Declínio das Vagas de Emprego no Setor Privado
Durante o mês de setembro, o setor privado dos Estados Unidos registrou sua maior queda em dois anos e meio, o que representa um novo sinal de enfraquecimento do mercado de trabalho. Esse cenário se agrava pela ausência de dados decorrente da paralisação do governo norte-americano.
Dados de Emprego
Conforme relatado pela firma de processamento de folha de pagamento ADP na quarta-feira, as empresas eliminaram 32.000 vagas ajustadas sazonalmente durante setembro, a maior queda desde março de 2023. Economistas consultados pela Dow Jones esperavam um aumento de 45.000 empregos.
Além da queda em setembro, o número de vagas da folha de pagamento de agosto foi revisado para uma perda de 3.000, em vez do aumento inicialmente reportado de 54.000.
Impacto da Paralisação do Governo
O relatório é divulgado em um contexto em que a crise de financiamento em Washington, D.C., resultou na primeira paralisação do governo desde o final de 2018 até início de 2019. Caso não ocorra um acordo nos próximos dois dias, o relatório de emprego não agrícola do Bureau of Labor Statistics (BLS) para setembro não será publicado, assim como os dados sobre os pedidos semanais de auxílio-desemprego pelo Departamento do Trabalho. A última vez que o relatório de emprego do BLS foi adiado foi em 2013.
Expectativas do Federal Reserve
Os oficiais do Federal Reserve consideram as divulgações sobre empresas para tomar decisões sobre as taxas de juros. A próxima reunião do Fed está agendada para os dias 28 e 29 de outubro, o que significa que não haverá outro relatório de empregos antes desse evento.
Nesse sentido, o número divulgado pela ADP ganha maior relevância, uma vez que os mercados esperam amplamente que o banco central reduza em um quarto de ponto percentual sua taxa de juros principal.
Análise por Setores
As perdas de empregos se espalharam por diversos setores durante setembro, embora tenha havido um aumento de 33.000 vagas em serviços de educação e saúde, impulsionado pela reabertura das escolas e pela contínua contratação no setor de saúde.
Entretanto, o segmento de lazer e hospitalidade, um setor fundamental para a demanda dos consumidores, sofreu a perda de 19.000 postos de trabalho, à medida que a temporada de férias se encerrou. Além disso, a categoria de outros serviços apresentou uma queda de 16.000, enquanto os serviços profissionais e empresariais reduziram 13.000 vagas. O setor de comércio, transporte e utilidades teve uma diminuição de 7.000, e a construção perdeu 5.000 empregos.
Em um panorama mais amplo, os provedores de serviços diminuíram em 28.000, enquanto os produtores de bens eliminaram 3.000 empregos. As empresas com menos de 50 funcionários perderam 40.000 vagas, enquanto aquelas com 500 ou mais colaboradores adicionaram 33.000.
Perspectivas Econômicas
"Apesar do forte crescimento econômico que observamos no segundo trimestre, a divulgação deste mês valida ainda mais o que temos notado no mercado de trabalho: os empregadores nos EUA têm sido cautelosos em relação às contratações", afirmou Nela Richardson, economista-chefe da ADP.
A economia dos EUA cresceu 3,8% no segundo trimestre e está em trajetória para um aumento de 3,9% no terceiro trimestre, de acordo com o rastreador de dados do PIB do Federal Reserve de Atlanta.
No entanto, as preocupações em relação à situação do mercado de trabalho aumentaram, mesmo com a taxa de desemprego estando em um nível relativamente baixo de 4,3%.
Susan Collins, presidente do Federal Reserve de Boston, comentou na terça-feira que sua expectativa básica não projeta uma desaceleração significativa no mercado de trabalho, "mas existem riscos". Ela destacou que enxerga um aumento na probabilidade de que a demanda por trabalho possa ficar significativamente abaixo da oferta, levando a um aumento mais expressivo e indesejado na taxa de desemprego.
Previsão para o Relatório de Emprego
A expectativa consensual para setembro era de um ganho de 51.000 vagas no relatório do BLS, que, ao contrário do da ADP, inclui empregos públicos.
Apesar da desaceleração nas contratações, os salários cresceram 4,5% em termos anuais em setembro, permanecendo praticamente inalterados em relação a agosto, segundo a ADP. Contudo, a taxa de aumento caiu para 6,6% para aqueles que mudaram de posição, apresentando uma redução de meio ponto percentual em comparação com agosto.
A ADP informou que recalibrou as contagens passadas com base nas revisões de referência do BLS divulgadas em setembro. Isso resultou na acentuada queda do número de setembro de 43.000. "A narrativa continua a mesma… há uma desaceleração no ímpeto das contratações", comentou Richardson em uma entrevista à CNBC.
Correção
ADP recalibrou as contagens passadas com base nas revisões de referência do BLS divulgadas em setembro, resultando em uma correção para o número de setembro de 43.000. Uma versão anterior do texto apresentava equívocos quanto ao mês.
Fonte: www.cnbc.com
