Retorno do Farus à São Paulo
O Farus, conhecido como a “Ferrari brasileira”, está de volta às ruas de São Paulo após passar por um processo de restauração. O veículo receberá a placa preta, que simboliza seu valor histórico e originalidade.
Um ícone da originalidade brasileira
Em meio a uma época em que predominavam os automóveis brasileiros baseados no clássico Fusca, o Farus se destacou por sua originalidade e ousadia. Lançado em 1978, durante o período da ditadura militar e em um cenário de forte restrição à importação de automóveis, esse modelo mineiro desafiou a norma ao romper com a tradição do Fusca. O Farus incorporou componentes da Fiat e se inspirou em design de clássicos europeus, como a Ferrari 308 GTB e a Lotus Esprit.
Especificações técnicas do modelo
Apesar de seu visual que lhe conferiu o título de “Ferrari brasileira”, o Farus contava com um motor modesto. O modelo inicial, denominado ML 929, era equipado com um motor de 1,3 litros que gerava 72 cv, equivalente ao que equipava o Fiat 147 Rallye. O nome da marca Farus é um acrônimo que representa a “Família Russo”, liderada pelo pai e filho Alfio e Giuseppe Russo, que fundaram a empresa em Belo Horizonte no mesmo ano do lançamento do automóvel. O carro também presta homenagem à matriarca da família Russo, Maria Luiza, nascida em 1929.
Histórico de produção e exportação
A Farus chegou a exportar unidades limitadas para países como Japão, África do Sul, Alemanha e Estados Unidos. No entanto, a empresa encerrou suas atividades em 1991, quando a abertura das importações promovida pelo governo de Fernando Collor dificultou a sobrevivência das pequenas montadoras no Brasil. Durante seu período de produção, foram fabricados aproximadamente 1.200 veículos Farus, que, atualmente, são raramente vistos nas ruas — até o momento.
A presença do Farus em São Paulo
Embora a produção do Farus tenha sido interrompida há várias décadas, sua presença ainda é percebida, especialmente em São Paulo. Isso se deve ao carismático João Antônio Lara Nunes, de 78 anos, popularmente conhecido como o “Homem do carro amarelo”. Ele é proprietário de um Farus amarelo do ano de 1989 e se tornou famoso por estacionar sua relíquia em locais movimentados da cidade, particularmente na esquina das avenidas Paulista e Consolação, onde atrai olhares e provoca saudosismos.
Restauração e planos futuros
Após um período de ausência em função de uma cirurgia no fêmur, o Farus de João passou por uma restauração meticulosa que durou quatro meses, conforme relatado pelo portal UOL. O próximo passo para o Farus amarelo será a obtenção da placa preta, que é destinada a veículos com mais de 30 anos, sejam eles originais ou modificados, e que possuam um valor histórico reconhecido.