Gargalos na Cadeia de Suprimentos da Indústria Aeroespacial
Os gargalos na cadeia de suprimentos da indústria aeroespacial devem resultar em custos superiores a US$ 11 bilhões para o setor aéreo global em 2025. Esta estimativa foi divulgada em um estudo realizado pela Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) em parceria com a consultoria Oliver Wyman.
Atrasos na Produção
A pesquisa revela que os desafios enfrentados na cadeia de suprimentos estão causando atrasos significativos na produção de novas aeronaves e peças, o que leva as companhias aéreas a reavaliar seus planos em relação à frota de aviões. Como consequência, muitas empresas se veem obrigadas a manter em operação aeronaves mais antigas por períodos mais longos do que o previsto inicialmente.
O diretor-geral da Iata, Willie Walsh, destacou a atual situação: "Hoje enfrentamos esperas inéditas por aeronaves, motores e peças, além de cronogramas de entrega imprevisíveis. Esses fatores elevaram os custos em pelo menos US$ 11 bilhões neste ano e limitaram a capacidade das companhias de atender à demanda dos consumidores".
Crescimento da Demanda
Em 2024, a demanda por passageiros cresceu 10,4%, superando a expansão da capacidade, que foi de 8,7%. As expectativas são de que essa tendência continue em 2025, intensificando a pressão sobre a oferta de voos disponíveis no mercado.
Para atender a essa demanda crescente, o backlog global de pedidos de aeronaves comerciais atingiu um recorde de mais de 17 mil unidades em 2024. Essa cifra contrasta significativamente com a média de 13 mil pedidos entre 2010 e 2019.
Walsh enfatizou que as soluções para os desafios produtivos não são simples, mas existem medidas que podem proporcionar alívio. Uma delas é a abertura do mercado de reposição, permitindo que as companhias aéreas tenham mais opções e melhor acesso a peças e serviços necessários.
Transparência na Cadeia de Suprimentos
Aumentar a transparência sobre o estado da cadeia de suprimentos também é uma sugestão importante. Isso proporcionaria às companhias aéreas os dados essenciais para planejar em torno dos bloqueios existentes, ao mesmo tempo que ajudaria os fabricantes de equipamentos originais (OEM) a mitigar os gargalos subjacentes na produção.
Custos Adicionais para o Setor
O estudo também detalha o impacto financeiro proveniente das dificuldades na cadeia de suprimentos. Um dos principais efeitos se refere ao uso prolongado de aeronaves mais antigas e menos eficientes. Estima-se que essa situação elevará os gastos com combustível em aproximadamente US$ 4,2 bilhões.
Despesas com Manutenção
O envelhecimento da frota de aeronaves traz também um aumento considerável nas despesas de manutenção, que são estimadas em US$ 3,1 bilhões. Isso se deve ao fato de que aviões mais antigos demandam revisões mais frequentes e complexas, resultando em custos adicionais significativos.
Aumento nos Custos de Leasing
Além disso, o estudo aponta que os custos de leasing de motores devem aumentar em US$ 2,6 bilhões. Esse crescimento é reflexo de períodos mais longos de manutenção, bem como do aumento entre 20% e 30% nas taxas de arrendamento desde 2019.
Estoques de Peças Sobressalentes
Por último, a necessidade de manter estoques maiores para compensar eventuais atrasos e imprevistos na cadeia de suprimentos acarretará um gasto adicional de US$ 1,4 bilhão em peças sobressalentes.
A combinação de todos esses fatores sugere um cenário desafiador para as companhias aéreas, que se esforçam para equilibrar a oferta e a demanda em um ambiente marcado por incertezas operacionais e financeiras.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br