fogem do padrão habitual. Jay Zigmont, planejador financeiro certificado especializado em clientes que optam por não ter filhos, já comentou anteriormente com a CNBC Make It.
Devido ao fato de que os sistemas de saúde e governamentais buscam por familiares próximos, pode não haver ninguém óbvio a ser contatado no caso de você sofrer um acidente durante uma viagem, por exemplo, diz Zigmont: “Isso significa que o governo ou o sistema de saúde tomará decisões em seu nome”.
Para evitar esse tipo de situação, é necessário ter documentos adequados em vigor, como procurações e diretrizes de cuidados de saúde. Esses documentos podem ter denominações diferentes dependendo do estado, então é recomendável conversar com um advogado para entender suas necessidades específicas, mas a essência é que eles definem seus desejos e designam um responsável por suas decisões na eventualidade de você ficar incapacitado.
Suas vontades podem ter grande importância, desde decidir se você quer ser mantido em um ventilador até o que fazer com seus animais de estimação enquanto você estiver hospitalizado.
Designe um amigo ou parente de confiança
Para muitas pessoas que optam por não ter filhos, definir quem será responsável por executar seu plano pode gerar algumas complicações. Por exemplo, você pode querer nomear um membro da família para supervisionar o seu cuidado — mas isso pode criar conflitos de interesse se essa pessoa for herdeira de seu patrimônio.
“Alguns sentem que precisam oferecer compensação financeira por esses papéis. Suponha, por exemplo, que você tenha um sobrinho distante que não vê há anos”, explica Roche. “Como podemos ter certeza de que ele não se sentirá dividido em relação a ajudá-lo a gerenciar seus assuntos — que você receberá o tipo de cuidado necessário se ele considerar que sua herança está em jogo?”
Em alguns estados, pode ser possível contratar um fiduciário para executar seu patrimônio — alguém que é legalmente obrigado a agir em seu melhor interesse financeiro. Contudo, na maior parte dos casos, será necessário cultivar o que Roche chama de “relação estratégica” com um amigo ou parente confiável.
A chave, segundo ela, é garantir que você e a pessoa designada estejam alinhados o mais cedo possível.
“É essencial que você comece a pensar sobre seus desejos, assegurando que tudo esteja documentado e que as pessoas que você está indicando realmente compreendam o que você deseja que aconteça”, salienta Roche. “Converse com as pessoas sobre quais são esses papéis e quais são as suas expectativas em relação a elas. Isso é de suma importância.”
Fonte: www.cnbc.com
