Confirmação de Reservas para a COP30
Restando menos de três meses para o início da COP30, que ocorrerá em Belém, delegações de apenas 39 países já confirmaram suas reservas na plataforma de hospedagem do governo federal. Outros oito países já locaram acomodações de forma independente. Este último grupo inclui Egito, Espanha, Portugal, República do Congo, Cingapura, Arábia Saudita, Japão e Noruega. Assim, de 196 delegações previstas, somente 47 já têm hospedagem confirmada.
A secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, destacou que "o governo brasileiro deixou claro que não há nenhuma condição de mudança de cidade-sede", após uma reunião com a equipe da Organização das Nações Unidas (ONU).
Situação Atual das Reservas
Analistas e participantes de delegações que costumam comparecer às conferências do clima afirmam que, até este momento do ano, as reservas de hospedagem estavam mais adiantadas em outras edições.
Diante desse cenário, o governo brasileiro anunciou a criação de uma força-tarefa para ajudar diretamente na negociação de hospedagens para delegações estrangeiras em Belém durante a COP30. Nesta sexta-feira (22), o Brasil negou um pedido da ONU para subsidiar a acomodação dos países e solicitou que a entidade ampliasse o auxílio financeiro para as nações participantes da conferência.
Ampliação de Acomodações
De acordo com o governo brasileiro, novas opções de hospedagem estão sendo incorporadas à plataforma oficial. Atualmente, há mais de 2.600 quartos disponíveis na faixa de até US$ 600. A organização da COP30 também informou que está realizando negociações extras para atender à demanda, incluindo a adaptação de escolas para funcionar como albergues, ampliando as opções para diferentes perfis de delegações.
Outro ponto discutido na reunião foi o remanejamento de pessoas hospedadas em navios para outras acomodações, caso a COP30 se estenda além do previsto, o que é comum em grande parte das edições. O governo brasileiro garantiu que, se isso ocorrer, os participantes serão realocados. O secretário extraordinário da COP30, Valter Correia, afirmou que a disponibilidade de leitos não será um problema, já que, historicamente, o fluxo de pessoas é menor no fim da conferência.
Durante o encontro com a equipe da ONU, o Brasil defendeu que a entidade encontrasse soluções mais eficazes e apoiou um pleito dos países mais pobres por um aumento da diária paga pela UNFCCC (braço ambiental da ONU) para reservas durante a COP. A COP30 tem enfrentado uma crise de hospedagem devido ao aumento significativo dos preços. Em alguns casos, reservas para o período do evento, de 10 a 21 de novembro, chegaram a superar R$ 1 milhão. Nesse contexto, 29 países assinaram uma carta pedindo ao governo brasileiro que mudasse a cidade-sede do evento. O Brasil reafirma que a COP30 ocorrerá em Belém.
Na mesma sexta-feira (22), o governo brasileiro participou de uma reunião com a equipe da UNFCCC para responder a 48 perguntas relacionadas à logística da COP30.
Solicitação de Subsídio pela ONU
A ONU chegou a solicitar que o Brasil fornecesse auxílio financeiro para os países participantes da COP30. Essa proposta foi negada pela organização brasileira, que ressaltou que já tem feito investimentos significativos para a realização da conferência, tornando inviável o financiamento da participação de outras nações.
Miriam Belchior reiterou que "o governo brasileiro se posicionou que já está arcando com custos significativos para a realização da COP e, por isso, não há como subsidiar delegações de países — inclusive de países mais ricos que o Brasil. Não cabe aos brasileiros fazer subsídio a outros países."
A ONU havia proposto que o Brasil financiasse US$ 100 para países menos desenvolvidos e insulares, além de outra faixa de valores, não especificada, para os demais participantes. Belchior também mencionou que a ONU estipulou em US$ 144 o valor do subsídio para Belém, enquanto em outros países, como a Alemanha, o valor era de US$ 400.
Ela argumentou: "Em qualquer outra cidade do mundo eles pagariam, então por que não pagam em Belém? Não estamos pedindo os US$ 400 de Bonn, estamos pedindo o que seria em São Paulo ou no Rio de Janeiro, que é US$ 250."
Representantes do governo brasileiro relataram que a ONU justificou que uma mudança nos valores demandaria tempo. Valter Correia acrescentou que o Brasil pediu uma reconsideração, ressaltando que a união de esforços com o país-sede poderia trazer melhores soluções.
Apesar do impasse, a avaliação do governo brasileiro é de que a reunião serviu para acalmar os ânimos. "Em função das respostas enviadas, baixou um pouco a temperatura", avaliou Miriam Belchior. A secretária também mencionou o Sistema Único de Saúde (SUS) como um benefício para a assistência aos participantes da conferência.
Criação da Força-tarefa
Nesse contexto, o Brasil criará uma força-tarefa com funcionários dos Ministérios das Relações Exteriores, do Turismo, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, além de membros da Secretaria da COP, para auxiliar as delegações estrangeiras nas negociações por hospedagem.
Valter Correia explicou que o objetivo é montar um grupo que possa contatar os polos focais da própria ONU nos respectivos países para entender a situação e buscar soluções. O Brasil pretende entrar em contato inicialmente com os países mais pobres, que têm sido os mais impactados pela crise de hospedagem, e depois com os demais. "O governo do Estado tem um conhecimento vasto sobre condomínios e pessoas com imóveis para locação, que pode ajudar", acrescentou.
Além disso, o Brasil flexibilizou as datas de reserva na plataforma oficial, atendendo a queixas sobre a impossibilidade de reservas por menos de 15 dias. A partir de agora, serão disponibilizados pacotes de dez dias que poderão ser reservados em blocos.